28 fevereiro 2009



A DOR DO AMOR



A dor do amor é como um relâmpago
num céu limpo e azulado
intenso, possante, dominador
o coração se sente assim...despedaçado
é assim a dor do amor
por que o amor dói?
se deveria apenas amansar a alma
por que exulta-se? incendeia-se?
por que queima? arranca a pele?
a dor do amor
...parece ferida aberta
sangra... fica exposta
e não ha band-aid que a cubra
não ha remédio que a anestesie
arrepia a alma, parece que nunca passa
é como numa janela de um trem
quando a paisagem passa...passa....
e nunca acaba...
como se o mundo não tivesse um fim
naquelas estradas intermináveis
assim é a dor do amor
uma loucura em vida
um pano de fundo
um riso descontrolado
um choro descompassado
a dor do amor só passa
quando acorda a alma
que dorme tranquila
e a deixa em alvoroço
ela quer a presença
o cheiro, o toque, o abraço
quer o beijo enroscando línguas
as pernas entrelaçadas
e depois do amor,
essa mesma dor... o amor abraça



fecha os olhos devagarinho
acalma todos os sentidos
e fica em estado de graça


Mary Fioratti

25 fevereiro 2009


PALAVRAS INÚTEIS




Tantas palavras inúteis
sentimentos inexplicados
solidão sem tamanho
alma machucada, momento parado
desilusão!
tantos engasgos entre pensamentos
frases paradas no tempo
no passado, no presente
estradas longas, passos que se arrastam
minutos que são longos
realidade estampada
na lentidão das horas
tantas palavras inúteis
tentando explicar coisas
que são etéreas, e maravilhosamente reais

Pausa!



coração que bate a distancia
como um tambor anunciando uma guerra
flui do corpo uma energia
espargindo-se no ar parado e sufocado
da distancia
tantas palavras inúteis
quando o coração esta inflamado
louco e disparado
quando o corpo geme de desejo
e a madrugada se transforma
num orgasmo calado, sufocado
tantas explicações sem motivo
quando lá fora a chuva cai intermitente
e molha essa saudade em cada

g

o

t

a

que cai na terra cheia de folhas secas
tantas palavras inúteis
para se explicar solidão
quando por si mesma ela se torna
um grande monstro sem formas
que segreda em nossos ouvidos
um amor irracional
passional
louco
manso
vital
tantas palavras inúteis
quando o encontro das almas
explode nas palavras e nos sentidos
quando a dependência do amor
se faz presente a cada dia
mostrando nesse momento
que nenhuma palavra dita
seja ela de dor
ou ódio
ou revolta
poderá mudar dentro de mim
este sentimento

Maria Fioratti

17 fevereiro 2009



ESTÁTICO



Houve um momento
breve instante
que parou o girar do mundo
e tudo ficou estático
percebeu-se a essência
num piscar de olhos
profundidade absoluta
do sentimento
Houve um momento
em que não foi preciso
nenhuma palavra de amor
sussurrada a meia-luz
nem a caricia nos seios
ou o suspirar eterno
dos anseios
escancarou-se apenas a alma
abrindo suas asas
inexplicavelmente
Houve um momento
em que nossos corpos desceram
bem no fundo da realidade
e leves...flutuantes
subiram etéreos no mundo do sonho
e entenderam que era muito mais
do que apenas palavras
Houve um momento
em que percebemos
o amor inteiro, não-sexual
mas feito de doçuras
em gestos suaves e ternos
onde os olhares
trans-cederam a alma
trans-bordando ternuras

Mary Fioratti

15 fevereiro 2009


O DIA DOS NAMORADOS DE TODOS DIAS




QUERO HOJE

Quero hoje
seu primeiro olhar da manhã
espreguiçando seu corpo
e aquele abraço demorado
isento da louca paixão
um abraço sentido
gostoso e inteiro
daqueles que aquecem a alma
quando nossos corpos mornos
brindam nosso "Bom Dia"

Quero hoje
olhar suas mãos
que vagarosamente
sem pressa
cortam um pedaço de pão
sobre a nossa mesa
aquelas mesmas mãos
que guiam nossas vidas
com carinho e pureza

Quero hoje
seguir seu vulto
interiorizar seus movimentos
amá-lo de longe
sem que você perceba
e guardar esses momentos
como em um álbum
de fotografias

Quero hoje
amar você em silencio
dizer a você tanta coisa
que está aqui no meu peito
mas apenas gesticulando
meu olhar
que o atinge com paixão
e o meu abraço
que abre por completo
meu coração

Quero hoje
que sinta o meu beijo
em suave carícia dolorida
e que deite sua cabeça
no leito morno do meu colo
e deixe escorrer a água do rio
da sua vida

Mary Fioratti



Uma coisa que irrita muito meu marido é minha demora ao me aprontar. Pode ser para ir comprar pão na esquina, ou para ir fazer compras.
Mas assim eu sou. Vaidosa. Não aquela vaidosa que só pensa nisso, ou que o corpo é mais importante que o interior, que a alma. Não!
Mas acho que uma mulher tem que ser mulher!
Ou seja: o homem já é bonito do jeito natural dele: calca jeans, cabelo molhado, uma colonia, um par de tenis...
A mulher ela precisa mostrar sua feminilidade, em pequenas coisas. Um perfume gostoso, um creme no corpo, um cabelo arrumado, uma roupinha bonitinha (não precisa sair de vestido longo todos os dias - risos).

(Lembram-se dos vestidos longos nos bailes? Que saudade!).

Todos os Sábados vamos ao Supermercado juntos fazer compras. E todos os Sábados, assim como nos dias de semana, eu levanto, tomo meu banho e lavo minha cabeça e é um costume que tenho desde menina, não consigo deixar de lavar minha cabeça. Parece que um banho assim lava a alma.

Então quando desci vestida simplesmente, com minha "fuso", (meu uniforme de inverno) e coloquei um lencinho qualquer no pescoço para dar um "ar" de roupa nova, meu cabelo arrumado, tenis, perfume, meu marido perguntou: "Por que você precisa se arrumar para fazer compras?" E eu respondi para ele: "Você me pergunta isso há 30 anos!". Rimos os dois.

Ontem foi o "Valentine's Day", aqui nos EUA, "Dia dos Namorados" e também "Dia dos Amigos", ou seja, você manda um cartão também para quem quer bem.

Já recebi algumas rosinhas do meu marido nesse dia.

Depois de 30 anos de casados, o romantismo está nos pequenos gestos, que para mim são mais importantes do que flores.

O cuidado que ele tem comigo. As coisas que ele sabe que eu gosto, e faz. Tudo que ele desiste, para estar comigo. O prazer de um café da manha juntos, todos os dias. Ele levanta as 5:30, e eu só entro no serviço as 9:00. Mas levanto com ele, preparo o café, tomamos juntos, todos os dias. O romantismo está em limpar meu carro cheio de neve. E esquentá-lo para mim. Assim como esquentar meu lado da cama.

O romantismo está em me ligar para saber se cheguei bem, quando há uma tempestade de neve. Preocupar-se se saio mal agasalhada no frio. Trazer para mim um cobertor quando vem assistir TV.

Fazer uma macarronada especial no Domingo (único prato que ele sabe fazer - risos - mas e delicioso!).

O romantismo é saber que ele está ali para mim sempre, corpo e alma, interessado no que falo, dando opiniões na minha vida, mas nunca sendo invasivo. Respeitando profundamente minha individualidade.

O romantismo é vê-lo chorar porque um exame que fiz nao acusou o que eu pensava ser.

Mandando emailzinhos durante o dia perguntando : "o que temos para jantar?" "Vamos ao clube hoje?"... "Como foi o serviço hoje?"

Nao gostar tanto de poesias, mas entender minha veia poética. Incentivar-me sempre.

O romantismo é depois de 30 anos, ainda gostar de estarmos juntos, onde quer que seja.


Mary Fioratti

PS: Hoje fomos a missa, e havia a comemoracao de cinco casais, dois fizeram 25 anos de casados, e os outros tres, 60 anos de casados.
E o Padre perguntou: "Qual o segredo de tantos anos juntos?" para cada casal. As respostas foram diversas (e até engracadas), mas uma me fez pensar na veracidade dela.
O homem disse: "O amor somente nao basta"...
E pensei, que na verdade o amor é parte, é parte importante, até essencial, mas ele sozinho nao faz nada! é preciso haver sacrificio, mudanca, um pensar mais no outro, e nao em si mesmo.
Somente casada ha tanto tempo eu posso entender quão verdadeiras foram essas palavras!


12 fevereiro 2009


A NOSSA MÚSICA






Quero compor uma música
com as notas musicais de sua voz
com todos os tons e entretons
com aquela gravidade máxima
e doçura infinita
Depois tocá-la infinitamente
até que meus ouvidos se saturem
estudar as entonações
subir nos agudos, descer nos tons graves
Sabe aquela sua voz
quando estamos a nos acariciar?


É essa sua voz que quero
para sempre em minha mente guardar
quando ao som de suas palavras de amor
seus olhos mudam de cor
e suas mãos acompanham lentamente
aquelas notas conhecidas
nas pautas de meu corpo


Quero compor uma música
quando nossas almas se juntam
com aquele beijo de nossas bocas
e os nossos cheiros se misturam
aquelas notas cheias de melodia
que mais parecem harpas de anjos
emitindo os sons de nossa fantasia


Vem! quero compor depois nosso dueto
quando no escuro do quarto
as notas de amor de nossas bocas
sufocam todos os outros sons!
Descobre comigo as notas de nossa música
para que possamos ouvi-la com o coração
quando separados por essa distância
ela possa ecoar em nossa solidão




Mary Fioratti

Como sou uma romantica incorrigivel, coloquei lá em baixo do meu Blog, a última cena do filme "FALLING IN LOVE" com o Robert DeNiro e a Meryl Streep. Assistam!

09 fevereiro 2009



MINHA SEMENTE


A vida me deu experiências
que não tem preço
ensinou-me a ter paciência
(embora ainda muito falte!)
a acreditar que existe sempre um começo
a suportar a ausência
a cada sofrimento, a cada lágrima
meu espírito tornou-se forte
e já não se verga
com o vento forte
ou com a palavra rude
já não sinto aquele apelo imediatista
de responder a uma pergunta
pelo simples fato de querer vencer
ou provar minha opinião
quando me fazem a pergunta
tento enxergá-la pela visão do outro
e não pelos meus olhos
sigo na vida
sem distribuir cartas
sem comprar o bagaço da mesa
sem esconder atitudes
não jogo (nem bebo ou fumo)
mas nao julgo aqueles que o fazem
apenas depois de meio século vivido
tento sentir com intensidade
todos os meus momentos
e na terras molhadas das diversas cabeças
tento semear meus pensamentos mais bonitos
se eles dão flores de vivas cores
é porque encontraram uma terra fértil
que de mim necessitava
(Fico feliz...por fazer alguém feliz!)
quando é assim, ergo minha cabeça
olho diretamente na vitrine do rosto do outro
perco-me no túnel dos olhos
toco o rosto com minhas mãos
num gesto suave
e tento enxergar a alma
mas se sinto a inconveniência
no momento em que falo
recolho-me humilde
no castelo de meus sonhos
e me calo


Mary Fioratti

05 fevereiro 2009



SENTIMENTOS INEXPLICÁVEIS



Ontem uma amiga de minha filha veio me visitar, e trouxe sua filhinha, ela chama-se Abbigail (Abby).
Fiquei com aquele bebezinho nos meus braços, e senti uma saudade muito grande de quando adotei minha filha, e ela um pinguinho de gente.
Acho que de todos os papeis que já desempenhei na vida, o de MÃE é o que me deixa mais realizada.
Uma vez eu li que "um filho e um pedaço do nosso coração que vive fora do corpo"... quanta verdade nessa frase!

Sempre fui uma mãe muito grudenta. Fui tão participativa na vida da minha filha, que quando ela foi para a Faculdade e mudou de casa, deu Graças a Deus! (risos).
Mas é verdade!
Estava sempre atenta aos mínimos detalhes, acompanhava-a em todos os lugares, ia busca-la... telefonava.

Lembro bem quando ela pegou o carro pela primeira vez e foi para a Escola de manha. Eu disse: "Quando chegar, me passa um torpedinho". Contei os minutos. Pareciam horas... e meu marido: "calma, ela vai ligar"... Depois de um tempo, ela me ligou: "Cheguei!" Que alivio!

Como toda mãe que se "preza" (digo em relação a sentimentos), hoje eu faria tanta coisa diferente! Sabem por que?
Depois de tanto tempo supervisionando, ficando em cima, achando que eu estava no "poder", percebi que não temos controle de NADA...
Digo: NADA...Tantas coisas aconteceram fora do meu controle.

Deus esta na direcao, no controle, e não adianta tomar as rédeas Podemos ensinar. O melhor ensinamento é aquele que mostramos o que é certo através das nossas proprias atitudes. Essa é a verdadeira influencia.
Mostramos a eles que durante esse tempo todo de vida, aprendemos alguma coisa (embora eles não acreditem e achem que não sabemos nada). Mas eu sei que um dia a ficha vai cair (assim como caiu para mim).

Não nascemos assim prontinhos como estamos hoje, com esse amadurecimento todo... A gente se esquece...não é verdade?

Minha filha e o namorado terminaram depois de 1 ano de namoro. Eu fiquei tão triste, mas tão triste, parecia que EU havia terminado um relacionamento. Fiquei numa "fossa" daquelas... imaginando que minha filha estava sofrendo... no entanto, quem estava sofrendo MAIS era eu...risos
Então um dia no telefone ela me disse: "Hoje sai com ele para conversarmos". E eu pensei: "Por que ela fez isso, que boba!"
Então lembrei de todos os bailes que quando tocava a "Estrela Dalva", eu corria para os braços do Serginho, ou quando mesmo não estando namorando, ligava para o Hugo e nos encontrávamos, de todas as vezes que sai com o Edu, sabendo que ele era noivo...

Que maravilhosa é a adolescência! A gente se entrega de uma forma tão inteira e absoluta. Não tem medo de nada. Sofre por tabela. No outro dia, o sol esta novamente brilhando, o rosto bonito, os cabelos viçosos, o corpo fresco e jovem, a vontade de recomeçar sempre.
A gente ia para a cama e dormia, sem ficar pensando no futuro.

Se fosse hoje adolescente, não teria graça Não iria fazer nada que fiz. Iria pensar muito. E não ia ter toda diversão que tive. Adolescente pensa? Não!

Quando "amadurecemos" (vamos dizer assim, em vez de dizer "envelhecemos"...não é?) pensamos muito em tudo que fazemos, nas consequencias, no "amanha". Pensamos demais, medimos demais.

Sinto saudades do meu jeito irreverente de ser, de minhas fantasias, de meus sonhos malucos, de minha ingenuidade, embora ainda continue um pouco assim. Mas existe um freio agora que antes não existia.
Parece que eu mesma segurei minhas rédeas, e disse: "ooooooa" vamos mais devagar!

Detenho-me então naquela analise psicológica que fiz quando tinha 21 anos, que dizia assim: "Detesta a analise de pormenores superficiais, vai a essência buscando a síntese".

Sou uma mulher que procura a síntese, mas não antes sem passar pela essência .
Nao gosta de pormenores superficiais mas gosta de descobrir pelos olhos. Pelo sentir. E não por pequenos detalhes.

Muitas vezes peco pela descoberta da síntese Porque há vezes em que é necessário mais análise. Mas detesto análises! Desde aquelas deitadas no divã como as sintáticas (de frases ou sentimentos).

Fico a imaginar hoje como eu seria se pudesse corrigir a "análise sintática" da minha adolescência! Ah! acho que não iria corrigir nada...queria ter aquela mesma carinha de bobinha.



Vejo que meus olhos nao mudaram. Continuam refletindo o mesmo sentimento interior. Nada se quebrou em meu olhar. Ele ainda reflete meu coração.

Hoje vivo assim: sentindo intensamente cada momento. Pisando no freio, mas não deixando nunca de sentir.


(Eu e minha filha, há alguns anos atrás, em sua fase de adolescencia)

Mary Fioratti

02 fevereiro 2009



AQUARELA DE SONHOS



Tomei suas mãos
como se elas fossem santas
e pudessem curar
todas as minhas dores
olhei em seus olhos
como se fosse
a paisagem definitiva
de minha vida
beijei sua boca
como se sua saliva
fosse a única vitamina
essencial
necessária
para minha vida
amei você a distância
segui silenciosamente
seus passos
chorei copiosamente
diante do óbvio
depois...
foi uma calma mansa
uma realidade viva
o coração voltou a bater
em ritmo normal
de sanidade
e num momento profundo
de dedução
percebi claramente
que criei você
com as tintas
da minha imaginação
pintei seu rosto
criei sua alma
e depois como todo artista
quando termina um quadro
senta exausto
e analisa suas emoções
com os olhos parados
na tela morta
vi tantas noites sombrias
com alguns poucos dias
ensolarados e risonhos
e percebi que dentro de mim
tudo o que hoje restou
foi uma aquarela de sonhos...





Mary Fioratti


GANHEI UM PRESENTE QUE ME DEIXOU MUITO FELIZ. ESSE SELINHO "SOBREVIVENTE DO ROMANTISMO".

Ganhei-o de meu amigo Frederico, do blog:

  • PISTAS DE MIM MESMO