30 abril 2008




FALANDO EM FELICIDADE



Quanto tempo não sento para escrever. Nao sei se voces ja sentiram isso. Mas uma falta total de inspiracão.
Embora muitas coisas se passem pela minha cabeca, pensamentos diarios, sentimentos profundos, fortes, parece que nao consigo colocar no papel o que vai dentro de mim.
Sao fases na vida da gente que parece que perduram.

Toda vez que passamos por uma cirurgia ou algo semelhante, apodera-se da gente um total sentimento de fragilidade. Como se o mundo estivesse indo todo devagar, como um filme em camera lenta.
Eu, que sempre atropelei a vida, me vi de repente como se sentada em frente de uma janela vendo o dia a dia.

Nisso teve a parte boa: percebi muitas coisas que não havia percebido.
Sempre vi aquelas pessoas mais velhas aqui no Supermercado naqueles carrinhos eletricos, que o próprio lugar oferece. E nunca imaginei que fosse algo tao prático.



E interessante é pensar que ha tantas pessoas que dependem disso para a vida toda. Nunca poderão andar.
Ali naquele carrinho, eu enxergava a praticidade dele, mas sabia que seria provisório.

Ser feliz, depende de nos mesmos. Se não colocarmos nossa cabeca para funcionar de um modo efetivo e positivo de nada adianta tudo que tentarmos.

As vezes, quando baixa aquela tristeza que eu não sei de onde e que é dificil analisar o que sinto, uma coisa que sempre faco: pego uma folha de papel e anoto todas as coisas boas que tenho e as minimas coisas que me dão felicidade. Então vejo quantas coisas tenho na vida a agradecer. Nas tristes eu procuro nem pensar.

Um dia desses achei algo escrito, muito bonito:

"Assopre o pensamento triste,
Deixe escorrer a última lágrima, conte até vinte.
Abra então a janela, aquela que dá para o vôo dos pardais,
Procure a luz que pisca lá na frente(evite as sombras que ficaram lá para trás).
Ao encontrá-la, coloque-a dentro do peito,
De tal jeito, que possa ser notada do lado de fora;
Acrescente agora uma pitada de poesia,
Do tipo que passa por nós todos os dias, e nem sequer consegue ser notada;
Aumente o brilho, com toda a intensidade de que um sorriso é capaz.
A felicidade é o seu limite,
E o paraíso é você mesma quem faz.

Flora Figueiredo"

Existem tantas receitas da FELICIDADE...muitas parecem tao complexas. No entanto, onde encontramos alegria, são nas coisas mais simples. Nos momentos mais comuns.
Aqueles que somente damos valor quando surge uma doenca, ou um problema relativamente serio.

Voces ja notaram que ha certos dias que levantamos e que tudo a nossa volta parece estar certinho? O rosto no espelho reflete alegria. Nos sentimos bonitos. Cantarolamos no chuveiro.
Parece que nada nos aborrece. A mesma paisagem de todos os dias, tem uma cor diferente. Paramos para perceber coisas que nao percebiamos.
Por que de tudo isso? Simplesmente é a nossa cabeca. O modo que ela funcionou aquele dia. E dentro de nos queremos que aquela sensacão perdure para sempre.

Felicidade...a tao falada Felicidade. Aquela que todos querem. Que dinheiro nenhum compra.

Deixo aqui uma poesia que fiz ha tempos, mas que revela um pouco do "Ser Feliz"....


(Pintura feita por Edna Feitosa - Seu site: http://ilove.terra.com.br/edna/)

Dias iguais
tão corridos
os meus dias...
Dias que loucamente
atropelam
minhas idéias
sufocam
meus desejos
limitam
minha criatividade
Se fossem lentos
seriam terríveis
se são corridos
são sufocantes
Quero uma lei
que faça os dias
nem lentos
nem corridos
para que eu possa
ser feliz
(serei feliz?)

* * *

O verão esta chegando. E com ele vem uma alegria natural dos dias. O sol, o calor, o poder pisar no chao descalça, o contato com a natureza. A leveza da roupa. Os dias que se prolongam.

Ontem tirei uma foto da primeira árvore que floresceu em frente da minha varanda. E deixo para voces de presente.


Um grande beijo a voces, meus leitores assiduos. Sinto falta de voces, sabia? Dos comentários, das palavras, da interação. Muito do meu mundo está aqui e o reparto com voces de uma forma muito transparente.
Agradeço cada comentário, cada palavra que voces me deixam. Fico feliz. Estão vendo? Isso tambem é FELICIDADE.



Mary Fioratti

PS: Aproveito para dizer que minha recuperação vai indo muito bem. Já não sinto dor.
O joelho ainda está rigido, mas aos poucos noto melhoras. Nunca levei tão a sério algo como essa fisioterapia.
Hoje faz dois meses e 5 dias. De acordo com o médico eu estaria andando normalmente de 3 a 4 meses.
O que estou aprendendo é exercitar minha paciência. E estou conseguindo.
Estou apenas com muita, mas muita saudade de meus velhinhos...



A vida é uma linda borboleta, que brilha todos os dias diante de nossos olhos. Muitas vezes apenas admiramos seu brilho a distancia... outras vezes conseguimos pegá -la com nossas mãos....









02 abril 2008



APRENDENDO A CAMINHAR



Estou com muitas saudades. Saudades de estar aqui com voces. Do entrosamento. Da conversa. Do dia a dia.
Pareco estar vivendo uma época assim "fora do espaco", como se eu estivesse aprendendo de novo, a viver.
Aprendendo a caminhar, mas nao no sentido de "andar", mas do caminhar lento. De um modo geral.
Tenho que me sentir feliz, e realizada, por minha operação ter dado certo.
Mas o que tem sido extremamente dificil para mim é estar aprendendo a caminhar devagar, em todos os sentidos.
Sou uma pessoa extremamente ligada, energética.
Tudo que eu fazia (muitas vezes duas ou tres coisas ao mesmo tempo) reduziu-se em uma coisa por vez, como se eu estivesse amarrada.
As primeiras duas semanas da cirurgia, eu fiquei em casa, deitadinha no sofa, assistindo TV, recebendo a visita de meus amigos, do fisioterapeuta, da enfermeira, com o carinho especial de meu marido, que teve (e tem!) uma paciencia e um amor ilimitado.

Depois da segunda semana, resolvi voltar ao trabalho, mesmo com a muleta, trabalho somente meio periodo, entao nao seria tao desgastante.
O primeiro dia que fui, quando vim para casa chorei. Nao sei explicar a sensacao, mas parece que tudo se torna um tremendo sacrificio. Assim mesmo preferi trabalhar, do que ficar em casa, e pensando.
Comecei a fisioterapia fora de casa. No primeiro dia, depois de 1 hora intensa de exercicios, entrei no carro e choreeeeeeeei.
Uma instabilidade emocional muito grande, embora o problema nao tenha sido tao grande.
Tudo cai em cima de uma forma muito "direta". A gente parece sentir pena da gente...eu heim? Detesto essa sensacao.

Tentava vir aqui, escrever, e nao conseguia, os pensamentos pareciam nao se coordenar. Estava dispersa.
Vinha da terapia e sentava na frente da TV comendo chocolate (risos). Isso era a unica coisa que me fazia sentir melhor (e ainda faz). Engordei uns quilinhos, mas o que importa?

Dormir...um pesadelo! Nao ha como se acomodar. E um tal de vira, senta, desvira, levanta, senta, deita. Nem com remedio.

Hoje depois de um mes e tanto, sinto-me mais no encontro comigo mesma. Ja fiquei mais forte (pelo menos de espirito), ja me acostumei com minha muleta, de descer as escadas um degrau de cada vez.

O joelho e uma parte dificil de ser recuperada, devido a falta de irrigação de sangue no local. Alem do mais, explicacao do fisioterapeuta, quando se coloca algo dentro do organismo, ha uma auto-proteção do mesmo, o joelho por exemplo, incha, num sinal de proteger. Entao e preciso, atraves da terapia, estar dizendo ao joelho: "olha, esta tudo bem, eu coloquei isso ai, aceita, vai!" (risos).

Tirei radiografia e o implante ficou perfeito. Sei que vou ter uma qualidade de vida bem melhor do que antes. Nao vejo a hora de chegar o verão , e poder andar, nadar, e voltar a andar de bicicleta. Ultimamente, so sou permitida a usar a bicicleta do Clube, aquela que fica paradona....nao tem graca, ne?

Ha momentos na vida da gente que pensamos que nunca mais voltaremos a ser os mesmos. E interessante essa sensação. Aprendemos entao a caminhar lentamente, olhar as coisas com mais atenção, perceber nossos passos.

E sei que logo voltarei a ser a pessoa que eu era. E que isso pelo que eu passei nao e absolutamente NADA perto de outras coisas que existem.

Agradeco a voces por todos os comentários cheios de carinho. Voces sentem a minha falta? Acreditem, sinto muito a de voces tambem!


Um beijo carinhoso


Mary Fioratti