07 novembro 2009



QUANDO O AMOR VOLTA




Não existe um amor maior, mais desvairado, sujeito a "chuvas e tempestades", do que o amor de uma mãe.
Este amor é forte suficiente para levantar uma montanha com as mãos.
E o mais significante é ver o crescimento deles e que o aprendizado surge com o tempo.
Muitas vezes temos a sensação de que os filhos nunca vão aprender. Principalmente na fase da adolescência (a pior!) chegamos a pensar: "O que fiz de errado?"
No entanto com o tempo percebemos que nada fizemos de errado, apenas o adolescente tem a sua sede de vida, e nessa fase, (sem querer generalizar é claro), eles tem mais erros do que acertos.
Percebemos que todas as palavras que dizemos e que parecem muitas vezes ecos mudos, de repente florescem mostrando o crescimento e folhas verdes de esperança
Fui visitar hoje minha filha na Faculdade.
Ela se formou em 2007 no Colegial (High School) e partiu para a Faculdade. Eu sempre a tive "entre minhas mãos", fui protetora demais, e por medo dela fazer algo errado, eu não a deixava respirar.
Onde ela ia, eu estava. Ia pegar, levar, buscar. O telefone então..o tempo todo torpedinhos, ligações, ela me relatava "cada passo que dava". E pelo menos eu "pensava" que tinha controle.
Quando se formou, quis morar em uma outra cidade, o que achamos bom, pois ela cresceria mais, e aprenderia a ser independente.
Depois tem o fato de sermos sozinhos aqui, e nao termos familia. Pensamos que seria bom seu "growing up" longe de nós.
No primeiro semestre da Faculdade foi um desastre! Esse anjo criou asas poderosas, voou muito alto, e quis se divertir ao máximo. Resultado: bomba!
Veio para casa no fim do ano, no Natal, quando soubemos que ela havia tido uma Suspensão Academica.
Aquele Natal foi um desastre. Ficamos meu marido e eu aborrecidíssimos com isso.
A Faculdade pediu a ela uma carta escrita a mão, dizendo: "o que aconteceu que ela tirou essas notas, o que faria para melhorar, quais as metas que ela tinha na Faculdade....etc..."
Ela ficou uma noite toda escrevendo essa tal carta. Mandou para a Faculdade. Estava arrasada. E a chamaram para uma reunião.
Lá fui eu leva-la. Depois de muitas reuniões com diversos counselors, ela foi aceita com condições, ou seja, tinha uma certa nota que precisaria tirar, não poderia faltar a uma só aula, e algumas outras restrições que agora não me lembro.
E demos a ela a oportunidade de voltar (o nosso dinheiro do primeiro semestre foi para o lixo). Mas assim mesmo achamos que seria uma oportunidade para ver se ela desta vez iria para frente.
E foi! Tirou notas otimas, e se conscientizou que estava errada. Aquilo calou fundo nela ( e em nós também).
Mas ainda não havia acontecido a "mudança total". Ela ainda persistia em algumas coisas erradas, e ficávamos aqui, rezando e pedindo a Deus que ela entendesse que precisava mudar em muitas coisas.
Como é dificil assistir um filho, sabendo que ele precisa quebrar a cabeca para entender. Mas nao fomos assim?
E então esse tempo todo, rezamos, rezamos e rezamos! Pedimos muito a Deus que a iluminasse, que a fizesse perceber seus erros.
Além de tudo isso, ela nos tratava com indiferença total, como se fossemos apenas "os vizinhos", aliás, acho que nem na categoria de vizinhos estávamos! Era bem pior. Ela simplesmente nos ignorava.
Com o tempo isso foi mudando, se moldando... Primeiro ela não queria vir para casa nem nos feriados. Muitas vezes íamos buscá-la e ela vinha contrariada, chateada.
Com o tempo isso também mudou. De repente um feriado ela veio saudosa do seu quarto, de seu travesseiro, de suas antigas amigas.
Seu relacionamento com a gente havia melhorado. Mas ainda não estava como deveria ser.
Quando ela vinha, lá estava eu na cozinha preparando tudo aquilo que ela gostava de comer. Dávamos a ela carinho, amor, sempre tentando falar palavras positivas. Muitas vezes meu marido e eu longe dela, conversávamos sobre o assunto, trocávamos ideias, fazíamos planos, e pedíamos para Deus muita, mas muita paciência!
Hoje vemos que colhemos os frutos da nossa espera. E Deus nos escutou e muito!
No verão deste ano, ela veio ficar com a gente três meses. Pensamos que seriam os piores meses da nossa vida! Mas foram meses que nos mostraram uma realidade muito diferente.
Ela arrumou um emprego, trabalhou o verão inteiro, saiu com os amigos, amigas. Pedimos a ela que não voltasse tão tarde, e ela durante todo esse tempo, teve um tremendo respeito pelos horários. E por nós.
Ficando em casa esse tempo, se aproximou mais da gente, relembrou as histórias antigas, almoçou, jantou na mesa, sempre brincando, e lembrando de fatos que a marcaram.
Quando ela voltou para a Faculdade, sentimos muita saudade dela! (coisa que não sentíamos, sinceramente, há muito tempo!).
Depois disso, fomos visita-la esse ano algumas vezes, e cada vez que íamos voltávamos surpresos pelo progresso dela, pela mudança, pelo respeito com a gente, pelas conversas espontâneas e divertidas. Ela sempre foi uma menina muito alegre.
Hoje fomos visita-la novamente. E ela cada vez nos surpreende com uma coisa. O seu quarto que sempre foi aqui em casa "intransitável", tornou-se na Faculdade um quarto com tudo organizado, roupas, sapatos, tudo no lugar, dobradinho, direitinho. Do jeitinho que eu faco. Engracado ver isso. Dobrou tudo quadradinho nas gavetas, do jeito que sempre fiz.
Está tirando boas notas. Trabalhando muito. Foi indicada para a função de "Assistente de Gerente" onde trabalha, mas não conseguiu o lugar. Mas somente ter sido indicada para a função, já foi uma grande coisa.
Ela sempre foi extremamente responsável em seu trabalho. Não falta, se interessa pelo que faz, sempre tem aumento de salário, e agora sabe administrar seu dinheiro, comprando suas coisas, e tem ate um "cartão de credito" com um pequeno limite, que ela paga direitinho.
Voltamos hoje felizes. Felizes e realizados e pensando que nessa vida temos que ter paciência Muitas vezes não é sempre que tudo chega na nossa mão, e principalmente no momento que queremos.
Mas no momento certo! Como é dificil muitas vezes esperar por esse momento.
Esta foto tiramos hoje no quarto dela. Nos duas adoramos fotografias. Então posamos para muitas fotos, rindo, fazendo piadas, e passamos momentos muito significativos com ela.
O Roque aproveitou para correr suas milhas como de costume e nos deixou sozinhas para que conversássemos. E conversamos muito. Com muito amor uma pela outra.
E a maior alegria é ver um filho assimilar aquilo que ensinamos. Esse é o maior presente!
Muitos me diziam: "isso acaba, isso é uma fase"... mas sabe quando a gente pensa que a fase nunca vai terminar?

Encerro com uma frase que acho muito engracada (e muito verdadeira) sobre a adolescencia:

"A adolescência é o período da vida em que os jovens se recusam a acreditar que um dia virão a ser tão estúpidos como os pais"

Alex Gabriel Madrigal

Procurem ter paciência com seus filhos adolescentes. Um dia eles voltam e de uma forma que vocês nunca acreditaram ser possível!
Eu não acreditava, mas agora, eu garanto! E todo amor volta com uma grande intensidade.

E eu assino em baixo!

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27 comentários:

Patricia disse...

Depois de tantas desavenças, de tantos problemas (típicos de adolescentes) é bom que as coisas tenham mudado e que ela se tenha tornado uma melhor mulher pela educação que vocês, enquanto pais, deram.

beijos

ah... e estão lindas na foto!

Anônimo disse...

Mary,
facilito-a pela educação que deu à sua filha :)
Adolescente é mesmo assim e se pais não insistem eles vão pensar que não querem saber deles para nada. É um teste à capacidade de amar que os filhos fazem aos pais...eles querem ver até onde podem ir e perceberem a que ponto o amor de pais está lá :)
Fazem-no inconscientemente, mas é assim mesmo!
Pais abandónicos, neutros ou permissivos, costuma dar mau resultado... no seu caso, foi de mãe atenta e persistente! Bom resultado :)

Beijinho para as duas (e pai também) :)

Anônimo disse...

O amor quando é verdadeiro é assim :)
Lindo esses sorrisos!

Beijinhos para todos, para ti, para o Roque e para a Patti.

Tudo de bom para vocês!

Clésio Boeira disse...

Você sabe o que faz, Mary.
Sempre será entendida e admirada, mais cedo ou mais tarde.

Abração

Andresa Ap. Varize de Araujo disse...

As fazes da vida. Depois que se cresce e amadure todos passamos a ver a vida de uma outra maneira. E com mais responsabilidade e amadurecimento os conflitos vão embora e convivência se torna prazer.

Bjs
Andresa

Esteban Muniz disse...

OLá,

Sempre aqui visitando teu blog, lendo tuas belas poesias e crônicas de uma vida repleta de pequenas /grandes coisas.

Parabéns a você e a sua filha. Não há relação mais cúmplice que essa.

besitos.

Esteban Muniz.

Alyx Faderland disse...

Me encantan los colores de ese otoño en Cincinatti, esos arces amarillos y rojos y porque no un jarabe de estos!!
Magnifica la frase de la adolescencia, todo un retrato.
Althena, por esta semana vocera de "La Costilla Incomoda".
Borigado por sues bellas letras.

Manuela Freitas disse...

Uma «história» com fim feliz, mas nem todas têm esse fim feliz!...Com dois filhos, que já passaram a adolescência também tive variados problemas, felizmente essa fase já passou e eles reencontraram-se com eles mesmo e com a família!...
Bj.
Manuela

Sonia Pallone disse...

A minha filha tb voltou pra mim Mary...Depois de turbulências, ventos e temporais, ela voltou ...Hoje nossa caminhada juntas é só alegria, felicidade e muitos "eu te amo"... Bjs querida, obrigada pela identificação do momento.

Rosemildo Sales Furtado disse...

Olá amiga! Depois de ler os comentários com tão belas palavras, só me resta parabenizar a ti pela mãe que foste e continuas sendo, e a ela pela forma que, embora relutando, aceitou e, o que é melhor, enxergou a realidade.

Beijos,

Furtado.

Wilma disse...

Mary, gostei de ler o post e vejo que adolescente é tudo igual, pri ncipalmente esses que foram mais cercados de atenção, de zelo, acompanhamento, quando podem se rebelam de vez, mas cedo ou tarde eles reconhecem o nosso bem-querer. Todavia, nós, mães também fantasiamos muito, e esperamos que seja tudo lindo; eu tive logo um choque no início ao deixar a minha filha na primeira escolinha, a professora disse que era uma adaptação de poucas horas e quando fui buscá-la, na hora certinha, fiquei passada, a Jamile não queria vir para casa...hahaha!!! Na hora fiquei preocupada, como assim?? mas depois compreendi que ela estava cheia de mim, queria novidades, nada mais justo, né?? mãe de filha única é isso!! rsrsrs

Guida Linhares disse...

Mary que amor mais lindo, de mãe e filha...tb fui agraciada e ela vai me dar o segundo neto, o Guilherme que chega em janeiro. Abençoadas sejam estas filhas tão queridas. Voces estão lindas! Abreijos, guida

wcastanheira disse...

Belo texto, ótima oportunidade para repensar algumas teses, é mto bom andar por aqui, adoro ler sua página, mto boa, foi uma delicia passear aqui, gostei, bjos, bjos, bjoss

Heduardo Kiesse disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Beatriz Prestes disse...

Mary querida........

Teu texto veio de encontro a tantos sentimentos meus!
Muitos momentos descritos, me fizeram ficar com lágrimas nos olhos.
Como é maravilhoso se entregar assim à quem amamos...e seguramente não há amor mais amor neste mundo do que um filho.
Me enxerguei em vários momentos do teu relato, e fico lembrando quando conversávamos há anos e vc me descrevia o início da adolescência da Pati. rs Eu ficava imaginando o que me esperava......se aquele meu ainda bebezão cresceria assim tão rápido. E cresceu. rsrsr E não para de crescer a criatura. rsr
Ele está desabrochando, entrando tão sem medo na vida...e eu na retaguarda, amando absolutamente! Mais que tudo!!
Ser mãe é bem assim né minha amiga!
Poxa Mary........como AMO ler você!
Como AMO você!
Beijo com imenso carinho
Desta tua irmâ
Bea

Anônimo disse...

Minês, seu escrito é maravilhoso...É muito bonito ver todo esse trajeto..e principalmente concluir que o amor nunca se perde. Educação é um longooooo processo, em que a gente vai plantando as sementes, mas os frutos (e flores) só vemos mais tarde...Vocês todos merecem essa felicidade e muito mais, pelo tanto que lutaram por ela, diáriamente. Fico muito feliz por vocês, também!
Um beijão, mana.
MLúcia

Unknown disse...

Adorei teu blog , parabéns ! voltarei , estou levando o link , um beijo , Sandra

Unknown disse...

Mary Vilhosa!!!
Vim te fazer uma visita hoje.
Que linda surpresa encontrei! Teu depoimento sobre a vida, sua filha, problemas com adolescentes me deixaram emocionada. Como você consegue tocar do coração da gente.
Te senti em cada letra, em cada palavra.
Me senti também, em cada frase e a cada fase.
É assim mesmo amiga!
Filhos adolescentes...
Um diferente do outro, posso te garantir.
Não tive filha, somente dois filhos que já passaram essa fase. Mas posso te garantir também amiga, o amor e a paciência é realmente retribuído, das formas mais diversas, mas sempre muito recompensadoras.
Eu te admiro demais amiga.
Beijos no teu coração brasileiro, cheio de amor para compartilhar conosco.
E obrigada por isso.
Marilene Mees Pretti

Heduardo Kiesse disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ONG ALERTA disse...

Os filhos são nosso melhor presente, não podemos fazer deles o que nós idealizamos precisamos deixar eles serem como querem, ame, abrace, beije seu filhos sempre o mais difícil na vida de uma mãe é nunca mais poder fazer tudo isso, então deixe ele voar e ser alguém, paz.

Paulo César Salltorelli disse...

Parabens pelo belo trabalho. Fiquei muito feliz em achar este cantinho. quando puder, será uma honra poder receber em meu blog http://paulocesarsalltorelli.blogspot.com

Mary disse...

Caramba! Lembrei q era como sua filha, acho q às vezes ateh pior. Hj consego me por no seu lugar e ao mesmo tempo entendo sua filha. Naum dou mais trabalho a minha mãe, eu acho rsrsrs! Bjuss, Mary.

Miguel Eduardo Gonçalves disse...

Até eu, imagina, vim te sentir!
Mais do que disseram...

bjs
MIGUEL-

Heduardo Kiesse disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
VASCODAGAMA disse...

MUITAS PALAVRAS CABEM NO COMENTÁRIO...MAS APENAS DIGO... PARABÉNS AS DUAS...(MÃE E FILHA)
BEIJO

mixtu disse...

o amor é assim

e muita paciencia...

abrazo serrano, hoje com poesia

Anônimo disse...

Adolescentes sempre dão trabalho, uns mais, outros menos. Minha filha mais velha quase me deixou louca, a mais nova não. Porém ambas se tornaram pessoas responsáveis, amistosas e cooperantes. Um pouco demais, porque agora são elas que me sufocam com seus cuidados, porque
estou também em mudança de fase - de velha pra velhinha. Beijos, querida Mary, da sempre amiga,
Ana Suzuki