20 março 2011


Click here to read this post in English:
  • THE SOUND OF A HEART


  • SORRIA, VOCE ESTA SENDO FILMADO



    Quando o aviao esta pousando, da aquela coisa dentro do coracao. Ja posso enxergar o sol atraves da pequena janelinha limitada do meu assento. Acompanho o pouso, com emocao!



    Nao da para explicar... o coracao bate... algo aquece minha alma neste momento.

    Descer do aviao e deslizar pelo corredor. Ouvir: "Bem vindos ao Brasil" da uma coisa aqui dentro, uma agitacao, uma vontade de sorrir sem parar.
    Entro na fila dos brasileiros, orgulhosa por estar naquela fila. Apresento meu passaporte e passo.
    Aquele passaporte me da o direito de pisar no chao do meu Pais. Bendito passaporte!
    Procuro minhas malas, esbarrando nas pessoas e ainda falando "sorry" em vez de "desculpa!".
    A maior felicidade eh quando depois de pegar as malas na esteira, me dirijo ao aeroporto.
    Como sempre, paro no primeiro barzinho para tomar um guarana. Isso nao abro mao. Sorvo lentamente aquele gosto de Brasil. Desce pela minha garganta aquele gosto tao conhecido de infancia, de almocos, de familia, de amigos.
    Este ano descobri ter um onibus direto de Guarulhos para Sao Jose dos Campos. Nao avisei ninguem que vinha.
    Somente meus irmaos sabiam. Coloquei minhas malas, e subi para meu assento.
    "Moca, pode colocar seu nome aqui no bilhetinho da passagem?" Essa era nova. Escrevi meu nome. E entrei.
    Da janela comecei a beber a paisagem enquanto o onibus cortava o caminho. Tantas lembrancas de S.Paulo, das estradas, daquele ceu que nao ha comparacao, da vida, nao sei, o movimento brasileiro e diferente. Uma comocao...um agito diferente. Uma energia que sobe como fazendo uma fumacinha.
    Encostei a cabeca no banco olhando melancolicamente pela janela. Uma mistura de alegria e tristeza. Tristeza por estar fora do meu Pais. Alegria por estar de volta.
    O onibus parava para pegar passageiros. Cada um que entrava dizia uma coisa diferente para o motorista e fui pensando e comparando como aqui nos Estados Unidos tudo e diferente.
    O formalismo impera, enquanto essa espontaneidade do brasileiro me cativa.
    "Nossa moco, obrigada por parar! Pensei que nunca fosse conseguir um onibus hoje!"
    "Bom dia, obrigada, que horas chega em Sao Jose?"
    "O sr. da uma paradinha no Frango Assado?"
    Fechei os olhos, concentrando-me nas vozes, na minha lingua. Ali, eu era igual a todos aqueles daquele onibus. Eu nao tinha nenhuma diferenca deles. Eu era a mesma. Comungando dos mesmos sentimentos.
    E o onibus foi passando, aquela paisagem tao conhecida. Pedacos que eu nunca esqueci, e foi passando na minha cabeca como um filme antigo.
    Frango Assado e seu pao delicioso.
    Kodak a direita, Johnson a esquerda. Restaurante da Gruta, aquele sanduiche divino de salame com queijo derretido.
    Pisei na casa da minha irma e ja fui colocando meus jeans, minhas camisetinhas, pe no chao, alcancei na mala minha sandalinha de dedinho. Pronto! O mundo podia acabar que eu ja estava feliz.
    E os dias transcorreram alegres, macios, ensolarados.
    A familia se reune no Domingo para um almoco. Abracos, alegria, violao, cantoria, felicidade.






    Risos, conversas, abracos, e uma comida deliciosamente preparada pela minha querida Mada!









    Almoco recheado de carinho, de risos verdadeiros, de saudade.

    No outro dia sai de manhazinha para andar na rua. Que coisa gostosa, andar pelas calcadas, sentindo aquele sol quente. Carros passando, buzinas...a Padaria de esquina.
    Entrei para comprar uma agua com gas. Continuei andando dando aquelas respiradas profundas naquela energia toda

    Nos diversos dias que la estive, provei a comida de quilo. Nao saberia dizer qual gostei mais.



    Comi coxinha...

    nao sei quantas vezes.

    Fui na feira livre, matando a saudade das bancas cheias de frutas...





    O encontro com a familia do lado de minha mae em Marilia, onde nasci.






    O encontro com meus amigos, os abracos, a emocao!





    Assim e o meu Brasil, cheio de energia a cada esquina. Nao ha como nao perceber o ritmo do coracao do brasileiro, porque ele bate forte. Alto! Na rua o povo se mistura, a alegria contagia.

    Meu Brasil, quanto eu te amo! Com todas as letras!

    Quando voltei para os EUA fiquei duas semanas depressiva. Sentia saudades das ruas, das calcadas, daquele ceu azul, do calor nas ruas, da liberdade. O corpo parece que se move em ritmo, nao existe barreiras. Quando falo com as pessoas, a linguagem vem do meu coracao direto para minha boca. Nao preciso pensar. Somente falar. Somente deixar aquela onda magnetica me invadir.

    Abraco as ruas com meus olhos, enlaco todo aquele verde em minha alma.
    A agonia de dentro de mim saber que meu mundo repartiu, e que nunca mais serei a mesma.

    Mas voce meu Brasil, sempre vai me emocionar. No futebol, ou no Carnaval. Ou nas lan houses, nas comidas de quilo, nos shoppings centers cheios de vida. Nas calcadas, dentro dos onibus, tomando o cafezinho mais gostoso do mundo, provando a vida em cada esquina.
    No olhar, no sorriso. No abraco.


    Sorria, voce esta sendo filmado! Voce esta no BRASIL!


    Mary Fioratti

    Peco desculpas por nao acentuar este post!
    Clique nas fotos para ve-las maiores.

    14 março 2011



    QUERO HOJE


    quero hoje
    seu primeiro olhar da manha
    espreguicando seu corpo
    e aquele abraco demorado
    isento da louca paixao
    um abraco sentido
    gostoso e inteiro
    daqueles que aquecem a alma
    quando nossos corpos mornos
    brindam nosso "Bom Dia"
    quero hoje
    olhar suas maos
    que vagarosamente
    sem pressa
    cortam um pedaco de pao
    sobre a nossa mesa
    aquelas mesmas maos
    que guiam nossas vidas
    com carinho e pureza
    quero hoje
    seguir seu vulto
    interiorizar seus movimentos
    ama-lo de longe
    sem que voce perceba
    e guardar esses momentos
    como em um album
    de fotografias
    quero hoje
    amar voce em silencio
    dizer a voce tanta coisa
    que esta aqui no meu peito
    mas apenas gesticulando
    meu olhar
    que o atinge com paixao
    e o meu abraco
    que abre por completo
    meu coracao
    quero hoje
    que sinta o meu beijo
    em suave caricia dolorida
    e que deite sua cabeca
    no leito morno do meu colo
    e deixe escorrer a agua do rio
    da sua vida.....


    09 março 2011



    NOSSA POESIA

    foi um momento
    que se perdeu na eternidade dos relógios
    o tempo não contado
    quando sentimos nossas almas
    conjugadas
    suadas
    juntas
    como siamesas
    fitando-se no escuro do quarto

    não sabia mais
    se minhas mãos eram minhas
    ou eram as suas
    elas se fundiam entre lençóis e corpos
    entre travesseiros e bocas
    entre pernas e bracos
    numa luta de amor
    cheia de desejo

    nossas químicas se misturaram
    e entre as fórmulas científicas
    do amor eterno
    formaram um halo etéreo
    sobre nossos corpos
    que se derretiam nas carícias
    mais ousadas
    naquele quarto na penumbra
    com as portas fechadas

    era o nosso mundo
    com todos os nossos sons
    era a nossa paisagem
    com todos os nossos tons
    brilhando no escuro estelar
    e o teto como paisagem principal
    (testemunha ocular)

    a luz dos nossos olhos que mais pareciam faróis
    nos guiavam mostrando todos os caminhos a seguir
    e refletiam naquela janela
    enquanto o vento soprava suave
    fazendo dançar aquela cortina amarela

    foi um momento .... e esgazeou-se a cortina
    os faróis tão brilhantes cegaram a retina
    o teto distanciou-se da nossa paisagem
    e tudo tornou-se uma doce magia
    quando a linguagem dos corpos
    numa dança sensual
    gravou em nossa alma
    a nossa própria poesia


    Mary Fioratti