30 abril 2006




COISAS DA CULTURA




Aqui nos Estados Unidos acho engracadissimo o jeito que o americano se posiciona na palavra "I Love You".
As brigas horriveis por telefone com o marido (ou a mulher), terminam sempre com um "I Love You!" as vezes de um modo enfurecido, outras vezes de um modo irritado.
Todos os casais que se falam por telefone terminam com um "I Love You" como se fosse uma propaganda de televisao, ou uma marca de sabonete.
Quando eles falam, parecem nao "sentir" o que estao falando, mas e apenas uma terminacao chavao para todas as conversacoes.
No caso das criancas pequenas, por exemplo, elas aprendem a falar "Thank You", muito antes de aprenderem a falar o seu nome.
De um certo modo, acho isso bonito, de outro acho tremendamente robotizado.
E so a gente dar algo para uma crianca e a mae diz: "Como e que se fala, filho?" E ele diz: "Thank you!".
Nao sei, mas muitas vezes prefiro a espontaneidade da crianca brasileira, que é ensinada a falar "obrigada", mas nao de um modo assim tao robotizado.
Nem os casais sao obrigados a falar "I Love You" se estao no auge de uma briga.
Ha frases aqui que sao ditas em "serie", como Fabrica, como producao.
Por exemplo: Toda vez que chegamos com mercadorias no caixa do Supermercado, a Caixa pergunta: "Como vai voce hoje"?
Ela quase nao escuta a sua resposta, mas e obrigada a dizer isso, como parte de sua profissao.
Outro dia uma velha senhora na minha frente, colocou as compras e a caixa disse: "Como vai a sra. hoje?" Ela respondeu: "Ah nao estou bem nao". A Caixa respondeu: "Que bom!".
A velha disse: "Que bom o que, que eu nao estou bem?" Entao a moca se deu conta que havia repetido uma resposta "padrao"... e pediu desculpas...
Nao digo que isso nao aconteca nos outros paises, mas o americano e tremendamente robotizado para certos atos. E como se ele tivesse sido educado desse jeito, e fosse algo tao arraigado em sua personalidade que seria quase impossivel livrar-se dela.
Vejam outro exemplo: Cartoes. Nos Supermercados vendem-se cartoes para todas as situacoes que voces possam imaginar.
Seu amigo esta triste? Tem cartao. O cachorro adoeceu? Tem cartao. O vizinho bateu no seu carro? Tem cartao. Perdeu o emprego? Tem cartao.
Tem cartao para toda especie de problema...cartoes com termos religiosos, engracados, tristes, melancolicos, de toda cor, tipo e tamanho. Cartoes para quem fica doente, esta no hospital, em casa se convalescendo. Cartao para encorajar em uma situacao, cartao para reafirmar amizade, cartao para fazer as pazes...
Vamos dizer que voce esta no servico, sai para comprar seu almoco e resolve comprar um chocolate para sua companheira de servico.
Ai voce diz: "Olha, comprei um chocolate para voce".
No dia seguinte, chega no servico, e tem um cartao de "THANK YOU" em cima da sua mesa, dizendo: "Voce me fez muito feliz com o chocolate que me deu ontem".
Gente, voces perceberam uma falha ai? A comunicacao! O americano aprendeu a ser formal até com ele mesmo.
Nao tem a espontaneidade do brasileiro, que voce da um chocolate e ele diz: "Nossaaaaaa que deliciaaaaaaaa obrigada por lembrar de mim!".. ou ainda diz: "Grande amigo, heim, nao ve que estou precisando perder peso?" (brincando).
O americano e sério demais!
Vou contar uma coisa que voces vao achar que e piada. Tenho uma amiga que trabalha comigo, que foi pega por um policial a noitinha por estar com as luzes do carro apagadas (aqui e motivo para multa). So que ela nao parou no momento que ele acendeu as luzes atras dela, e resolveu parar um pouco para frente. O policial ficou enfurecido (eles adoram ter poder!), e tirou ela do carro, colocou no carro dele, fez um "aue" por causa disso.
E eu perguntei a ela: "Voce nao chorou?" Ela disse: "Nem chorar pude ,pois estava sem meus lencinhos de papel!".
Voces acham QUE EU NAO IRIA CHORAR porque NAO TINHA KLENEX?????????? O americano e assim, todo programado. Até para chorar.
Eles foram ensinados a esconder os sentimentos. Nao estou generalizando. Ha aqueles diferentes. Mas a maioria que conheco e assim.
Uma coisa que estranhei quando cheguei nesse Pais, mas depois acostumei, sao as "festas com horarios".
Voce recebe um convite assim: "Voce esta convidado a participar de um jantar na casa do fulano de tal, das 7:00 as 10:00".
O primeiro que recebemos foi de uma festa de Thanksgiving (Acao de Gracas), e lembro que meu marido ficou o tempo todo controlando o relogio para sairmos na hora certa.
Acho que isso significa tambem colocar limites na privacidade de cada um. Lembrei daquelas festas do Brasil, quando mesmo pessoas que amamos, nunca saem...e apelamos ate para a vassoura atras da porta (risos)!
Acostumei-me com muitas coisas da cultura, e as aderi. Mas uma coisa que nao me acostumo, e a falta da espontaneidade nos abracos, (alguns abracam tao de longe, que parecem com medo de pegar doenca contagiosa) dos carinhos, dos sorrisos. Dos gestos naturais.
Do conversar espontaneamente, como fazemos no Brasil.
E para terminar, lembro de um fato engracado. A minha ex-chefe Renee, um dia me levou para a cidade de Brown County pertinho daqui, onde tem muito artesanato e a familia dela se encontra todo ano para uma reuniao. Ela nao via a mae ha uns 5 meses.
Chegamos no chale que eles tinham alugado, e fomos nos dirigindo para uma area la no fundo. O pai estava com um radinho no ouvido, e a mae lendo um livro.
Ela disse: "Oi mae!". "Oi pai!". E me apresentou. Eles sorriram, disseram : "Muito prazer", sentamos e ela continuou lendo, e o pai ouvindo radio... E nao sao velhos nao!
Ficamos sentadas um tempo e depois levantamos para ir a cidade.
Aquilo lembro que me marcou profundamente. Fiquei pensando na minha mae, toda vez que eu visita-la, mesmo morando na mesma cidade, ela sempre me recebia com carinho e com tantos beijos...



®Mary Fioratti

26 abril 2006




A INTEMPORALIDADE DAS TARDES NA TEMPORAL REFLEXAO



®Daufen Bach


a tarde deste domingo, quente e úmida, é igual a muitas
outras tardes vividas neste sol, banhadas neste
mormaço neste mesmo solo, tardes de outros
séculos, de outras vidas.

é compreensível diante da fragilidade de minha existência,
ou da fragilidade da existência de tantos outros que
passam ou passaram por estas tardes, a não indagação
do existir, o não saber se neste solo floriram outros
canteiros, se outra tarde em um ano qualquer, no ano I a.C
ou no ano I d.C, numa tarde do ano mil e alguma coisa,
possuíam a irrequieta solidão inconformada ou se
também foram pasmas de ações não concluídas.

será que nestas tardes antigas, de outros tempos, a poesia,
esse jeito subversivo de falar coisas que dão trabalho,
coisas que tiram o sono...essa parte da alma, evidente
como sorriso de criança que tem pão sobre a mesa,
que entre o claro e o oculto, entre a fartura e a fome
tem apenas o riso de quem aceita a parte que lavra e
busca a melhor parte do todo...será que estas tardes
tinham um outro segredo?

e sempre e todo o sempre teve essa banal responsabilidade?
essa tarde ordinária que rouba coisas que caem pelo chão
do assoalho...? esse medo de perder e, sempre prostrado,
com os dedos nas frestas a buscar algo impossível sobre
os mares, ao ares, os continentes da minha revolta...?
esse gosto de camomila na boca a incitar o asco das dores
do mundo, fazendo-me hipocondríaco, um perdido no tempo
a macerar ervas na busca de tinturas e antídotos?

todos os entes imaginários que povoaram por milênios esta tarde
incrustada na minha mente de um dia apenas, sabem e dizem
da inconstância e da incoerência de querer ser apenas eu o
gestor de todas as minhas vontades e sentimentos que, por certo,
não envelhecerão na minha velhice e não morrerão junto comigo
na minha velhice, flutuarão e habitarão outros corpos de
necessidades iguais as minhas e irão ver todas as tardes
que eu nunca vi, buscando sempre respostas ou inventando
novas interrogações regadas a absinto.

o vento a soprar estas folhas que varrem os meus pés... a debruçar
palmeiras e amontoar confissões que fiz ao longo trajeto de
minha imaginação, não podem sem mais nem menos parar de
soprar e, esquecido deixar uma fotografia do espaço que eu
quis viver ou, que podia ter vivido. O azul que expande e rompe
o céu de todas essas divagações, é alimentado de brisas e de
reflexos em espelhos catalisadores de emoções não refletidas.


* * * * * * * *

Daufen: Coloquei essa poesia no meu Blog porque achei uma das poesias mais lindas que voce ja fez!
Voce é um poeta de primeira grandeza! Essa poesia é uma reflexao na vida de todos nos. Um relato da alma.
Um beijo,
MARY

23 abril 2006




ACALANTO




Acalanto
Quero hoje pegar você no colo
Enrolar sua dor dentro de mim
Curar suas feridas
Beijar a sua vida
Soprar em sua face
A brisa do amor

Acariciar sua cabeça
Cantando uma canção de ninar
Deixar o tempo passar
E ficar guardando sua alma
Não deixando nenhuma dor
Se aproximar

Seus olhos fechados sonhadores
Minhas mãos acariciando
Todas suas dores
E como por encanto
Transformando-as em felicidade

Quero hoje no meio desta saudade
Arrancar uma flor no canteiro
Do meu coração
A mais Linda flor…a flor do amor
E colocar na lapela
De sua alma

E olhando dentro dos seus olhos
Enquanto baixinho seu nome eu chamo
Acariciar seu peito, beijar seu queixo
E dizer boca a boca que te amo!


®Mary Fioratti
,




DESENGANO




Mexi
bem no fundo
de meu passado...
Sua voz então
ecoou no silêncio
de meu pensamento
Agarrei-me
na fantasia
da sua lembrança
tentando sair
dos dias iguais
da minha realidade
Não arrumei
os pensamentos
desencontrados
Nao perguntei
o que gostaria
de ter perguntado
Emudecemos
diante da surpresa
do inesperado
E nosso silêncio
enterrou definitivamente
nosso passado


®Mary Fioratti




SUA (MINHA) FLOR




Hoje pela manhã eu recebi com os olhos
Sua linda flor amarela
E minha alma a colheu colocando-a no vaso
Do meu coração
Ela sera alimentada pela seiva do seu amor
Aquele amor que você derramou
com o frasco
Da sua existência
Hoje pela manhã sua linda flor amarela
Com suas palavras de amor
Pintaram um sol maravilhoso
No por do sol
daquela montanha encantada
Que você desenhou com o brilho de seus olhos
E a sua flor amarela
(agora tão minha)
Ficou na roseira da minha alma, como a mais bela!

Retribuo essa Linda rosa com o meu sentimento
E com um pedaço da minha'lma
O mais lindo dele
Embrulhado em papel de seda com laços de beijos

Quando suas mãos ternas
abrirem esse presente
Que voou pelo espaço numa ternura desmedida
Transforme-o em uma cesta de flores cheia de amor
Para enfeitar o céu da sua vida

®Mary Fioratti

21 abril 2006




E C O




Hoje não havia você
a saudar o meu dia
levantei-me com aquela sensação
de estar partida ao meio
metade de mim
via o sol entrar pela janela
desprendia-se meu pensamento
aflito ao seu encontro
Hoje não havia você
para rir do meu riso
acariciar meus sonhos
entender meus silêncios
partilhar da minha emoção
Não ouvi sussurros em meus ouvidos
despertando meu corpo
não contei para você meu dia
não pude ouvir o seu
Fiquei andando pela manhã
perdida em conjecturas
embalando-me com as lembranças
de sua voz
Hoje não houve você
e na minha paisagem
gritou minha saudade
e ouvi o eco da minha agonia
enxuguei minhas lagrimas
e as materializei neste papel branco
em forma de poesia

®Mary Fioratti




PÁSSARO




Eu queria ser um pássaro
Livre e sem ninho
Voando pelos espaços da vida
Cantando sua música
Sem laços, sem sofrimento
Queria não ter à noite
Os mesmos sonhos que me angustiam
Queria não me prender
A seres humanos
Queria ...ah como queria!

Não cobrar atitudes nem sentimentos
Viver apenas do presente
O momento
Abrir uma garrafa
De um licor chamado realidade
E me embebedar
Até cair inconsciente
Numa calçada qualquer da cidade

Eu queria ser um pássaro
Saindo em bandos
Sem ligações de sentimentos
Compartilhando momentos
Mas a qualquer hora
Sem olhar para trás
Alçar um vôo alto
Respirando liberdade

Um pássaro livre
Sem passado, sem futuro,
Sem presente
Sem saudade

®Mary Fioratti

20 abril 2006




RASCUNHOS




Amontoado de letras
que tropeçam no significado real
tantas vezes erroneamente interpretadas
Para as palavras escritas
eu diria: rascunhos da alma
para passa-los a limpo
somente eles seriam validos
na linguagem do suspirar
no toque da pele
na expressão do rosto
no fundo do olhar

®Mary Fioratti
,
,

19 abril 2006




PENSAMENTOS IMPUBLICÁVEIS




Há um corredor imaginário
onde coloco meus sonhos
cheio de insinuações
e como um labirinto
ele guarda em cada canto
de sua parede solitária
um pensamento... um desejo
um sorriso escondido
um momento de amor imaginado
Não ha limites de espaço
ele abriga milhares de sentimentos
abertos, realistas, crus, apaixonados
que vem me trazer arrepios na pele
e não amedrontam-se em serem mostrados
escancaram-se no toque das mãos
e no olhar que penetra como raio laser
desnuda a pele ateando fogo
a alma sussurra segredos inconfessáveis
esse meu corredor imaginário abriga
pensamentos impublicáveis


®Mary Fioratti




APOLOGIA AO IMPOSSÍVEL




Seria tão fácil nesse momento
simplesmente fingir que não ouvi
o que você disse...
Palavras ao vento, apenas palavras...
No entanto não posso ignorar
tudo que vem de dentro de você
Seria tão fácil nesse momento
apagar frases da memoria
e fingir que não escutei
e seguir como se nada tivesse acontecido
como se apenas fosse
uma briga a mais....
Seria tão fácil nesse momento
olhar para o horizonte, fitar o azul do céu
como se o estivesse vendo
pela primeira vez
(mesmo não estando)
Seria tão fácil nesse momento
sorrir como sempre
deixando aquela deliciosa frescura
de nossas longas conversas
refrescar minha alma
ouvir o seu riso, o meu riso,
depois aquela parada
e nossa risada juntos
que comunga uma alegria incomum
de termos um ao outro
O difícil nesse momento
diria, muito difícil
mas muito difícil mesmo
seria apagar seus olhos dos meus dias
desligar a musica da sua voz
queimar as letras de suas cartas
não lembrar que você existe
Não...isso não seria muito difícil
seria realmente impossível
Eu digo, IMPOSSÍVEL.....


®Mary Fioratti




COLCHÃO DE AMOR




Embora doa a sua ausência
meio masoquista
fico a gostar desse nosso dia de solidão
Sei que nossas almas
estão juntas, comungadas
e que nossos pensamentos se cruzam
na emoção do sentir
Sei que sorrimos silenciosos
sabendo que o próximo encontro
sera esplendoroso
e sei que a lua descera do céu
para as minhas mãos
olharemos nos olhos, tocaremos a pele
deitaremos nas águas das nossas lagrimas
fazendo delas
nosso colchão de amor

®Mary Fioratti

16 abril 2006




BUSCA




Eu te procuro
Sei que não estás…
Sei que é inútil..
Nada mais existe
Além dessa distância

Mas te procuro
Porque minha meninice
Ficou na tua alma
Te procuro
Porque te amo

Eu te procuro
Porque meus olhos
Ficaram estáticos
Dentro dos teus
E minha fantasia
Se escondeu
Atrás da tua realidade…

Hoje eu te procuro
Porque eu me preciso
Não consigo mais
Atravessar madrugadas
Fitando estrelas…

Hoje eu te procuro
Porque
Eu cansei de não me encontrar….

Hoje…
Eu vim procurar a minha paz
Que ficou contigo
Eu vim procurar
A minha vida inútil
E sem significado
Eu preciso tanto me encontrar!

Mary Fioratti




QUANDO O CORAÇÃO FALA




Quando o coração fala
ele faz tremer o corpo
e suspirar a alma
É um ruído silencioso
que excita
e...que acalma
Quando o coração fala
tudo é declarado
naquele nada que paira no ar
e que nos faz sentir
o que o outro esta sentindo
Tudo é dito
no som da voz
no olhar imaginado
no beijo sonhado
que emana da mágica
daquele momento
e abre-se como uma flor
o canal do sentimento
Quando o coração fala
a voz se emociona
gagueja...tropeça...
lágrimas se misturam
solidao e amor se costuram
num ruído silencioso
que acalma nossos medos
parece até uma criança
brincando com nossa alma
e que de um jeito inocente
desfolha nossos segredos..

®Mary Fioratti




SEU ABRIGO




Abrigo você ainda
em meu coração
sua cabeça sempre deitada
em meu colchão de ternuras
A mesma canção de ninar
ecoa da minha alma
fazendo você dormir... e sonhar!
Sonha menino! Sonha!
Sua jornada é feita de carinho
Apanha as flores na sua caminhada
Cuide-se para não se ferir
com os espinhos
Quando seus joelhos fraquejarem
e se dobrarem na estrada longa
Quando a dor for imensa
E sua estrada estiver sem flores
Continua andando, não desista
Acolherei sua cabeça no meu peito
Curarei todas suas dores
Embalarei sua vida
Protegendo-o de qualquer castigo
E no meio do seu desgosto
Encosta o seu rosto no meu rosto
e encontra nos meus olhos o seu abrigo

Mary Fioratti

12 abril 2006




MEUS PEDAÇOS




Tenho tantos pedaços…tantos!
Sou dividida em almas
E calmas
Sou dona das minhas paixões …paixoes confusas
Que em alguns momentos mostram-se
Tão difusas
Numa parte de mim que se perdeu

Sou feita de tantos retalhos
Sofridos, encantados, pobres espantalhos
Desta verdadeira essência
Que sou eu

Sou feita de tantos pedaços
Que compõem essa minha alma vaga e andante
Às vezes quero ser somente a amiga, a companheira
Outras horas… a fogosa e despudorada amante…

Divido-me toda não conseguindo juntar meus pedaços
Quero-me inteira! Quero de tudo um pouco sentir
Um lado meu quer todos os seus abraços
O outro lado...procura a porta para partir

Mary Fioratti




HOJE EU QUIS CHORAR"




Hoje eu quis chorar
E não havia pranto
Foi um momento
Que não conseguiu acontecer
(existe pior sentimento?)

Se hoje eu chorasse
Ouviria tantas perguntas
Que eu não queria responder

Hoje eu quis chorar
E aquela lágrima embutida
Desceu pela garganta
Calando minha voz

Saudades imensas e profundas
De "nós"...

Mary Fioratti

09 abril 2006




DUETO "AQUELE OLHAR"




®Mary Fioratti

Aquele seu olhar
que penetrou fundo
em minh´alma
que descobriu segredos
silenciosos....
que ultrajou meus pensamentos
mais secretos...
Aquele seu olhar
que eroticamente
acendeu meu desejo
e que sensualmente
aqueceu cada pedaço do meu corpo
Aquele seu olhar..
que veio e tirou por completo
minha paz....
Aquele olhar
Aquele dia
Eu nao esqueco
Nunca mais...

Mary Fioratti


AQUELE OLHAR

®Daufen Bach

aquele teu olhar mulher,
olhar de sombra de céu,
olhar de luz sobre a terra,
iluminou meus caminhos,
e, descobri horizontes
nesse meu mundo tão instável
de equilíbrio.

aquele teu olhar mulher,
olhar de perdição,
baixou meus olhos
e roubou minha quietação,
fiquei a construir castelos
a procurar elos
entre a felicidade e a ilusão.

aquele teu olhar mulher,
que desconhecia o meu eu silencioso
em outras manhãs, em outros dias,
mirou outros rumos, outras alegrias...
taciturno, vi meu horizonte majestoso
quedar em luz feita as pálpebras do dia
que encerram tardes de novembros chuvosos.

aquele teu olhar mulher,
redimiu meus pecados
e alimentou fantasias...
aquele teu olhar mulher
que nunca me foi dado
sobreviveu apenas em poesia.
aquele teu olhar mulher...

* * * *

,

07 abril 2006




COMO QUERO LHE BEIJAR




Eu quero esse beijo assim
lento de surpresas
suspirado na expectativa
tremulo no desejo
Um beijo sonhado
sentido e projetado
em nossas mentes
quero o mundo girando
em nossas cabeças
quero imaginar
o gosto de sua boca
enquanto nossos lábios
estiverem entreabertos
e sentirmos a nossa respiração
entrecortada pelo desejo
quero olhar dentro de seus olhos
perder-me em sua paisagem
enquanto respiro
seu cheiro
Eu quero esse beijo assim
minhas mãos entrando
por debaixo de sua camisa
acariciando suas costas
dando-lhe arrepios
provocar a sua boca
com arremedos falsos
depois fechando os olhos
e me entregando
deixando sua boca
entrar dentro da minha
sentir seu gosto
respirar seu ar
suspirar...
olhar pelos seus olhos
vestir-me de sua pele
e fazer-me a mercê
do seu sonhar...

®Mary Fioratti




QUANDO A SAUDADE VEM




Quando a saudade vem
Chega bem de mansinho
E em ritmo crescente
aperta devagarinho...
Vai sufocando aos poucos
Dor no peito
Que não é dor
Uma vontade de tocar
De abraçar, de sentir
Doente terminal
Sem morte
Um estado que só se agrava
Inquieta e tira a calma
Quando nosso coracao
agoniza lentamente
Deitado no leito da alma

®Mary Fioratti

06 abril 2006




NUNCA MAIS




Atropelaram-se nos gestos
Olhares magnetizados
Bocas entreabertas
diante da surpresa
Coracoes saltando no peito
Veia a pulsar na garganta
Corpos dormentes
Palavras surgidas no cerebro
Totalmente incompreendidas
Quando verbalizadas
Um abraco esmagado
E as maos se tocaram
solicitas....
Fundindo-se as digitais
Seguiu-se um beijo demorado
Um olhar doce e desesperado
E depois...um nunca mais


®Mary Fioratti




LEGADO DE AMOR




Tantas coisas suas
Restaram nos meus pedaços
Suas cartas de amor
Os seus abraços
E aquela parte de sua alma
Que como uma peça
De um quebra-cabeças
Encaixou-se na minha
Tantas coisas suas
Ficaram eternizadas
Dentro da meu bau
De recordações
A sua voz inesquecível
(Fecho os olhos e a escuto)
As suas músicas prediletas
Aquele verso mudo
Onde você descreveu tudo
Sem dizer uma só palavra
Ficou o cheiro de sua alma
Nas minhas roupas
A essência de sua ternura
Perdida nas minhas poesias
Tantas coisas suas
Que hoje são minhas
Seus pensamentos
Suas palavras, seu sorriso
Que plantados como sementes vivas
Tornaram a minha alma florida
Como um legado de amor
Deixado como um bordado
Em uma herança de vida



®Mary Fioratti

04 abril 2006




MOMENTO DE AMOR II




Fico a esperar pelo momento
Em que estamos sós
E que você me olha
Como se me desnudasse….
Aquele olhar
Me causa arrepios
Mexe com meu corpo
Abre a cortina
De todas minhas fantasias
Quando vejo seu rosto
Tão perto do meu
Sua boca entreaberta
Seus olhos fechados de paixão
Entro em transe
Meu corpo torna-se
Célula viva de amor
Mas sem pressa….
Fecho meus olhos
Para sentir o momento
Que precede o amor
Sua respiração
Seu hálito quente
Suas mãos que sabem
Definitivamente
Por onde vão
E deixo que você guie
A minha mão pelo seu corpo
Mapa exato do seu prazer
E quando você me beija
Brincando com meus lábios
Daquele jeito tão gostoso
A paixão vai crescendo
Tomando conta de meus sentidos
Invadindo todos os meus cantos
Perco a noção de onde estou
E o deixo invadir-me
por todos os meus espaços
Beijo sua boca repetidamente
E entro naquele espiral estonteante
Dos seus braços...


®Mary Fioratti




MANHA DO RENASCER




Senti o cheiro do café fresco nesta manhã
E foi como algo dentro de mim renascesse
Levantei meu corpo morno da cama
Espreguicei-me gostosamente
E meus passos estavam certos e seguros
Abri a janela, fitei o lago verde
Tantos patinhos diferentes nadavam nas águas
Daquele lago que há muito eu olhava mas não via
A grama estava de um verde vivo
E os raios do sol pousavam nas árvores
Dando aquele brilho de um “quase” fim de verão
Escutei lá fora os pássaros cantando
Meu olhar deteve-se em um esquilinho
Subindo na árvore em frente da minha janela
Ao longe a sirene de uma ambulância
Trouxe-me aquele arrepio de ansiedade
Um cheiro de vida no ar
Que há muito eu não sentia
Desci as escadas lentamente observando
Os meus vasos de flores
Tocando-as com minhas mãos
Percebendo seus brotos vivos
Um raio de sol cortava o vidro
Pousando no tapete da sala
Tornando as cores com tons dourados
Cores de realidade
Meu canário azul dentro da gaiola
Trinou olhando-se no espelho
E parei por uns instantes a observá-lo
Rindo sozinha da ilusão que ele tem
De brincar com sua própria figura no espelho
Essa simples alusão me fez lembrar
Das minhas próprias ilusões
Por um instante percebi minha felicidade
Uma esperança há muito tempo não sentida
Hoje despertei de um sonho
Sem traumas, sem sofrimento, e sem saudade
Ah! Se eu tivesse antes percebido
(por que fui tão cega?)
Não teria feito das minhas lágrimas
Este colar de pérolas que enfeitou minha alma
Por tanto tempo!
Hoje abandonei minhas falsas fantasias
E mergulhei feliz na doce mesmice
Dos meus dias

®Mary Fioratti

02 abril 2006




MULHER FATAL




Hoje amanheci assim
queria colocar um batom vermelho
rimel, blush, brinco dourado
sapato de salto fininho
um vestido colado
usar aquele perfume estonteante
amaciar meu corpo
com aquele creme importado
E quando o beijar
Quero espalhar meu batom
em sua boca...com extase!
arranque meus brincos dourados
e deixe que eu tire meus sapatos
ao som da sua musica preferida
depois, tira meu vestido
e veste-me com suas maos
Hoje amanheci assim
meio mulher fatal
querendo emocao




®Mary Fioratti

01 abril 2006




UM POUCO DE MIM




O QUE GOSTO
- Acordar e tomar o meu cafe super quente sem pressa, saboreando com gosto.
- Dirigir meu carro sem rumo definido, entrando por lugares desconhecidos.
- Ter a inspiracao para fazer uma poesia e guardar o pensamento num papel na hora certa.
- Olhar para o rosto de minha filha dormindo.
- Passar creme no corpo. Cheirar meu perfume que uso ha 20 anos (se um dia nao fabricarem mais, vou ter problemas psicologicos - risos).
- Sensacao deliciosa de sair do chuveiro com o cabelo molhado.
- Secar meu cabelo, e dar a ele formas com minhas maos. Sinto-me meio artista.
- Andar descalca em casa. Pisar no chao frio da cozinha e dar aquele arrepio no corpo lembrando-me que estou viva.
- Sair para andar, e pensar.
- Comer uma barra de chocolate escondido e nao repartir com ninguem.
- Assistir um filme bom, e ficar com aquela sensacao de ter valido a pena.
- Escutar uma musica e deixar o espirito viajar.
- Sentir sede, e beber um copo de agua geladinho.
- Sentar na Rodoviaria (ou Aeroporto) e ficar observando pessoas e imaginando o que vai na cabeca delas.
- Receber um abraco inesperado.
- Sol durante o verao, morar na agua da piscina.
- Cantar de manha e ouvir meu canarinho cantando comigo.
- Sentir frio. Sempre estou desagasalhada, adoro a sensacao de sentir frio.

O QUE NAO GOSTO

- Cafe frio, comida fria (cafe tem que ser pelando).
- Ter que sair correndo atrasada, para algum lugar. (e estou sempre tendo essa sensacao)
- Sentir que alguem esta querendo me controlar (isso eh problema serio, trauma mesmo de infancia).
- Comecar a assistir um filme, ver que nao estou gostando e ter que aguenta-lo ate o fim.
- Cobrancas. Detesto cobrancas. Acredito que me cobro o suficiente o tempo todo.
- Banho frio. (Para mim, mesmo no calor, o banho tem que ser escaldante).
- Quando vejo que a pasta de dente esta no finzinho e tenho que ficar espremendo o tubo.
- Sabonete no finzinho...
- Em situacoes quando estou numa festa aqui nos EUA, e comeco a falar com alguem e nao me sinto eu mesma (como se estivesse falando um monte de boagens, pois nao eh o que penso, mas o que deve ser dito).
- Quando penso que morando tantos anos aqui, fiquei dividida ao meio, e nunca mais serei "eu" mesma (sinto as vezes que perdi algo de mim).
- Pensar no futuro de uma forma obssessiva, e tentar adivinha-lo.
- Sofrer demasiadamente com problemas e aumenta-los. (detesto isso em mim, coisas de Geminiana).
- Sensacao de descontrole. Minha falta de paciencia.
- Doencas. Sempre as aumento, se pensar, ja estive condenada a morte umas 200 vezes.
- Apito de trem (me angustia).
- Barulho da ambulancia e carro de policia.

O QUE APRENDI

- Muitas vezes o silencio é a melhor resposta para alguem, e em certas situacoes, a melhor resposta para nos mesmos.
- O poder de observar muitas vezes nos ensina mais do que ouvir.
- O que muitas vezes condenamos nas pessoas nada mais é do que alguns dos nossos reflexos.
- Em vez de tentar provar uma opiniao, guarde-a dentro de voce. Ha uma diferenca
crucial entre a discutir e o argumentar. No argumento sempre queremos impor nossa opiniao(esse eu ainda estou aprendendo).
- Em qualquer momento do dia desligar-se por alguns minutos, e mergulhar o pensamento em algo que gosta, telefonar para alguem, escrever algo que sente vontade,
andar, comer algo que lhe da prazer.
- Criar um horario certo para agradecer. Parece meio robotizado, mas nao é nao. Com isso criamos o habito de agradecer.
- Nunca achar que uma situacao nao tem solucao, por pior que ela seja, por mais negra que se apresente. Se um dia tudo parece negro e sem solucao, no outro dia abre-se sempre uma possibilidade.
- Nao mentir. A mentira nos escraviza. Quando dizemos a verdade, vivemos com a mente tranquila.

Agora, deixe registrado no meu Blog uma coisa que voce gosta ou uma que voce nao gosta ou uma que aprendeu. Ou mesmo uma de cada.

®Mary Fioratti

-