UM MERGULHO NO MEIO DO CORAÇÃO
Lembro agora daquela musica :"Alguma coisa acontece no meu coração...quando eu cruzo a Ipiranga com a Avenida São João"...
BRASIL...BRASIL....
Quando pisei naquele chão depois de tanto tempo, era como se eu estivesse sendo sugada pela energia e beleza de minha terra.
Andando pelas ruas, sentindo a energia no ar...
Andei carregando minhas malas, passando pela Alfandega, ansiosa para encontrar meu cunhado e minha cunhada que estavam me esperando.
Um abraço sentido, e saudoso.
E lá fomos nos para São José dos Campos.
Na estrada paramos para um almoço delicioso! Nada como a comida brasileira! Um
buffet com tudo que eu poderia sonhar.
Dali para a frente, foi somente emoção em cima de emoção. Difícil descrever o que sinto ao entrar pelas ruas que morei. Nos lugares que estive. Rostos se desenham nos caminhos, enquanto ando... Abraços antigos se delineiam na solidão de meus passos, criados com minhas lembranças. Como o Banhado, por exemplo. Quantas vezes namorei ali deitadinha na grama, vendo o por-do-sol, escutando historias de Fernao Capelo Gaivota.
Nas ruas, o meu povo, sangue brasileiro. Pessoas com alma, com coração, que me olham e conversam comigo como se tivessem me visto "ontem".
Dou sinal a um ónibus, e entro misturando-me com meu povo. O desejo de sentir que pertenço a aquele lugar.
Uma sensação indescritível de unidade absoluta.
Sinto-me tão diferente! Como num passe de magica de repente volta essa Maria Inês que sempre existiu. Uma que pode falar o que pensa, rir por nada, olhar as pessoas nos olhos, abraçar a vontade. Reuniões de família onde deixo escapar minhas risadas escandalosas como as da minha mãe.
Onde ha abracos sentidos e verdadeiros:
Não é preciso ir na casa da minha cunhada das 5 as 8. Posso chegar a qualquer hora, tocar a campainha, e ser brindada com um abraço e um café e não preciso medir o que faço. Não tenho hora para chegar, nem para sair. Tenho passe livre de identidade, onde quer que eu chegue.
Na casa de minha irmã, novamente dormimos no mesmo quarto como antigamente. Ficávamos conversando ate altas horas da noite, rindo de nada... A garrafa térmica na cozinha, as torradas, o queijinho branco. O chuveiro que faz barulho (que tem resistência), o sabonete Lux ou Rexona.
A novela das 8. Por que a Flora quer matar todo mundo? Por que a Donatela não conta
que eh mãe dele? Suspense... próximo capitulo! As saídas para a padaria comprar mortadela. Mortadela com pão e café com leite. Existe coisa melhor?
Encontro com os amigos. Aqueles abraços longos, apertados, o riso solto. As lembranças.
A risada franca da Cidinha...enquanto eu abocanhava uma esfirra...
Amiga do coracao...amigas "peruas" (somente ela sabe o significado disso - risos), fui visita-la em Sao Paulo. Ela ja morou aqui nos EUA por 10 anos e sinto muitas saudades. Somos daquele tipo de amiga que nao precisa se dizer muito, mas apenas sentir (apesar de que quando estamos juntas, eu falo muito!).
Minha amiga Joana e seu filho Bruno. Joana e eu temos uma amizade ha trocentos anos. Iamos para a escola juntas todos os dias (ela passava em casa). Tempo de Bailes, de Roberto Carlos. Joana é a UNICA amiga daquele tempo que ainda mora na mesma casa, e tem o mesmo numero de telefone! Ela é meu ponto de referencia!
Tantas lembranças vêem ao meu encontro ao andar pelas avenidas do centro e ver o cinema que meu pai trabalhou 20 anos (hoje um Estacionamento), as pracinhas, os banco de jardim.
Lembrou-me a musica do Roberto: "Tudo era igual como era antes...nada se modificou...acho que só eu mesmo que mudei"...
Estávamos no shopping eu e minha amiga Emília tomando um café capuccino e de repente parou uma menininha com o pai. Ela ficou olhando para nos, e a Emilia brincou com ela, passando a mão na sua barriguinha. Perguntou seu nome. Imediatamente lembrei daqui... o que aconteceria se eu passasse a mão na barriguinha de uma menininha? Possivelmente seria presa. A pura verdade.
As crianças são acostumadas a dizer: "Don't touch".. (não me toque)... As crianças brasileiras no entanto vêem com sua pureza e simplicidade, com sua alegria natural e espontânea. Lindo isso... comovo-me com essa naturalidade de nosso Pais.
Que linda a moda brasileira! Estava a observar as mulheres no Shopping, suas bijouterias extravagantes, corpos tao bonitos, sandalias altas, tirei foto de algumas vitrines:
Conversei com tantas pessoas no ponto de onibus, troquei receitas na fila do
Supermercado, conversei com o motorista de táxi, com o cobrador de onibus, na Padaria, Farmácia, em todo lugar. Parece que no Brasil eu não me amedronto, porque eu sou eu mesma, não tenho medo de ser tolhida no que falo, ou não tenho a menor preocupação do que pensem.
Que energia linda de nosso Pais! Quanta coisa boa tem nessa terra! A irmandade, sinceridade, abertura, olhos nos olhos, sorriso de graça...
Não deixei de parar na Padaria para comer um delicioso café com leite e pão com mortadela. Fresquinha. Comi mandioquinha frita, escondidinho, pasteis, fava com linguiça, sagu, coxinha de frango com catupiri, croquete, quibe, caju, mamão papaia, manga, banana, beterraba (tão docinha!), empadinhas, carne seca, tomei guarana, agua tonica, comi chocolate de toda especie (bombom Garoto - que delicia!),
comi queijo branco com torrada, geleia de goiaba, carne com mandioca, pure de
mandioquinha, frango com milho verde, truta, doce de leite...mousse de chocolate.
Comida caseira!
Pisei no chão, na terra, andei subindo e descendo ruas desconhecidas. Passei por minhas casas antigas. A da Antonio Sais, primeira que morei em S.Jose, hoje eh uma Imobiliária. A casa é essa que esta o carro estacionado na frente. Na esquina era a Padaria do Sr. Rasquinha.
Na Estrada Velha Rio-Sao Paulo (hoje Heitor Villa Lobos), a casa que meu pai comprou virou também comercio...
Essa casa era tao bonita, meu pai havia "bordado" um jardim nela, com um coqueirinho no meio, tinha tanta vida!
A casa da Santo Agostinho (numero 93) perto do Tenis Clube, virou um prédio...
Fui para São Paulo um dia, peguei o metro relembrando meus velhos tempos de Sampa. Amo Sampa! Moraria lá num piscar de olhos!
Adoro andar na Rodoviaria, olhando aquele vem e vai de pessoas... sinto-me tao "eu".
Alguma coisa aconteceu no meu coração esta vez que fui para o Brasil.
Estava a descer o calçadão, no meio das Lojas, e de repente ouvi uma musica do
Roberto Carlos ecoar no meio daquela gente que ia e vinha...meu povo. Meu coração se confrangeu. Naquele momento senti um apelo tão verdadeiro de que eu pertenço a essa terra, e não onde estou. Senti uma vontade de chorar...
E saber que no momento não tenho possibilidade alguma de voltar.
Ao descer do avião em Cincinnati, senti novamente esse mundo frio me envolver.
Americanos que iam e vinham, e eu no meio deles, uma "americana" somente no papel... porque no coração continuo sentindo todas as batidas brasileiras.
Tao dificil perceber que nao pertenco a esse mundo.
Uma estranha sensação de estar entrando no mundo do Star Trek...
Um mundo que preciso controlar minhas emoções. Um mundo que jamais poderei falar o que penso, e mostrar o meu verdadeiro interior.
Essa foi a primeira vez que senti isso. Talvez a idade tenha a ver muito tambem com tudo que senti.
Mary Fioratti
20 comentários:
Oh Mary,
Como voce descreveu em sua viagem o que sempre senti mas nunca consegui extravazar! So mesmo sua alma poeta conseguiria descrever nos, os expatriados. Como nos sentimos aqui e quando voltamos ao "nosso solo e mae gentil, patria amada Brasil".
Chorei por dentro de meu peito e doeu tanto!
Falou tao bem de como nos sentimos tolhidas em expressar nossos sentimentos e acoes, como por exemplo abracar de coracao a todo mundo. De nao precisar nos explicar e se desculpar de tudo.
De como as amizades ficaram inculcadas em nosso ser. Sem justificacao da ausencia. So chegar e se unir. Falou do nosso povo que sempre recebe de bracos abertos aqualquer hora e sem qualquer motivo.
Mary, obrigada por me levar em sua viagem.
Beijos, carinhos e tantas saudades.
Evie
Olá, Maria Inês!
A isto chamamos "matar as saudades"! Mas era suposto que morressem e que não ressuscitassem...
Mas só aos vivos é dada a possibilidade desta ressurreição... mesmo em tempo de Natal.
Mas que belo o presente do Menino Jesus!
O que vale é que só neste "momento" estás impedida de voltar.
Um dia...
Beijo.
Olá cunhadinha,
Que belo relato,impossível não fazer esta viagem com você.Bonito ver, que as amizades plantadas com amor,continuam apesar do tempo e da distancia.
São as raízes culturais falando mais ao seu coração neste momento.São tantas emoções!!,com diria o nosso amigo..Roberto Carlos...
Bom saber que você ,nestes tantos anos vividos por aí,não se "americanizou".
Beijão
Te
Um regresso em grande cheio de coisas que deixaram saudades, pessoas que te marcaram e continuam a fazer parte dos teus dias mesmo à distância... lugares, cheiros, momentos... a tua origem, o teu mundo, a tua gente... a tua vida outra vez visitada... vivida...
- as palavras e as imagens também me fizeram ir contigo querida amiga! é sempre bom este reencontro com aquilo que fomos, com o passado sempre presente, sempre tão actual na memória e na alma...
um imenso beijão - feliz com o teu regresso
:-)
pra proxima tambem quero ir...
:-)
lol
è a primeira vez que venho ao teu blog e, logo tive a felicidae de encontrar um texto e imagens da vinda à tua terra.
Como é bom voltar às nossas origens e às nossas gentes. Como ficamos e fazemos os outros satisfeitos e felizes.
Voltarei...
Beijinhos
Minha nossa! Me arrepiei até a alma! Não há sensação melhor que essa, Mary! De volta às raízes, pisar no chão que nascemos. A hora da partida dói...Ficam os bons momentos e levamos a saudade no peito.
Foi meu niver sim e o video que toca ao fundo é a minha voz. Obrigada por teres estado comigo nesse momento tão importante pra mim.
Seja bem vinda sempre! Ao meu blog e ao nosso pais.
Um beijo, querida
Ai, Mary!!! Brasileiríssimo... Todo verde e amarelo o teu coração!!! Pude sentir, Amiga... Os teus passos um a um e o meu coração está aqui que é só emoção!!! A volta ao lar, ao chão onde plantamos nossas raízes e sonhos e que lugar algum é capaz de substituir!!! Há de acontecer a volta que vi, ansiada, em tuas palavras!!! Que assim seja para a tua e a nossa felicidade!!! Beijo, minha Amada Amiga... Nesse teu coração que é todo carinho para com todos!!! Iza
MInês, embora eu ame demais essa minha terra e sempre valorize tudo de bom que temos por aqui (apesar dos pesares) é muito lindo ler e confirmar esse meu amor através de suas re-descobertas. Cada vez que leio seus escritos penso:"Poxa, o mundo perdeu uma grande repórter"!
Você tem esse dom de combinar as imagens a seus escritos com uma precisão incrível, aliando tudo ao sentimento e à poesia. E todo conjunto fica delicioso. Como esses pratos que vc mostrou nas fotos. Aliás,vc é uma excelente cozinheira tbem....E na verdade, é melhor mesmo que vc não tenha sido repórter, pque assim não precisa obedecer ninguém, a não ser seus próprios sentimentos.
Beijos!
Mana
.querida____________Mary
FESTAS FELIZES:)_______MUITA
.PAZ_____para o mundo
.SAÚDE______para todos nós
.MUITO AMOR_____no coração de cada "homem"
.UM GRANDE SORRISO_____no rosto de cada criança
.UM OLHAR PARA CADA IDOSO____e ver uma fonte de sabedoria_______...
._________e que se diga_____
"FESTAS FELIZES" TODOS OS DIAS:))
beijO______ternO
com amizade
Oiii Tia..fiquei super emocionada com tanto amor que você tem por essa terra!
Lendo estas linhas, parecia-me que caminhava com você o tempo todo, pois meu coração sentiu tamanha emoção que não saberia explicar, talvez por me ver em seu lugar.
Pra mim isso é tudo, sei resumir assim, desse jeito..mas você, transmite da mais bela forma o que significa FAMÍLIA! LEMBRANÇAS estas que estarão nos guiando, não importa aonde esteja.
Beijos!
Thatá
Nem o melhor reporter da Globo, para falar no teu bonito Brasil, faria esta reportagem sobre a saudade única da terra natal...
Parabèns.
Beijo grande.
Mary querida, arrepiante a sensibilidade com que descreveu sua visita ao Brasil e o reencontro com sensações e pessoas tão querias. Estou aqui emocionada e encantada ao mesmo tempo. Senti cada palavra, cada sentimento que colocou aqui.
Adorei!!!!!
bjs, carinho e saudades.
Marilea
Querida amiga,
Que supresa maravilhosa, deve ter sido fantátisco para você.
Sei que vou adorar este post, mais tarde passo aqui para ler melhor e comentar tudo que tem direito.
bjs
Deve ter sido maravilhoso voltar às raízes, rever os amigos, a cidade, tudo aquilo que faz de um país a nossa terra, a nossa casa.
Imagens lindas repletas de carinho e amor...
beijos
MINHA QUERIDA AMIGA AMERICANA SÓ NO PAPEL. AINDA BEM !!!PQ SER BRASILEIRA É TUDO DE BOM, É MARA !!!
IMAGINO COMO DEVE TER SIDO DELICIOSA ESSA TUA PASSAGEM PELA TERRINHA NATAL. MATAR AS SAUDADES DE TUDO E DE TODOS.
UM GRANDE BJ PRÁ TI
Oi Mary! É sempre voltar pra casa! Sou bem enraizado, sabe? Posso estar no melhor lugar desse planeta, sinto imensa saudade da minha casa, do cheiro do meu quarto, enfim... Adoro! Bjo grande!
Mary querida.....
Li e reli...curti as fotos, e mais que tudo, mergulhei com vocë em todas estas emoções!!!
Sou apaixonadíssima pelo nosso país...um lugar inigualável, com problemas, mas repleto de possibilidades, incomparável!!!
Como sempre minha amiga que amo, teu sentir, tuas emoções, contagia, enternece....e dá o tom maravilhoso da felicidade!!!
Mil beijos com imenso amor, neste teu coração 100% brasileiro!!!
Bea
Mary... Voltei para, uma vez mais, sentir esse teu coração brasileiro batendo todas as cores desse nosso país maravilhoso!!! Ficou em mim essa tua saudade e, vez em quando me pego pensando nela!!! F E L I Z * N A T A L . . . AMADA AMIGA!!! Iza
Mary querida!
Saudade de você!
Adoro esse teu jeito franco e puro de ser aliás, não consigo imaginar vc de outro jeito, quando me deparo com teu sorriso lindo e teu olhar tão meigo.Posso imaginar a saudade que vc sente do Brasil e de tudo e de todos por aqui, é muito dificil viver com os pés em um lugar e o coração em outro mas, a vida minha amiga, nem sempre é como a gente quer, nada é perfeito e acho que nem teria graça se fosse.Tudo na vida é aprendizado e vc tem uma bagagem e tanto.Um grande beijo para vc cheio de saudade, pedindo a Deus que Te abençoe abundantemente junto a tua família.Simone
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