27 agosto 2008


TEMPOS QUE NAO VOLTAM MAIS



Hoje com todas as tecnicas do internet podemos ver como ficariamos nos tempos antigos...















Algumas parecem fotos de minha mae nos tempos antigos.
Como era bonito esse tempo em que havia algo etereo na expressao. Um "que" de ingenuidade e beleza natural.

Estava pensando um dia desses que com a idade, tornei-me a cada dia uma pessoa mais natural.
Quando eu era mais jovem, ficava horas me aprontando para sair.
Hoje, aderi a simplicidade (como e bom ser simples!), nao uso maquiagem, e me apronto rapidamente para sair.

O que chamo isso? Seguranca. Atingi uma idade que me sinto bem comigo, do jeito que sou. Com minhas ruguinhas, com minha flacidez, e me enxergo como um todo.

E voce que veio aqui me visitar, deixe sua opiniao : qual dessas fotos antigas voce preferiu?


Mary Fioratti

PS: Ah como me perguntaram, essas foram as duas fotos que usei para fazer essas antigas. Sao fotos minhas de adolescencia.




20 agosto 2008



COLEÇÃO DE PENSAMENTOS




Fui morar em Ubatuba quando tinha 5 anos. Era uma cidade, naquele tempo, não muito explorada por turistas.
Ali crescemos de uma forma tão natural, pés no chão, idas a praia antes de escola, brincar de bambolê na praia, passear a noite pela calcada da Praia do Cruzeiro, onde nunca vi na minha vida, tantas estrelas.



Muitas vezes olhávamos para cima, e parecia que não havia um só espacinho para mais uma estrela.
Íamos minha mãe, meu pai, meu irmão e minha irmã, todos na calçada, olhando para o céu. Como sempre Ubatuba tinha problema com a eletricidade, íamos muitas vezes sem luz, apenas com a luz da lanterna do meu pai nos guiando. Alias, ele deu para cada um de nós uma lanterna (me lembro bem, a minha era vermelhinha).

Hoje sai para andar de bicicleta, o que simplesmente adoro, e me sinto de volta ao tempo de criança, quando eu andava na rua voando pelas ladeiras, meus cabelos ao vento, largando as mãos do guidão, ou abrindo as pernas como se fosse voar... que sensação de liberdade!
Parei então num lugar, dentro de uma rua, um tipo de uma "florestazinha"... tive que andar com a bicicleta, pois os caminhos eram de descida e subida. Senti um certo medo na hora, pois não havia ninguém naquele lugar, a não ser eu. Ao mesmo tempo, senti uma grande paz.

Esse lugar era exatamente igual o lugar que eu ia me esconder em Ubatuba, quando queria ficar sozinha (desde aquele tempo, preciso de um momento de solidão). Aquele lugar era maravilhoso! Tinha um riozinho que corria no meio de uma grande floresta fechada. Ali só havia eu e minha solidão. Arvores tão verdinhas, de copas largas, e eu me sentia muito protegida. Lembro que enfiava meus pés na água, e a água era tão cristalina que eu consegui enxergar perfeitamente meus pés. Parecia lugar de filme.
Ali eu falava alto sozinha.. (deveria ter meus 11 anos), e sentia uma liberdade deliciosa, própria dos adultos.
Nunca me esqueci desse lugar. Parecia algo próprio de sonho.

Hoje voltei no tempo, e fiquei a lembrar de mim... Estranho dizer, "lembrar de mim", não eh? Mas foi assim que eu me senti, com uma lembrança forte de um tempo que passou. E me vi criança.

Uma vez fiz essa poesia quando saí em um dos meus passeios de bicicleta:



P E D A L A N D O

As tardes suaves
quando o vento sopra devagar
e o sol já esta fraco
pego minha bicicleta
e é só começar a pedalar
que sentimentos antigos
nascem dentro de mim
moleca, cabelos meio avermelhados
uma franjinha marota
cheirando a shampoo de camomila
e lá eu ia subindo ruas altas
descendo ladeiras abrindo as pernas
e rindo da própria vida
a bicicleta não era minha
era emprestada
mas os sonhos, esses eram mesmo meus
pedalava, pedalava, depois subia as pernas
no guidão da bicicleta
soltava as duas mãos
e naquele momento, com aquele vento
e aquela liberdade escancarada
batia tão forte meu coração!
hoje quando pego minha bicicleta
e começo a pedalar
meus cabelos ao vento
dá-me aquela sensação de levar
meu pensamento
então pedalo, pedalo, e a calcada e longa
e eu vou indo, vou indo...
quero essa sensação de liberdade viva
quando contorno os buracos
subo as ladeiras...desço-as com velocidade
sensação de controle
é como se de repente eu estivesse controlando
minha vida, meu destino
como se não houvesse solidão, tristeza,
vazio, nem ao mesmo futuro
e sim somente aquele presente
naquele sol fraco tocando minha pele
no vento frio que eriça meus pelos
nos meus cabelos que voam
nos meus lábios que ressecam
Nesses momentos
eu penso que eu queria que a vida fosse assim
pedalando, pedalando, pedalando....
zunindo nas calcadas juntando as esperanças
fechando os olhos e vendo meu cabelo brilhando ao sol
com cheiro de camomila





Ah! que saudade dos meus cabelos vermelhos (hoje, depois de tantas tinturas e tantos brancos... nem sei mais que cor ele era), que saudade daquele cheiro de camomila quando eu voava na bicicleta e podia sentir o vento trazendo ao meu nariz. Eu aspirava aquela camomila, e expirava toda minha juventude.


Estou lendo um livro chamado "Gift of Years", de uma autora espiritualista chamada
Joan Chittister. Estou ainda no meio dele, mas encantada com tantas coisas bonitas que já li.
Uma coisa interessante que ela diz: Muitas pessoas falam que temos "uma vida para viver"... e ela discorda, dizendo que nós já vivemos nessa mesma vida, muitos pedaços de vida... a infância, a adolescência, a idade madura, e a velhice. E que temos o costume de começar com as culpas.
"Se eu tivesse feito assim"... "Se eu tivesse ido morar naquele lugar" "Se eu não tivesse casado"...
Que deveríamos viver cada pedaço da nossa vida e encerrá-lo. E começar um novo capitulo sem culpas de nada que já fizemos.
E nessa idade mais madura, começar a viver uma nova vida e apreciar tudo aquilo que gostamos, fazer coisas que sempre pensamos em fazer e que sempre postergamos.

Bonito pensar que devemos repartir nossa vida em pedaços. E como cada uma fosse única, e independente da outra. Como se fossemos pessoas diferentes, apenas aproveitando as lições que aprendemos, mas esquecendo o que "achamos" que erramos.

Pensar nos erros, da angustia. E nos leva a absolutamente nada. A lugar nenhum. E somente gasta nossas energias...

Hoje estava pensando por que agora mais velha, eu fico a sentir sensações da infância. E pensei que as pessoas mais velhas começam a resgatar aquela pureza, aquele "olhar de primeira vez" em tudo que vê. Como se estivesse conhecendo o mundo justamente agora.

Acho que amanha vou sair, e comprar um shampoo de camomila.






Mary Fioratti

19 agosto 2008



RITUAL DO AMOR



Antes do amor
meu corpo é um ritual
prepara-se com o pensamento
tremula-se com o sentimento
faz-se macio
derrama-se de ternura
fêmea no cio

Antes do amor
meus olhos tem um brilho
de fogo e desejo
ardem quando o procuram
transformam-se em mistério
quando no escuro do quarto
encontram os seus

Antes do amor
minha boca se perfuma
move-se sensual
os gestos são lentos
ao sabor do ventos
pura mulher fatal

Antes do amor
que perdure a expectativa
entre caricias intermináveis
que os olhos se enfoquem
repetidas vezes
muito antes que os corpos
se toquem

Antes do amor
que você leia em voz alta
toda a cartilha dos meus sonhos
que declame para mim
todos os versos com calma
de todas as rimas
de sua alma

Antes dos corpos se unirem
dedilhe dos pés a cabeça
todas minhas cordas musicais
e depois desse ritual
de amor puro
deixe ecoar a musica
das nossas almas
e possua-me afinal!


®Mary Fioratti


17 agosto 2008



QUERO SEMPRE DEIXAR UM SORRISO
POR ONDE EU PASSAR




A vida é feita de tantos momentos difíceis. Muitas vezes pensamos por que estamos passando por uma situação nada fácil. Ou mesmo questionando se "merecemos" ou não.
Doenças, situações imprevisíveis, ou no emprego, ou em casa, ou na rua. Situações
com pessoas que nos apunhalaram, com filhos que se mostram não agradecidos, com
amigos que pensávamos ser amigos...

O que é essa vida a não ser um Grande Aprendizado?

Muitas vezes repetimos "eu não mereço isso"... Com certeza merecemos. Deus coloca
situações em nossas mãos para aprendermos a lidar com elas. Muitas vezes são difíceis, e parecem "quase impossíveis", mas vamos contornando até que conseguimos superar.

Existe melhor sensação no mundo do que superar um problema? Sentir que crescemos e aprendemos? Nos sentimos superiores e capazes.

Quando adolescente sempre fui uma menina com muitos medos. E meus medos eram tão grandes, que me dominavam de uma forma absoluta!
Um medo que sempre tive desde criança: me perder de minha mãe. Se eu estava na rua com ela, e por um instante não a via, entrava em pânico. E esse pânico foi me acompanhando na vida, em relação ao meu marido ou minha filha.
Ou... se alguém atrasa e não chega na hora que previu, começava a sentir aquela angustia dentro de mim como se tivesse acontecido alguma coisa horrivel.

Como essas coisas são construídas dentro de nós? Simples fatos que nos deixam completamente fora de nosso equilíbrio?

A idade ensina pacientemente a passarmos em cima de nossos traumas. De coisas que trouxemos dentro de nos em nossa infância. Não acredito que seja culpa de nossos pais, ou de amigos, ou de pessoas. Mas nossa própria culpa, nosso modo de ser, o envolvimento que temos com os outros, e a briga com nossos "fantasmas"...
Cada um nasce de um jeito.

Muitas vezes pensamos não sermos capazes de suportar uma dor. E quando vemos, aprendemos a lidar com ela, e a superamos.

Você sabe resolver essa equação? 1/3 + 3/4 + 4/6 = ?

Precisamos então achar o denominador comum, saber das regras para a soma, divisão, e multiplicação para achar a fração final.

Assim é nossa vida. No nosso dia a dia passamos por tantas lições de crescimento. Num Supermercado, ou na sala de espera de um médico, cruzando com alguém no transito, passando por um vizinho, ou uma criança.
Deus esta passeando por ai, e colocando em frente de nos essas equações para resolvermos, como se fossem provas de escola...

Vocês ainda se lembram da satisfação de resolver um problema de matemática? Chegar a uma conclusão que batia direitinho com a resposta do professor?
Ou da felicidade de ter ido bem numa prova?

Assim nos sentimos nas "equações da vida"... E o "denominador comum" tem que ser o bom senso. Para que querer ganhar sempre? Por que não aceitar a perda, e aprender com ela?

Muitas vezes o ganhar não nos traz tanta satisfação como o perder. Porque através das perdas, chegamos no fundo de nos mesmos. Sentimo-nos arrasados, tristes, mas de repente vamos emergindo desse fundo, entendendo uma serie de coisas que não entendíamos.
A satisfacao pode nao ser momentanea, mas chega com o tempo.
Depois da situação de crise, sempre vem aquele esclarecimento, e entendemos tudo tão bem como se estivesse escrito em nossa frente.

Essas coisas que muitas vezes achamos que "não merecemos", na verdade o merecimento é que nos faz encontra-las. Para crescermos espiritualmente.

Quando Deus tira dos nossos caminhos coisas que para nos são imprescindíveis, Ele está nos mostrando que precisamos trabalhar e entender o que e realmente prescindível.

Sei que com tudo isso pareço uma conformista. Mas não sou não. Sempre estou procurando entender todas as mensagens que Deus nos manda. Ler através dos fatos.
E muitas vezes tambem me revolto. Mas acabo aprendendo.

Já me perguntaram antes: "Você e assim sempre feliz?" Não, não sou sempre feliz não.
Procuro passar para as pessoas o melhor de mim, e de tudo que eu vejo. Mas tenho sim meus dias tristes, pensativos. Tenho minhas decepções e ainda minhas inseguranças.
E tento trabalhar nelas com muito afinco.

E importante o "modo" que você lida com elas.

E principalmente aprendi uma coisa que para mim é meu lema de vida:

"Deixe um sinal de alegria por onde passes" (Chico Xavier)

Assim sou e tento deixar sempre um sorriso.
(Alias, voces ja me viram em alguma foto séria? - Risos!)

Deixo aqui no final essa musica linda do Milton Nascimento, "CAÇADOR DE MIM"...

Assistam. A letra tem tudo a ver comigo!




Mary Fioratti




09 agosto 2008


PENSANDO EM VOCÊ MEU PAI





Essa foto é do meu pai, quando era um bebezinho... Engracado que nunca pensamos no pai da gente ter sido um bebe, não é verdade?
Olho para essa foto e me dá uma grande ternura, pois eu visualizo meu pai crescido, e aquele pai que eu conheci adulto.
Suas mãozinhas que estao em suas pernas... lembro ate hoje como eram , alias, muito parecidas com as minhas. Olho minhas mãos, e sempre enxergo as mãos de meu pai (e em tantas outras coisas...).

Essa foto foi tirada há mais de 90 anos (incrivel, nao é?).

Lembro de meu pai todos os dias, em pequenas coisas na minha rotina. Quando estou cozinhando lembro sempre dele em sua arte em cortar a cebola, preparar uma salada especial de ultima hora, aquela sopa de verduras deliciosa no tempo do frio... o lagarto recheado com ovo e linguiça.
Nossos almocos em casa eram ao meio dia. E meu pai nao abria mão desse horario, queria todos na mesa.


SEMPRE ALEGRE E ENERGETICO



COM MEU QUERIDO TIO LUIZ EM UM NATAL



COM SEUS NETOS



SUAS BRINCADEIRAS



A alegria de meu pai era sempre contagiante. Parecia uma pessoa que nada o fazia desistir da vida, nem pensar nada de uma forma negativa. Estava sempre com a energia lá em cima. Era uma pessoa que nao se dobrava aos problemas da vida. Via tudo com otimismo, com coragem, com muita fé .

Tenho até hoje na memoria o seu assobio quando chegava em casa. Ficou a sua marca registrada no tempo em tantos momentos e tantos sons.

Sempre admirei sua letra bonita, parecia bordada... e ele gostava de me chamar de Russa (quando pequena eu tinha cabelo vermelho e sardas).
Esse é um "PS" que ele colocou na carta da minha mãe quando escreviam para mim aqui nos EUA.



Lembrancas que tenho marcantes:

- Voce foi quem me levou no Banco para ter meu primeiro talão de cheques.
- Carregou-me para o Hospital nas minhas crises de bronquite
- Deu-me dois dicionarios de Ingles do Michaellis quando entrei na Ericsson
como Secretaria-Bilingue
- Ensinou-nos a ser corretos, honestos, e a gostar do trabalho

Essa foi a ultima vez que o vi em 2002:




Foi minha irma quem cuidou de meu pai até o fim de sua vida.
Deixo para finalizar uma poesia que ela fez que retrata tao bem o AMOR que sentimos pelos pais quando ficam velhos, atraves do entendimento e aceitação.



UM REENCONTRO


Hoje, quando vi teu rosto
chamando-me, ao amanhecer,
entendi porque a Misteriosa Vida
colocou-nos lado a lado...
Parece não existir poesia
em nosso cotidiano
feito de tantas lutas,
de problemas corriqueiros,
mas quero dizer que te amo muito
mesmo que a dor da incompreensão
às vezes dilacere nossa alma...
Quero dizer que em teus lentos,
silenciosos passos,
em tuas palavras breves,objetivas
em teu mundo fechado
quase sempre tão difícil de entrar,
vou encontrando aos poucos,
minhas lembranças, meu presente,
minhas respostas..
Quero dizer que dia-após-dia
reconheço-me em teus traços,
e enxergo-me através de ti...
Quero dizer que amo a vida que me destes
e este sangue, correndo em minhas veias
e também, todos os pensamentos
que até hoje a mim dedicastes
e a tua presença em minha vida
que é sempre força,
mesmo invertendo-se os papéis.

Se hoje és criança,
aprendo contigo a paciência,
se hoje, dependes de ajuda,
aprendo contigo a proteger
se és hoje mais confuso e triste,
busco em mim alguma razão
para fazer-te alegre...

E mesmo errando tantas vezes
repetimos,juntos, dia-a-dia,
a lição do reencontro...

Envio-te um beijo, meu pai.


Maria Lúcia




Sua imagem e muito forte em nós, Pai!

Assistam esse video, uma linda homenagem aos PAIS!




Deus te abencoe Meu Pai!


Beijos saudosos


Maria Inês (Russa)






05 agosto 2008




NAS ONDAS DO SEU AMOR



Fecho os olhos
tão aguçados no sentir
e escuto seus passos
Sem virar meu corpo
aspiro o cheiro de sua pele
Pressinto-o!
Sei de cór
o caminho de seus passos
que vem tao pedintes
do meu abraço
Dessa sua boca entreaberta
que mostra a lingua faminta
de suas mãos aflitas
que entram em minhas roupas
e acendem desejos
Sei de cór
o rolar de seu corpo
no meu corpo
seu olhar esgazeado
nosso delirio
E sei daquela dormência
de calma e êxtase
depois do amor
Ah! eu sei de cór
tantas coisas que nao falo
e meu corpo arrepia
e traduz-se em sinais

Sei de cór
quando estamos a sós
e esse mar de sentimentos
entre nós...

(quero afogar-me em seus braços
e morrer nas ondas de seu amor)

Leva-me!


Mary Fioratti