31 maio 2006




A LÁGRIMA




Bendita lágrima
que libera a angustia
reação solitária
que pode ser escondida
ou mostrada
(nem sempre entendida)
mas o alivio para a dor
o outdoor para a emoção
a quebra do equilíbrio
na tela da emoção


®Mary Fioratti

27 maio 2006




SE EU PUDESSE



Se eu pudesse apagar a sua ausência
como se apaga um risco feito num papel
com uma borracha
redesenharia depois a sua presença
como uma paisagem pirogravada
no amago de minha alma
e entre nós desenharia uma definitiva ponte
com passagem livre
onde colocaria meus olhos escondidos
atras de seu horizonte....



®Mary Fioratti

18 maio 2006




VIAGEM




Tocar sentindo com as maos
linguagem indefinida
sem parametros, sem destino
percorrer caminhos sem pressa
linguagem braille dos sentidos
suor nos poros, pele umidecida
escorregar lentamente entre os dedos
a pura essencia
Tocar como um instrumento
com delicadeza, volupia
sentindo as notas no coracao
transformando o momento
em uma doce cancao...
Reger com maestria
intuir o momento crescente
deixar fluir e sentir
agarrar com as maos para nao se perder
e no alto da montanha-russa
fechar os olhos...e descer

®Mary Fioratti




SUA LEMBRANÇA




Sua voz ecoa em meus pensamentos
E a sua ausência se faz por um momento
A distancia abafa o som do seu riso
E faz-me sonhar...
Seu rosto desenha-se em minha retina
Esconde-se atras de meus cílios
brinca com minhas pálpebras
E sem querer vejo-me rindo
das suas brincadeiras tolas
Acho graça o jeito de você chegar
no meu pensamento
Suas mãos tocam-me
E sei de cor os seus caminhos
Vestem-se em meu decote
de um modo perfeito
percorre todos meus cantos
com leveza e suavidade
Você me atiça! Incendeia!
Depois me abraça
com gosto de pirraça
Beija-me com paixão
E sorri daquele seu jeito
de dono absoluto e exclusivo
do meu coração

®Mary Fioratti

13 maio 2006



Poesia do meu irmao José Claudio para minha mãe. Foto do meu irmao

MÃE


® José Claudio Martins


Sentir a tua falta física
é sentimento egoista, pois,
fostes apenas minha mãe,
entre tantas outras coisas
que fostes neste mundo.

Fostes exemplo de ternura,
doses de pura sensibilidade,
amor, compaixão e humildade
que embriagavam diariamente
o meu inexperiente coração.

Fostes meu colo intra-uterino,
extra-uterino nos teus braços,
acomodado nos teus seios,
bebendo o leite morno da vida ,
adoçado por teu meigo olhar.

Fostes e fiquei,
com a saudade,
com as lembranças,
no meu, já agora,
experiente coração.

Ave Maria,
cheia de graça;
bendito fruto
que retornou
ao teu ventre.

* * *



(Poesia feita pela minha irmã , foto da minha mãe e minha filha Patti em 1990)


POR ELA ESTOU AQUI



Maria Lúcia (Mareluz)

Quando penso em minha mãe
lembro-me de uma palavra:
fragilidade...
Era assim como alguem
que nem sempre
enfrentava o mundo lá fora
e muitas vezes, sentíamos
como se precisassemos
conduzí-la pelas mãos.
Bonita e frágil
como uma flor..
como uma taça de cristal
que a todo instante
fosse quebrar-se.
E quando o mundo a invadia,
questionava-se, e muitas
vezes tremia...
Era assim a minha mãe
diante do mundo.

Mas, por isso mesmo
era tão bela,
por desfazer padrões
e surpreender-nos
com a força
de uma sensibilidade
rara, raríssima...
expressando-se apenas
na intimidade
de nosso espaço.
Olhos imaginativos,
enxergando além das palavras
enquanto nos ouvia,
mãos de fada,misturando
ingredientes de sonhos,
nos deliciosos pratos,
nas roupas que costurava
com entusiasmo infantil...
No tricotar carinhoso,
transformando em cores suaves
os novelos embaralhados
de nossos destinos.

Não era feminista, minha mãe..
apenas feminina.
E seu perfume invadia a casa
em cada pequeno arranjo,
enquanto o seu riso preenchia
todos os desconhecidos vazios,
de nosso alma.
E quando aconchegava-se,
para falar e ouvir
sabíamos que finalmente
estávamos em casa,
em um mundo todo particular
que seu coração criava.
E naqueles momentos
não importava o orgulho
de nossas conquistas
e as doloridas derrotas.
Porque havia um jardim
cheio de flores,
e plantas singelas,
espalhadas sem ordem certa.
E um cheiro de bolo
recem criado, saindo do forno.
Havia, em tudo, o brilho
de uma essência:
o nosso eterno ponto
de referência.

Mudou o mundo, e as faces
fizeram-se pálidas e sombrias.
Apagaram-se lentamente,
o sinais exteriores
dos lugares, dos jardins.
Esvairam-se os cheiros,
morreram todas as plantas,
e milhares de flores...
Os sons calaram-se.
Esvaziou-se a casa,
e o vento da mudança
foi impiedoso...em tudo,
ou quase tudo.
Só não consegui varrer
o que ainda mora aqui,
preso na alma.
Não tem esse poder, o vento.
de roubar os sonhos,
heranças que em meu corpo
caminham sempre
desde a primeira e única
transfusão de Vida.

É assim, bem assim,
que minha mãe ainda existe em mim.
e sua eternidade transcende
toda fragilidade e força.
Simplesmente porque, uma vez,
carregou meu corpo,
depois,alimentou-me a alma
e em seguida, deixou-me aqui.


* * *




CARTA A MINHA MAE




Mãe… hoje eu sinto tanto a sua falta!
Estendo a mão para sua ausência, e a sinto muito dentro do meu coração.

Hoje eu peço perdão por todas as vezes em que não consegui entrar em seu mundo e vê-la exatamente como você era: pura, verdadeira, inocente.

Hoje peço perdão por não ter entendido seu sofrimento,como deveria ter feito. Por todos os abraços que não lhe dei.

Sabe, mãe…hoje eu me procuro, e essa busca tem sido tão difícil, que me recordo de suas buscas.

Hoje mãe, que também sou mãe, muitas vezes olho para minha filha e penso em você, nas palavras que me dizia, nos conselhos que me dava.

Sempre me vejo um pouco igual a você, lembra? Meio brincalhona.. rindo alto, sendo um pouco adolescente comigo, assim como sou com ela.

Tenho saudade do tempo que morávamos em Ubatuba e você caminhava com a gente pela praia, descalços pela beirada da água... e quando vinha aquela espuma você dizia: “Espuminha de Toddy!”.
Como eu gostava daqueles nossos passeios pela praia, e engraçado lembrar hoje mãe, um sentimento “daquele tempo”. Eu tinha apenas 7 anos... e eu a sentia triste, pensativa.

E esse sentimento veio dentro de mim agora, no exato momento que escrevo para você.

Fico a pensar em todas as vezes que não entendi suas mensagens, que interpretei errado suas palavras, que não olhei dentro de seus olhos.

Que passei por cima de seus problemas, com superficialidade.

Que não conversei mais com você. Que não tive tempo para ajudá-la pensando somente em mim.

Quero lhe dizer hoje Mãe... que eu sempre a amei muito.

Lembro que minhas amigas a achavam tão bonita! Lembro de você arrumada, perfumada,
de colarzinho e cabelo arrumado.

Quero hoje agradecer a você por tudo que me deu. Sabe mãe, eu puxei essa sua ingenuidade de amar... de acreditar.... puxei um pouco esse seu lado puro, que
sempre acredita, e por mais que caia, continua a acreditar. Mesmo sofrendo, eu prezo muito essa heranca, pois é minha própria verdade.

Obrigada por todo o amor que você me deu... por tudo que me ensinou (e que hoje percebo) e peço perdão por nao tê-la entendido como deveria.

Mas hoje sendo mãe, eu sei que você me entendeu. Porque uma mae sempre entende tudo.

Um beijo com todo amor da sua filha

Maria Ines (Mary)

12 maio 2006




MÃE, MINHA FORTALEZA



®Daufen Bach

Mãe, ainda não inventaram as palavras que poderiam,
talvez, exprimir todo meu amor por ti, eu fico sempre
com um nó na garganta, eu fico sempre a buscar um verbo,
um adjetivo para o dizer o que o teu abraço, o teu beijo
significam para mim. Todo sentimento que sinto por ti Mãe
é supremo, não é de palavras.

Quando me pego a pensar em ti, Mãe, termino cantarolando
uma canção de ninar,sempre esqueço do homem maduro que
passou a andar com os próprios pés.Em ti desfazem-se todos os
meus medos, desfazem-se todas as minhas ambições,
em ti, minhas primeiras verdades estão salvaguardadas de todas
as possíveis infâmias e injustiças que eu possa cometer.

Mãe eu vim de ti e tu jamais permitiu que meus pés
pisassem espinhos, tu me carregou no colo
enquanto teus pés ardiam na pedra quente, tu me protegeu,
ralhou comigo, quando na minha burrice eu esquecia o
valor das pequenas coisas e sonhava ter o impossível.

Eu nunca soube distinguir o que te causava dor
se era deveras minha dor ou a tua dor, se o teu sorriso
era o meu sorriso ou o teu sorriso. A Senhora sempre foi assim
Mãe, das tuas angustias eu nunca soube direito, a não ser
daquelas se tratavam de mim. A Senhora nunca deixou
meus olhos imergirem na solidão que reluz na água do meu
pranto, enquanto, os teus olhos Mãe buscavam a sorte
de querer-me inteiro, integro e feliz.

Mãe, a Senhora me ensinou a enfrentar o mundo e a seguir
pelo mundo e, eu, louco mais lúcido segui,
cativei muitas alegrias, fiz boas ações, também cativei alguns
males não fui tão bom moço, não fui tão bom filho,
mas não esqueci dos teus ensinamentos. A Senhora me ensinou
a ler as coisas da vida, me ensinou as primeiras orações.

Mãe, só agora a olhar no espelho e ver alguns fios brancos
principiarem minha face, percebo que teus cabelos estão
branquinhos, que nesta caminhada tua face enrubesceu,
que teu corpo Mãe, lindamente feminino,
tão forte em tantas lutas,
tão forte para tantos filhos,
parece teimar com o tempo, não se dá por vencido...
ah! Mãe, mas vejo com olhos marejados, quando brincas
com meus filhos ou ainda, quando repousada em meus braços,
que o teu cansaço mostra os teus traços delicados, a tua fragilidade
escondida. Mãe não precisa mais brigar com a vida por
mim... deixe, eu cuidarei de ti. Tu sabes que mesmo
assim, sempre serás a minha maior fortaleza.

Perdão Mãe, se hoje, neste dia, lembro-te estas coisas,
eu deveria segurar tuas mãos e, a te olhar nos olhos sorrir
te pegar no colo Mãe e mostrar que aprendi direitinho
tudo que me ensinaste, que não foi vã a tua luta,
mas Mãe, és tão grande em mim que por mais que eu sorria,
por mais que fique ao teu lado, por mais que eu derrame
lágrimas eu não conseguiria expressar-te o meu amor,
fico então a rememorar nossas vidas e a caçar palavras que
possam, pelo menos, minimamente dizer que eu amo você.

* * *

10 maio 2006




SEMENTES E FLORES




As flores me mostram
que o verao se aproxima
tantas cores, tantas flores
que se distribuem nos jardins
flores ja nascidas
daquelas que nao esperam
serem paridas
mas ja chegam prontas
vicosas, bonitas, coloridas
com cheiro de vida
Entao fico a pensar
por que somente de vez em quando
nao podemos colher as alegrias
ja nascidas
sem plantarmos a semente da dor
sem termos que regar a terra
e passar pelo tempo da maturação
quando o sofrimento se faz sentir
Nossa vida deveria ser assim...
plantar algumas sementes
e espera-las brotar
para que nesse tempo de espera
possamos aprender
mas algumas flores...
essas deveriam ser ja nascidas
para colhermos a alegria
antes do sofrer


Mary Fioratti



®Mary Fioratti

09 maio 2006




P E D A L A N D O




As tardes suaves
quando o vento sopra devagar
e o sol ja esta fraco
pego minha bicicleta
e eh so comecar a pedalar
que sentimentos antigos
nascem dentro de mim
moleca, cabelos meio avermelhados
uma franjinha marota
cheirando a shampoo de camomila
e la ia eu descendo subindo ruas altas
descendo ladeiras abrindo as pernas
e rindo da propria vida
a bicicleta nao era minha
era emprestada
mas os sonhos, esses eram mesmo meus
pedalava, pedalava, depois subia as pernas
no guidao da bicicleta
soltava as duas maos
e naquele momento, com aquele vento
e aquela liberdade escancarada
batia tao forte meu coracao!
hoje quando pego minha bicicleta
e comeco a pedalar
meus cabelos ao vento
da-me aquela sensacao de levar
meu pensamento
entao pedalo, pedalo, e a calcada e longa
e eu vou indo, vou indo...
nao penso, nem levo radio no ouvido
quero essa sensacao de liberdade viva
quando contorno os buracos
subo as ladeiras...desco-as com velocidade
sensacao de controle
e como se de repente eu estivesse controlando
minha vida, meu destino
como se nao houvesse solidao, tristeza,
vazio, nem ao mesmo futuro
e sim somente aquele presente
naquele sol fraco tocando minha pele
no vento frio que erica meus pelos
nos meus cabelos que voam
nos meus labios que ressecam
Nesses momentos
eu penso que eu queria que a vida fosse assim
pedalando, pedalando, pedalando....
zunindo nas calcadas juntando as esperancas
fechando os olhos e vendo meu cabelo brilhando ao sol
com cheiro de camomila



®Mary Fioratti




FLOR SOLITÁRIA



Muitas vezes o ser humano se sente
Como uma flor solitária
Há certo tipo de solidão
que não conseguimos entender
nem repartir
Mas somente sentir...

®Mary Fioratti




NOSTALGIA



Imersa na minha nostalgia
nao encontro em minh'alma
uma gota siquer de poesia

®Mary Fioratti

04 maio 2006




NAO SEI HÁ QUANTO TEMPO...





Embebedo-me com suas palavras
gole por gole
como se o seguisse de tao perto
que me assombra!
Espanta-me essa identidade
esta calma declarada
quando trocamos palavras
ora de amor...
oras de apenas tolices
O "Eu te Amo" entremeia-se
pelas linhas
algumas vezes em sussurro
outras vezes claro
e declarado
Nao sei dizer desde quando
sinto esse arrepio na pele
essa ressaca constante da alma
Sensacoes fortes
que arrebatam meus sentidos
e deixam-me tao vulneravel
que meu sorriso se faz menina
e meu corpo se faz adolescente
meus gestos sensualizam-se
e o desejo me consome
Nao sei ha quanto tempo
estou a beber suas palavras
a fitar a sua alma
e a entender que voce é unico
em sua essencia mais pura
Passo o tempo a decifrá-lo
devorando os travessoes, os pontos
estremecendo naquela virgula certeira
e no extase daquela exclamacão!
meus olhos param naquelas reticencias
quando totalmente sem resistencia
prendo-me no parenteses
do seu coracão!




®Mary Fioratti

03 maio 2006




R E N D A S




Queria que voce ousasse
descobrir o exato exalar de meu perfume
com a umidade de sua boca
grudar suas maos nas minhas
olhar-me nos olhos
sorrir com desejo
despir-me ao som de sua respiracao
gaguejar nas palavras
tropecar no meu coracao...
Queria que voce me beijasse
e parasse para dizer bobagens no meu ouvido
enquanto sua lingua agressiva
procuraria dentro de minha boca
o ceu dos meus sentidos
Queria que voce tocasse minhas rendas
tentando entender suas texturas
com delicadeza e com ternura
alternando seus movimentos
com suavidade...e extase...
como se estivesse descobrindo
o miolo de uma flor
tocando minhas acetinadas petalas
percebendo-as com a ponta dos seus dedos
deixando-as desabrochar
na terra fecunda do seu amor...


Mary Fioratti




02 maio 2006




QUE TIPO DE MORTE EU QUERO?




A semana passada recebi novamente uma carta da Agencia Funeraria Local. Chama-se: "JAY CHAPEL".
A carta me oferecia diversos planos para o meu funeral.

Por exemplo:
1) Que comida gostaria que seus amigos comessem?
2) Que musica gostaria que eles escutassem?
3) Voce quer que seu caixao com forro rosa?
4) Temos a melhor equipe de maquiagem de Cincinnati!

Eles me ofereceram o "Premier" que eh o mais alto, e inclui: assistentes para o devido servico de papelada, arranjos de flores, remover o corpo do morto (no caso, o meu) do mortuario, mas tem que ser somente a 35 milhas do cemiterio..senao cobram mais! Entao eles tem profissional que embalsamam, vestem, fazem a maquiagem. E o carro incluido, poderia ser escolhido uma Limousine para levar meu caixao, e claro, uma limousine para minha familia.
Tudo isso, na bagatela de: U$4,550.00 dolares....

Agora...quem vai se preocupar com a comida que os amigos vao comer depois que voce estiver MORTO?
E a musica? Voce por acaso vai ouvir?
O forro do meu caixao? Cor-de-rosa? Nao tenho preferencia de cor, estou MORTA!
Maquiagem? Passei quase minha vida toda sem maquiagem, por que vou querer maquiagem MORTA?

Para me cremarem, me ofereceram $3,600.00... Pensem bem na ECONOMIA que vou fazer sendo cremada: $1,960 dolares...que posso levar comigo no meu caixao cor-de-rosa, para a Poupanca do Ceu. (convencida eu, heim?).

Meus amigos...nao me conformo com essas cartas. Olho, leio, releio, e fico pensando...
Americano tem cada uma!
Qualquer dia vou responder juro!!!!!!!

Beijos


®Mary Fioratti