19 setembro 2009



ENIGMA DA ALMA



a vida sussurrou-me o enigma
entrelaçado de sentimentos
em meus ouvidos
língua estrangeira
completamente indecifrável
as mãos estenderam-se
em um gesto solitário
a procura de calor e conforto
negando-se a aceitar
palavras incompreensíveis
soadas pelo fundo da própria alma
não sei o segredo
da minha existência
se juntasse os gens...os rostos...
se misturasse as alegrias
e os desgostos
nem Picasso com seu pincel magico
e sua sensibilidade aguçada
pintaria esse enigma
não existiria nem mesmo uma sinfonia
que Mozart pudesse compor
numa noite mais inspirada
e se a musica tocasse
não emitiria uma nota que soasse
desvendando esse mistério...
o que hoje tento decifrar
em linguagem figurada
é apenas o fragmento
de uma solidão interior
e mais nada...

Mary Fioratti

03 setembro 2009



QUE AS MÃOS SE CALEM



que as mãos se calem
não procurando nas teclas
traduzir a dor
não façam cobranças
ou aluguem suas esperanças
para outro sofredor

que as mãos se calem
não insistindo nas mesmas teclas
teclas mudas
defeituosas e gastas
que não são nada mais
ou nada menos
do que a própria existência

que o coração sempre comande
apesar de tudo
mas que as mãos se calem
a procura de palavras
que batem em paredes
num eco mudo

que as mãos se enrijeçam
e nunca mais procurem
no enlevo da dor
mostrar tanto desespero
num soneto de amor


Mary Fioratti