25 janeiro 2011



(esta e uma montagem que fiz de uma foto de adolescencia numa moldura de cabelo que gostaria de ter...)


QUERO UM SORVETE DE SONHO



Ando tão blah! Vocês já se sentiram assim? Blah mesmo. Aquela sensação de não ter para onde ir e porque ficar. Isso somente uma forma de "expressão", não no sentido verdadeiro da palavra.
Mas assim quando a gente fica parada, estancada, bem no meio de alguma coisa que não sabemos o que é.
Tantos questionamentos, tantas perguntas com múltiplas respostas. Ou algumas vezes sem resposta nenhuma.
Quando a gente vai perdendo aquela "adolescência" (sabem do que estou falando?)... vamos nos tornando chatos, querendo adivinhar o que vai acontecer.
O mais delicioso da vida é o não imaginar, e simplesmente se jogar.
Mas o que acontece e que passamos dessa fase de nos jogar. Por mais que a gente de uma "jogadinha de leve", fica com as duas mãos agarradas no parapeito da janela e com os pés grudados no chão.

Da para entender esse momento?

Faltam as asas. Aquelas asas que tínhamos e que voávamos alto, sem medo de cair.
Em uma certa altura do campeonato esses voos se tornam rasantes. E meio medrosos.
Que pena... que pena...

Que pena que quando damos conta, já passamos daquela linha do ousar. Ou seja, ousamos, mas de uma forma mais comportada. Voamos, mas de uma forma mais segura. Sonhamos, mas com a realidade estampada diante de nós.

Nos tornamos "adivinhadores de futuro"... baseados em coisas que já aconteceram, achamos que podemos prever as situações, os erros, e passamos ate a conhecer todas as espécies de sintomas.

Como é chato isso...como e chato.

Sinto saudades de mim. Como me resgatar? Como trazer de volta aquele sorriso inconsequente? Aquele caminhar na beira do precipício? Aqueles voos altos, as asas tocando as nuvens, e a cabecinha tocando os mais altos sonhos!
Ando tão chata que ando cansada de mim. Pareço estar sentada diante do livro da vida, tentando decifrar os capítulos...

Desenho meus sonhos, e sem que eu perceba começo a colocar nele os empecilhos. Ai vem os "mas"...
Quero uma vida sem "mas", sem hesitação. Quero brincar com o momento.



Andar sem medo de cair. Amar sem medo de sofrer. Viver sem medo do amanha.
Tentar colecionar os minutos importantes do meu dia, e cola-los na minha realidade.
Aprecia-los. Vive-los.
Exaltar a beleza do existir, do poder sentir.

Sim, eu ando chata. Querendo mudar o mundo, sentir o que os outros sentem, adivinhar o futuro.
E minha bola de cristal que estava cheia de poeira, voltou a brilhar. Passei nela aquela flanelinha e estou eu a querer descobrir o amanha.
Por tanto tempo eu a deixei escondida, sem me preocupar com ela. Agora, volto a tona.
Como estou chata.

Tirem-me dessa chatice. Ofereçam-me um sorvete de sonho, com cobertura de nuvens, numa bandeja de surpresas.
Quero fechar os olhos e saboreá-lo com a alma.



Desvendar as surpresas lambendo-o com a língua. Fazer cara de criança e encher minha alma de sonhos.

Mary Fioratti

16 janeiro 2011



SIMPLICIDADE


tão fácil é conversar com você
quando as palavras fluem emocionadas
e os segredos se desmancham simples
em nossas bocas
sua voz me traz lembranças
do meu tempo de infância
quando aquele riso solto se fazia
sem malicias...com delicias
de uma perene fantasia
tão fácil é conversar com você
ouvir sua voz límpida
abraça-lo em pensamento
e ficar a imaginar
o vôo dos seus olhos
a energia constante de sua mente
falo de mim com naturalidade
nem preciso buscar no fundo de minha alma
as minhas verdades
porque elas fluem como água límpida
da fonte do meu existir
de mim
para você
uma entrega aberta, e honesta
um romantismo deliciosamente tolo
quando você me fala de amor
e eu lhe respondo
com canções da minha alma
tão fácil falar com você
embaixo das cobertas de nossos sonhos
ou do sol morno das nossas almas
quando nossos pensamentos se buscam
num entendimento mutuo
sem necessidade de palavras
tão fácil amar você
de um modo simples e espontâneo
detendo-se na pura concepção do ser
onde o simples torna-se importante
quando minha alma meio agonizante
mergulha na sua para renascer

®Mary Fioratti

,

06 janeiro 2011




APOLOGIA AO IMPOSSÍVEL



seria tão fácil nesse momento
simplesmente fingir que não ouvi
o que você disse...
palavras ao vento, apenas palavras...
no entanto não posso ignorar
tudo que vem de dentro de você

seria tão fácil nesse momento
apagar frases da memoria
e fingir que não escutei
e seguir como se nada tivesse acontecido
como se apenas fosse
uma briga a mais...

seria tão fácil nesse momento
olhar para o horizonte e fitar o azul do céu
como se o estivesse vendo
pela primeira vez
(mesmo não estando)
com um olhar surpreendente

seria tão fácil nesse momento
sorrir como sempre
deixando aquela deliciosa frescura
de nossas longas conversas
refrescar minha alma
ouvir o seu riso, o meu riso,
depois aquela parada
e nossa risada juntos
que comunga uma alegria incomum
de termos um ao outro

o difícil nesse momento
diria, muito difícil
mas muito difícil mesmo
seria apagar seus olhos dos meus dias
desligar a musica da sua voz
queimar as letras de suas cartas
não lembrar que você existe
não...isso não seria muito difícil
seria realmente impossível
eu digo: IMPOSSÍVEL!


Mary Fioratti