28 junho 2007



APEGO AS COISAS MATERIAIS




Em toda minha vida, nunca fui apegada a coisas materiais.
Sempre gostei mais de "gente" do que de objetos.
Nao sou apegada a nada, a nao ser minhas lembrancas que guardo: fotos, cartas, presentinhos que me foram dados.
Lembro de cada um com uma perfeicao incrivel. Posso sentir ate o aroma do momento.

Sempre em nossa adolescencia, vivemos de casa em casa... Moramos em Ubatuba, depois em S.Jose dos Campos, e nesses lugares mudamos de casa muitas vezes.

A casa da rua Antonio Sais, foi nossa primeira casa alugada em S.Jose. La eu conheci amigos como a Beth, Ana Lucia, Yara. Eramos inseparaveis.
Mas logo meu pai, como um cigano, montou uma loja de Cosmeticos (que fechamos depois de um ano) e mudamos da Antonio Sais para a rua Santo Agostinho, no Esplanada.

Fiquei mais perto do Tenis Clube, onde iamos a Bailes, mas aquela rua era muito vazia de amigos.

Em seguida mudamos para a Estrada Velha Rio-Sao Paulo, quando meu pai comprou uma casa pelo BNH.
Aquela casa foi de certa forma especial, tudo planejado, tracado a dedo, nossos guarda-roupas embutidos, o jardinzinho que meu pai fez, tao amorosamente, plantando um coqueirinho no centro, circundado das roseiras de minha mae.
Naquela casa, acho que foi a primeira que tive um sentido de familia maior. Nao sei porque, talvez pelo aconchego, pelo planejamento dela. Pelos momentos felizes que la tivemos em Natais.

Hoje estamos morando em uma casa em Blue Ash, em Cincinnati. Quando a escolhemos, foi pensando na Patricia, que era pequenininha. Isso pelo lago em frente de casa, e muitas vezes estava ela a alimentar os patinhos.
Uma nova fase comeca, a mudanca dela para a Faculdade, e tambem o nosso plano de vender essa casa, e ir para um lugar menor...
Embora eu goste muito dessa casa, nao sinto em me desligar de nada material. Engracado, nao e mesmo?
Se me dissessem assim: "Voce nao vai poder levar suas fotografias, suas lembrancas" ah! entao eu sei que sentiria muito.

Mas lugares, sao substituidos por novos lugares. Mesmo se meu marido quisesse mudar de cidade, eu iria num piscar de olhos.
Nao sou apegada a casas, nao gosto de joias (tenho um anel que o Roque me deu quando casamos, e minha alianca).
Amo as coisas simples. Essas pequenas lembrancas que estao no coracao da gente, e nao em lugares.
Coisas que podemos transportar. Caixinhas, cartoes, pequenos objetos que me foram dados.
Tenho uma pasta com todas as cartas de minha mae, meu pai e minha irma, quando vim para ca.
Em outra, estao todas as cartas e cartoes de meus amigos.
Nao consigo jogar nada fora. Atrevo-me a uma "limpeza", e essa limpeza se torna em "momento da saudade".
Sento no chao, espalho tudo, com a latinha de lixo ao lado, e tudo volta para as pastas (risos).

No entanto, apego-me em pessoas. Tenho um grupo do Brasil que escrevo sempre, mandando fotos, contando o cotidiano, nossas aventuras, mando sempre em copia oculta, mas quando clico no grupo, olho cada nome e lembro dele. Da emocao que cada um me trouxe na vida.

Olho essa casa, e sei que vou sentir falta da visao desse lago que adoro. Da comodidade dela.




Mas ao mesmo tempo, eu sou uma pessoa que gosta de novidades. Acho que deve ser caracteristica da Geminiana (risos).

E pensando nessa casa da Estrada Velha que citei ai em cima, eu fiz uma poesia uma vez, e vou republica-la.





SAUDADE DE MIM



Abri um velho album de fotografias
Procurando por mim
Queria encontrar meus olhos
De antigamente
Aquele meu sorriso
Despreocupado
Queria encontrar aquela essencia
Que com o tempo eu perdi

Meus cabelos longos ao vento
Meu jeito infantil. de moleca
Minha pose sensual - patetica!
Aquele ar de "menina" fatal

Procurei por um brilho de extase
Uma deliciosa malicia delirante
Aquele ar de quem faz "pouco da vida"
Aquele gargalhar inconstante

Saudade daquela menina
Tão inocente.. tão pouco vivida
Que acreditava em sonhos
E que quando dormia
Encontrava em seus sonhos
Uma doce e louca fantasia

Saudade de um tempo
Quando nao existia o fantasma do futuro
Que hoje ataca no meio da noite
Meu quarto escuro

Saudade...saudade de um nada
Que era "tão" tudo
E que ficou perdido no tempo
No som do vento
Num eco mudo

Saudade de uma estrada
Das flores do nosso jardim
Saudade dos meus antigos passos
De demorados abracos
Saudade de mim.

®Mary Fioratti


















MINHA FOTOGRAFIA DAQUELE TEMPO

PS: (Falei proceis, sempre tenho um PS!) A montagem dessa foto (da poesia) foi feita pela minha webmaster (acho que o certo é webmistress...mas nao gosto dessa palavra-risos) EDNA FEITOSA, com muita arte! Ela colocou uma foto antiga minha de Carnaval.

Aqui vai o Site da Edna, cliquem nele, vale a pena conhecer:

  • ARTES PARALELAS


  • E essa poesia eu fiz quando vendo alguns albuns meus, deparei com fotografias antigas.

    6 comentários:

    Zé Carlos disse...

    Oi menina saudade.......

    Como temos saudades de tantas coisas lindas ou nem tanto, mas que marcaram nossas vidas....... Quem não tem saudades não tem memória nem herança para deixar aos filhos !!!! (eu pelo menos penso assim...)

    Mary querida, quando estava quase para deletar meus Blogs e Fotolog, decidi reavivar o Blog Almas Douradas e apresento uma amiga que há tempos nos conhecemos mas nunca fiz nenhuma apresentação mais formal.
    Espero sua visita - sei que nem se lembra do endereço mas está aqui: http://almasdouradas.blogspot.com/

    Como boa gaúcha a poeta com certeza terá um vinho daqueles que vc adora...... Beijos criança.... Zé

    Kalinka disse...

    Oi Mary

    Li tudo com imensa aten�o, pois eu sou assim mesmo. Cada vez que �penso� fazer uma arruma�o pois meu marido me diz que s� h� lixo em casa, muitos pap�is eu fa�o como voc�
    Sento em cima de minha cama, espalho tudo, com a latinha de lixo ao lado, e tudo volta para as pastas (risos).
    N�o consigo me separar de documentos pessoais, enviados por amigas/os, familiares.

    Quanto �s pessoas, tamb�m me apego, mas j� n�o tanto como antigamente, ou seja, de h� uns 3 anos para c� fui ficando um pouco diferente, pois as tais pessoas n�o merecem que eu sofra por elas...

    No entanto, guardo todos os coment�rios que me deixam no blog, tudo que � novo na minha Vida e me traz boas recorda�es, n�o posso me despegar.
    Bom fim de semana.
    Abra�os.

    Kalinka disse...

    ...nao sei o k se passa hoje, sempre que escrevo com acentos, fica tudo mal, desculpe nao devia ter colocado os acentos nas palavras...

    Amaral disse...

    Gostei de saber-te como és! Não é fácil encontrar pessoas como tu!
    A alegria que espalhas, esse desapego às coisas materias, os sentimentos que manifestas em todas as tuas atitudes...
    Que dizer daquele "ar de menina fatal"?!...
    Saudades que apenas criaram a Mulher que Mary é hoje!
    Saudade de uma estrada... de um nada!...

    Anônimo disse...

    Linda a poesia, adorei.
    As vezes tbém sinto saudade de alguem que já fui um dia.
    Obrigada pela visita e volte qdo quiser, pois já é bem vinda!

    Anônimo disse...

    Olá....olha que coisa engraçada...estou eu aqui procurando no google poemas que falem de saudade e então apareceu o teu blog com teu poema, que por sinal é muito lindo! Comecei a ler o teu blog e descobri que moras em Cincinnati, onde eu estou...continuei lendo e descobri que moras em Blue Ash, onde por sinal também estou! Concidência ou destino....é impressionante como os brasileiros se encontram! Não tenho blog mas meu e-mail é alineariaswolff@gmail.com....me escreve!! Mto legal teu blog!
    Abraço
    Aline