UM AMOR PARA SEMPRE
(29 anos de Casados - 21/12/1979)
Há 29 anos atrás estávamos nos 10 horas da manha, no Cartório da Av. Nelson D’Avila em Sao Jose dos Campos, assinando nossos nomes no livro da vida...
Eu havia feito um vestidinho tipo bolerinho... e na ultima hora mudei de roupa (mas não de ideia).
Risos. Ainda bem!
CENAS DE UM CASAMENTO
Um juramento que perdura ate hoje (saudade de ver o rosto de minha mae atras de mim)
Eu, assinando meu nome, com seu sobrenome...
Cerimonia terminada, nos dois felizes.
Nossa lua-de-mel no Rio. Paramos para tirar uma foto para aquele tipo de binoculozinho que existia, lembram? Aqueles caras que tiram na praia...
Foram cinco anos de namoro. Cinco anos! Então na verdade, estamos juntos há 34 anos. Não é uma vida?
Aqui vai a historinha...
Estava eu cursando na época (1974) o Curso Secretariado no Sinésio Martins.
E um dia entrou você para dar aulas de Inglês para a turma. Cabelo nos ombros, calca justinha boca de sino (risos), uma personalidade diferente.
Muitas meninas “caíram” por você... e eu ficava a olha-lo pensando...você era diferente... mas aquele tempo eu estava namorando outro.
Sua personalidade era marcante. Muito determinado, ótimo professor, mas um pouco duro com a gente.. Um dia, cheguei atrasada, a porta da classe fechada, bati levemente e você abriu. Me perguntou: “Trouxe o livro?” Eu disse: “Não”. Você respondeu: “Quem não tem livro, não entra” e fechou a porta na minha cara!
(Será que foi aquele dia que me apaixonei? Risos).
Em Julho de 1974 eu já havia terminado com meu namorado (não por sua causa – eu ainda estava ferida – alias, ele terminou, não eu)...
E o tempo foi passando e fui prestando mais atenção em você... Tinha um físico bonito, um sorriso lindo (quando sorria, pois na maior parte do tempo era sério e chato! Risos). Jogava o cabelo para trás igual o Ronnie Von!
Começamos então uma “paquera” (palavra antiga, heim?) meio dissimulada... E eu comecei a escrever em papeizinhos cor-de-rosa pensamentos bonitos, e entregar para você todo fim de aula. Você parecia que nem ligava...dava uma de desentendido...
Um dia eu não escrevi nada, e você no fim da aula disse: “Hoje não tem pensamento?”
Ai pensei: “Ahhhh ele gosta!”. Risos...
Começou então um vai e vem de olhares. Eu era ótima em Inglês (só tirava 10!) e você sempre pedia que eu escrevesse na lousa os exercícios, pois achava minha letra bonita.
Fim de ano. Formatura. Você me pediu se eu poderia ajuda-lo a passar notas na Caderneta. Ficávamos numa classe sozinhos, (podia-se ouvir ate a respiração um do outro), uma falta de assunto...mas muitos olhares. Um dia voce me contou que havia comprado um fusquinha novo (na época era tudo de bom...risos). Era um fusquinha amarelinho...
Acabaram-se as notas...
Um dia cruzando com você no corredor, você me disse: “Você vai no jantar da Formatura?” E eu: “Não”. Você disse: “Vai sim, dá o seu nome na Secretaria”. Eu disse: “Vou ver”... (quanto fingimento!).
Mal você entrou na sala dos professores, eu fui correndo na Secretaria dar meu nome.
Então houve a entrega dos diplomas. Eles eram entregues por dois professores: ele e a D. Elsie, uma professora de Estenografia. D. Elsie já havia percebido o “clima” entre nos... Então, quando ela chamou meu nome, era para ela entregar meu diploma, mas passou para você... e você me entregou no meio de muitas palmas..
Naquele momento tive a certeza que algo rolaria entre nos...
Naquela noite muitas queriam sentar ao seu lado, e você sentou ao meu lado.. sortuda eu, heim?
Que olhada heim? E eu olhando pra cima, como se estivesse nem percebendo...
Depois você me levou para casa no seu fusquinha novo, e quando parou em frente, você disse: “Me da seu telefone, qualquer dia eu te ligo para a gente sair”. Eu disse assim:”Olha, quando você quiser me ligar, eu trabalho na Sociedade Construtora Aeronáutica Neiva, liga lá.. o numero tem na lista”.
(Na verdade achei que você estava dando uma de “bonzão” e não iria ligar nada... então para que perder tempo dando meu numero de telefone?).
Quando fui trabalhar aquela semana falei para a Arlete (recepcionista): “Olha, se um cara chamado Roque me ligar, me ache onde eu estiver!”.
Mas voce não ligou naquela semana. Um dia fui para S.Paulo, e naquele dia voce ligou... e a Arlete entregou o ouro para o bandido! Disse no telefone: “Nossa, você é o Roque? Ela esta esperando muito essa ligação!”.
No outro dia liguei.. era Carnaval. Nosso primeiro encontro foi no Kitungo...um barzinho que tinha perto da Faculdade. Na verdade sentada na mesa ali com você, eu mal acreditava que estava tendo um encontro com meu professor de Inglês!
Conversamos muito. Numa certa hora fiquei a brincar com seus óculos que estavam em cima da mesa, então você tirou os óculos da minha mão, e as segurou. Nossa! Uma corrente eléctrica correu pelo meu corpo. Aquelas mãos macias, gostosas, firmes, masculinas, lindas! (sempre achei linda suas mãos!).
E então houve nosso primeiro beijo, delicioso, alias, é a sua marca você beija deliciosamente até hoje!
Foram cinco longos anos de namoro.
Hoje... 29 anos de casados...
O que posso dizer de todos esses anos?
Tivemos nossos momentos como todos os casais do mundo... de suas duvidas, de desencontros...
Mas tivemos (e ainda temos) tantos momentos maravilhosos de ternura absoluta!
A receita do nosso casamento é a liberdade. A liberdade que tenho de ser eu mesma, sem mentiras.
Eh o meu espaço, é o respeito que você tem pela minha individualidade (e eu pela sua).
Gostamos de muitas coisas diferentes, e muitas coisas iguais. Nas diferentes, estamos separados... nas iguais, curtimos juntos como duas crianças!
Ontem mesmo tivemos um acesso de riso a noite tomando nosso chazinho...antes de dormir...
Foi algo que “somente nos dois entendemos”, essas coisas de casal, quando um le o pensamento do outro...
O tonico desses anos: o humor! Temos muito bom humor para tudo, e estamos sempre rindo de coisinhas diárias, quando poderíamos fazer delas um grande problema!
Seu genio sempre bom, sempre calmo, eh também o tonico para nossa felicidade!
Eu, sempre a mil por hora, saio atropelando pessoas e sentimentos. Você, calmo, equilibrado, tranquilo, segura a minha base...
Nunca me esqueço o quanto você sempre me incentivou em tudo na minha vida! Suas palavras foram sempre: “Você pode!” “Vá em frente!” e eu tenho sempre você por trás de mim, como uma base certa e segura de minha vida. Uma certeza absoluta que você me apoia incondicionalmente... e também mostrando meus erros, e me fazendo uma melhor pessoa.
Você alem de meu amor, é meu melhor amigo. Aquela pessoa que sempre penso em contar o que se passa comigo. Aquela pessoa que me olha com bondade, com ternura, e muitas vezes me achando criança ou menina, da seus conselhos, e ri das minhas bobagens...
Quando vejo você sair de manha para o trabalho, sinto um acesso de ternura ao ve-lo andar em direção ao seu carro, quando espio pela janela. Seu corpo magro, de menino, leva dentro de si uma maturidade e uma grande responsabilidade. Seus gestos sempre são calmos e ternos.
De todo tempo que estamos juntos, acho que só vi você bravo uma vez, quando pisei sem querer nos seus óculos! (risos).
Sinto-me hoje muito privilegiada por estar comemorando com você esses anos juntos. Você me ensinou a ser uma pessoa muito melhor! Nossas diferenças básicas fizeram de nos dois não “uma só pessoa”, como costumam dizer (isso eh tão sem graça, não eh?). Mas nos fizeram pessoas distintas, porem unidas com esse laco do amor verdadeiro.
Nada nesse mundo é perfeito. Já tivemos nossas recaídas Nossas conversas serias.
No entanto sempre mantivemos entre nos esse sentimento inteiro e verdadeiro. Como algo que sabemos ser indestrutível.
Dentro das cinzas que já tivemos sempre houve essa brasinha que novamente acendeu nossa lareira.
Hoje eu quero dizer que eu te amo. Eu te amo de uma forma madura e verdadeira, intensa e sincera. Sem maquiagem, subterfúgios, sem novela, sem embromação.
Mary Fioratti