SENTIMENTOS INEXPLICÁVEIS
Ontem uma amiga de minha filha veio me visitar, e trouxe sua filhinha, ela chama-se Abbigail (Abby).
Fiquei com aquele bebezinho nos meus braços, e senti uma saudade muito grande de quando adotei minha filha, e ela um pinguinho de gente.
Acho que de todos os papeis que já desempenhei na vida, o de MÃE é o que me deixa mais realizada.
Uma vez eu li que "um filho e um pedaço do nosso coração que vive fora do corpo"... quanta verdade nessa frase!
Sempre fui uma mãe muito grudenta. Fui tão participativa na vida da minha filha, que quando ela foi para a Faculdade e mudou de casa, deu Graças a Deus! (risos).
Mas é verdade!
Estava sempre atenta aos mínimos detalhes, acompanhava-a em todos os lugares, ia busca-la... telefonava.
Lembro bem quando ela pegou o carro pela primeira vez e foi para a Escola de manha. Eu disse: "Quando chegar, me passa um torpedinho". Contei os minutos. Pareciam horas... e meu marido: "calma, ela vai ligar"... Depois de um tempo, ela me ligou: "Cheguei!" Que alivio!
Como toda mãe que se "preza" (digo em relação a sentimentos), hoje eu faria tanta coisa diferente! Sabem por que?
Depois de tanto tempo supervisionando, ficando em cima, achando que eu estava no "poder", percebi que não temos controle de NADA...
Digo: NADA...Tantas coisas aconteceram fora do meu controle.
Deus esta na direcao, no controle, e não adianta tomar as rédeas Podemos ensinar. O melhor ensinamento é aquele que mostramos o que é certo através das nossas proprias atitudes. Essa é a verdadeira influencia.
Mostramos a eles que durante esse tempo todo de vida, aprendemos alguma coisa (embora eles não acreditem e achem que não sabemos nada). Mas eu sei que um dia a ficha vai cair (assim como caiu para mim).
Não nascemos assim prontinhos como estamos hoje, com esse amadurecimento todo... A gente se esquece...não é verdade?
Minha filha e o namorado terminaram depois de 1 ano de namoro. Eu fiquei tão triste, mas tão triste, parecia que EU havia terminado um relacionamento. Fiquei numa "fossa" daquelas... imaginando que minha filha estava sofrendo... no entanto, quem estava sofrendo MAIS era eu...risos
Então um dia no telefone ela me disse: "Hoje sai com ele para conversarmos". E eu pensei: "Por que ela fez isso, que boba!"
Então lembrei de todos os bailes que quando tocava a "Estrela Dalva", eu corria para os braços do Serginho, ou quando mesmo não estando namorando, ligava para o Hugo e nos encontrávamos, de todas as vezes que sai com o Edu, sabendo que ele era noivo...
Que maravilhosa é a adolescência! A gente se entrega de uma forma tão inteira e absoluta. Não tem medo de nada. Sofre por tabela. No outro dia, o sol esta novamente brilhando, o rosto bonito, os cabelos viçosos, o corpo fresco e jovem, a vontade de recomeçar sempre.
A gente ia para a cama e dormia, sem ficar pensando no futuro.
Se fosse hoje adolescente, não teria graça Não iria fazer nada que fiz. Iria pensar muito. E não ia ter toda diversão que tive. Adolescente pensa? Não!
Quando "amadurecemos" (vamos dizer assim, em vez de dizer "envelhecemos"...não é?) pensamos muito em tudo que fazemos, nas consequencias, no "amanha". Pensamos demais, medimos demais.
Sinto saudades do meu jeito irreverente de ser, de minhas fantasias, de meus sonhos malucos, de minha ingenuidade, embora ainda continue um pouco assim. Mas existe um freio agora que antes não existia.
Parece que eu mesma segurei minhas rédeas, e disse: "ooooooa" vamos mais devagar!
Detenho-me então naquela analise psicológica que fiz quando tinha 21 anos, que dizia assim: "Detesta a analise de pormenores superficiais, vai a essência buscando a síntese".
Sou uma mulher que procura a síntese, mas não antes sem passar pela essência .
Nao gosta de pormenores superficiais mas gosta de descobrir pelos olhos. Pelo sentir. E não por pequenos detalhes.
Muitas vezes peco pela descoberta da síntese Porque há vezes em que é necessário mais análise. Mas detesto análises! Desde aquelas deitadas no divã como as sintáticas (de frases ou sentimentos).
Fico a imaginar hoje como eu seria se pudesse corrigir a "análise sintática" da minha adolescência! Ah! acho que não iria corrigir nada...queria ter aquela mesma carinha de bobinha.
Vejo que meus olhos nao mudaram. Continuam refletindo o mesmo sentimento interior. Nada se quebrou em meu olhar. Ele ainda reflete meu coração.
Hoje vivo assim: sentindo intensamente cada momento. Pisando no freio, mas não deixando nunca de sentir.
(Eu e minha filha, há alguns anos atrás, em sua fase de adolescencia)
Mary Fioratti