26 abril 2010



SEM NOÇÃO



vim ao mundo
mais rapidamente
do que o esperado
olhos fixos parados
no rosto de minha mãe
que me tomava
em seus braços mornos

sem noção
cresci aprendendo valores
tropeçando em regras
abraçando verdades

sem noção
encontrei você
em meu caminho
e compreendi o "doar"
trocando sentimentos
e verdades
aprendendo a amar

sem noção
tornei-me mãe
dei nesse aprendizado
o meu amor maior
o melhor de mim
o sumo de meu coração

sem noção
procuro emoções instintivas
pintando a vida
de cores diversas
misturadas dentro
de meu coração sonhador

sem noção
hoje já vivi mais de meio século
e ainda continuo bebendo
as águas da vida
a procura de meu eu...

sem noção
sinto uma grande calma
e essa paz hoje encontrada
rege meus dias
com algumas fantasias...

sem noção
vi as rugas de meu rosto
a mudança de meu corpo
e o que ficou para trás, eu reconheço
que sem noção de até quando
sinto que eu me aceito
e eu me amo
muito mais!

Mary Fioratti

22 abril 2010



NAQUELA TARDE DE ABRIL



Lembro-me tão nitidamente daquela noite
desde o momento em que você abriu a porta
e eu com passos lentos entrei
havia um ar de encantamento
em seus olhos profundos
sua figura máscula, sua calca jeans
o falar do seu corpo com o meu
na energia da distancia
havia um desejo camuflado
em cada pequeno gesto

Lembro-me tão nitidamente
dos nossos assuntos bobos
das risadas cristalinas
do vinho vermelho brindado
com nossas mãos atravessando a mesa
e através da transparência das taças
nossos olhos brilhando de desejo
e aquele abajur no canto da sala
fazia do seu rosto esboços entrecortados
(ou seria o vinho subindo na cabeça
tirando-me da realidade?

Lembro-me tão nitidamente
daquela musica estonteante
que ecoava como pano de fundo
e quando você levantou
com seu corpo másculo e atraente
andando pela sala descontraído
de um modo irreverente
aumentando o som da musica
cantando e sorrindo como um menino
(como meus olhos o amaram naquele instante
desfolhando seu ser completamente)

Lembro-me tão nitidamente
de suas mãos mornas entrando em meu decote
tocando meus seios arrepiados e frios
do seu olhar pedinte
quando deitou meu corpo naquele sofá florido
de sua boca umida desenhando arrepios
em todo o meu pescoço e meu ouvido
do cheiro de sua colonia misturado com sua essência
que parecia causar uma sensação fria em minhas costas
fazendo-me fechar os olhos entreabrir os lábios
para colher seus beijos de vinho

Lembro-me tão nitidamente
da entrega total e absoluta
das roupas no chão, dos nossos corpos nus
dos suspiros, dos sons abafados
das palavras sussurradas em meu ouvido
do amor gritando em forma de sentidos
seus cabelos macios em minhas mãos
e seus olhos fechados em pura entrega
lá fora um tom de sonho no céu cor-de-anil
e um calmo sentimento de certeza
assolou-me tão nitidamente
naquela inesquecível tarde de Abril


Mary Fioratti

18 abril 2010



PENSAMENTOS SOLTOS



As vezes a vida me pega fundo. São momentos difíceis de serem explicados. Mas de repente me vem aquela profundidade da existência, do "estar aqui", do "sentir", e do pleno entendimento disso tudo.
Começo a pensar demais na vida, e no significado de cada coisa que nela acontece.
Sempre acreditei que nada nesse mundo é por acaso. Nada. Não sei se chamaria isso de misticismo ou fatalismo.
Mas não é aquele fatalismo das coisas ruins. Acho que então, do meu modo, virado para o fatalismo das coisas boas - essas coisas que encontramos em nossa rotina de repente e que mudam totalmente nossa vida.
Na verdade, fatalismo é por quem toma de modo passivo os eventos não tendo a crença de que pode exercer um papel na sua modificação. Mas eu acredito que podemos sim, modificar. Não acho que o destino é fixo e inexorável. Alias, nada nesse mundo é.

Acredito no sorriso, um abraço, um olhar. Um novo emprego, o mesmo emprego com uma diferente visão, uma nova pessoa que conhecemos. Pode ser olhar pela janela e ver as folhas das árvores balançando Meu vizinho abrindo a porta de seu carro. O carteiro chegando. O caminhão do UPS. Qualquer coisa nova.
E eu olhar na parede os quadros com as fotos de minha filha pequena. Me deter na minha foto de casamento, voar no tempo.
Tanta coisa...chama-se VIDA.
Não é somente o que acontece. Mas aquilo que já aconteceu. Que ficou. Que parou no tempo e congelou na nossa lembrança
Um ímpeto de lembrar. Uma vontade de perpetuar. Lembranças tão nossas, que ninguém consegue tirar. Fazem parte de nos.

A vida passa tão depressa. Frasezinha tao comum, mas tão verdadeira. Passa num piscar de olhos. A gente pisca e amanhã e Segunda-feira. Pisca de novo, e estamos no fim de semana.
Bonito uma vez o que li sobre Nietzsche quando diz que as situações sao ciclicas, portanto é difícil interpretar a vida, se iludindo que podemos nela agir. Mas escreveu que é preciso aceitá-la com uma simplicidade infantil. Que bonito achei isso: simplicidade infantil. Que bom se pudessemos todos nos agirmos com essa simplicidade, ingenuidade, transparencia e crenca.
Inverno, Primavera, Verão, Outono, Inverno...ciclo rapido. Ciclos que temos que viver com toda a intensidade.
Viver tudo com grande vontade. Porque tudo é breve. O agora é breve. O daqui a pouco sera breve. O amanhã é breve.
So não é breve aquilo que eternizamos dentro de nos. Momentos que nunca esqueceremos. Porta-retratos imaginários pregados na nossa alma. Suspiros. Choros. Risos. Gestos. Alegrias. Emoçoes.
Há gestos que ficam eternizados. Como aqueles filmes de "slow motion"...quando os passos pesados batem no chão frio diversas vezes para alcançar o destino.

Há olhares que sao perpetuados no silencio, quando comungamos o encontro com o nosso eu. Momento tão cheio de profundidade. E nos satisfaz tanto como comer algo que gostamos. A "refeicão da alma".
Gosto desses encontros, onde solitários, mostram-nos tantas coisas que em minha vida foram importantes. São importantes. Tantas coisas significativas, tantas coisas maravilhosas.

Deus me deu tantos presentes. Presentes valiosos. Sempre fui abençoada com presentes únicos, mas queria meu Deus, que Você soubesse, o quanto os aprecio! O quanto são eles importantes para mim a cada momento de minha vida.
Como este, quando fui para o Brasil e encontrei minha turminha que trabalhei na Johnson & Johnson:


(clique na foto para ve-la maior)

Assim como ela, tantas datas, e tantos encontros.
Toda nossa vida é dividida em fases. Pedaços de momentos, de sonhos, de alegrias, de tristezas, de solidão.
"E ninguem é eu. E ninguem é voce.Essa é a solidão" - palavras da Clarice Lispector.

Um dia desses meu irmão me enviou um PPS da Clarice, e achei maravilhosos alguns pensamentos. Como esses:

"Nao se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento".

"Perder-se também é caminho".

"Todos os dias quando acordo vou correndo tirar a poeira da palavra AMOR"

Tantas coisas leio que tento colocar dentro de mim.

No entanto, o livro mais efetivo, é aquele do dia a dia. Da vivencia de situacoes, do conhecimento de novos sentimentos. Do entregar-se. Do confiar. Do aprender.
Do pisar no chao todos os dias, sem medo. Como é dificil!

De vez em quando me assalta um medo muito grande de tudo, logo penso: "nao posso ter medo do que nao sei. Por que teimamos em nos amedrontarmos com a "tela em branco"? Isso que é o futuro, uma tela em branco.

Por que teimamos em sofrer com o que nao aconteceu ainda? Por que somente lembramos de viver o AGORA quando somos acometidos de alguma doença, ou enfrentamos algum problema sério? Por que nao viver AGORA cada dia, com cada detalhe de felicidade?

E para terminar deixo um pensamento do famoso Filósofo Inglês, Bertrand Russell:

"Para sermos felizes, devemos deixar de lado a certeza da nossa breve existência. Precisamos nos considerar como parte de uma corrente contínua que corre desde o primeiro germe até um futuro remoto e desconhecido".

Um dia ainda eu vou deixar de pensar nessa breve existência...


Mary Fioratti




12 abril 2010



COM A CHEGADA DA PRIMAVERA



"Não tenho tempo de mais nada. Ser feliz me consome muito!" Clarice Lispector




Quando chega a primavera, sinto que parece mudar tudo em minha volta, e tambem as pessoas. E como uma magica acontecesse.
E a beleza nas estacoes aqui nos Estados Unidos e que um dia estamos no inverno, e sabemos que 21 de marco comeca a primavera. Como uma magica, dia 21 comecamos a ver as mudancas, como se fosse uma data magica: as flores comecam a brotar, a grama a ficar verde, sabem aqueles filmes que a gente assiste, aqueles desenhos animados, quando tudo comeca a crescer, a ficar colorido, do dia para a noite?
E assim...
Sei que comeca a primavera quando ouco os passarinhos voltando, cantando na minha janela. E os patinhos voltando para o lago.
Parece uma paisagem pintada. Um quadro.
Comecamos entao a ver a movimentacao das pessoas arrumando os jardins. Comprando as flores.
O mais engracado e notar que os americanos da noite para o dia aposentam suas blusas de mangas compridas, e e comum ver mesmo ainda com um friozinho, os shorts, camisetas sem mangas, sandalias.
Nao e algo gradativo, entendem? E algo subito!
Comeco entao minhas longas caminhadas, uma das coisas que mais adoro. E gosto de andar, fotografando as flores que nascem, as arvores que florescem. Paro, fotografo, as vezes volto.
Entro em jardins de casas desconhecidas. Me aventuro. Adoro!
E comeco entao a fotografar a vida!
Vejam as fotos que tirei esses dias!







CUMPLICIDADE




Por tudo que repartimos
pela alegria do partilhar
pelos sorrisos dados pelos cantos
pela cumplicidade
Por tudo que intuímos
e não falamos
por sua eterna compreensão
de como sou
do jeito que sou
por aceitar-me sem retoques
pelas palavras de incentivo
por fazer sempre
com que eu acredite em mim
independente de qualquer coisa
sabendo o que vai em meu coração
pelo perdão incondicional
pelo olhar mudo cheio de palavras
hoje quero dedicar-lhe esse espaço
com minha ternura infinita


®Mary Fioratti



"Eu... é Primavera... te amo! é primavera...te amo, meu amor...."


Mary Fioratti

06 abril 2010


FOTO DE FAMILIA







Hoje remexendo nos meus guardados achei essa foto minha com meu irmao. Essa foto tao antiga, me trouxe grande ternura.
Vejam a gravatinha do meu irmao! rs E minha mae acho que usou uma regua para cortar minha franja.
Fiquei a imaginar minha mae nos levando para o fotografo (como era naquela epoca).
Quanto amor senti ao pensar em minha mae nos levando, e nos olhando quando tiramos essa foto.
Tanta inocencia nessa pose infantil.
Cliquem na foto para ve-la maior.


Mary Fioratti