13 outubro 2007






(Este foi um momento que passei na minha vida, estava no rascunho do meu Blog, e resolvi publicar. Na epoca, pensei que o deletaria. Mas...acho que tambem serve para outras pessoas que passaram por momentos como o meu).

Há momentos na vida que precisamos de solidão. Aquela solidão que conseguimos chegar no fundo de nos mesmos.
Uma solidão dolorida, mas necessária.
Tantos fatos vão se acumulando no nosso dia-a-dia, e como um disco rígido vamos guardando informações e mais informações, sentimentos fortes, doloridos, que vão formando um edifício de sensações dentro de nós.

Quando esse edifício vai se formando, ignoramos essa construção, não prestamos atenção a cada tijolinho que vai sendo colocado, vamos tocando a vida. Acordamos, vamos para o trabalho, voltamos, cumprimos nossas tarefas, tudo de um modo extremamente mecânico.
E enquanto esse "mecanismo" continua, mais tijolinhos vão sendo colocados de acontecimentos diários, que deixamos apenas empilhar.

Ali vai se formando o edifício de nossas emoções. Algumas ficam enterradas entre o os tijolinhos, e são cimentadas. Entre esse cimento ficam aqueles buracos aerados. O edifício vai crescendo, de um modo inseguro, não muito firme. Mas nós não percebemos.
Continuamos a levantar, andar, trabalhar, voltar, como simples bonecos mecânicos. Diria, robôs.

Até que um dia o edifício começa a desmoronar. A dor em que foi cimentado alguns desses tijolinhos não conseguem segurar toda estrutura.
Sentimos então que precisamos parar.

Sentamos numa cadeira imaginária do nosso pensamento, e os tijolinhos começam a cair um por um. A cada um que cai, a dor nos envolve. Dor essa que não existe cura. Molda-se a nossa existência, como se fizesse parte dela.

Dores que nunca poderemos esquecer.

Por mais que a vida continue, essas dores ficarão sempre sentadas num canto de nossa alma. Vez por outra, atacarão como fantasmas numa noite escura.

Mais ou menos assim como nessa poesia:





DORES

®Mary Fioratti

Existem dores
que calam no fundo da alma
parece que de tão fortes
elas adormecem
num sono irreparável
que certamente
nos acordarão mais tarde
no meio da noite
em forma de pesadelo

Existem coisas
que não podemos mudar
pois não dependem de nós
parecem que estão escritas
e quando tentamos apagá-las
elas novamente aparecem
em letras garrafais
mostrando-nos claramente
que não é possivel o esquecimento

Existem fatos
que cortam a alma
nos fazem desacreditar da vida
balançam nossas estruturas
e então nos perguntamos:
- No que errei?
E a resposta é vazia
como um eco mudo
em uma noite fria

Existem rostos, expressões
que jamais esqueceremos
momentos gravados na memória
como filmes antigos
que ficam dando replay
até que o sono chega
e os apaga momentaneamente
mas na manhã seguinte
eles acordam vivos e em cores

Existem momentos em nossa vida
que queremos não ter vivido
e não entendemos deles o porquê
Sao cruéis, machucam
ferem, magoam, marcam
e depois sentimos intensamente
que algo no tempo se perdeu
que nossas esperancas cairam em terra
e nossa alma um pouco morreu



7 comentários:

Menina do Rio disse...

Hoje eu sentia nessa cadeirinha imaginaria enquanto lia aqui e vi alguns muros de desabaram pq fiz isso; acumulei os tijolinhos e cimentei sem notar que não havia alicerce. Ler isto me fez entender tanta coisa!
obrigada por compartilhar


beijos

Amaral disse...

Adorei o edifício das tuas emoções!
As enterradas, as que permaneceram escondidas, enquanto esse edifício toma forma, mas uma forma que a insegurança vai fazer desmoronar, um dia...
Os alicerces não eram os mais fortes e seguros... e a dôr traz o tal sofrimento...
O teu poema tem aquela tristeza lá impregnada, momentos que magoam, que marcam...
Felizmente, que o Agora é diferente e a felicidade surgiu depressa como a luz que chega do sol, sem nuvens pelo caminho...

MEUS POEMAS disse...

Bom dia Mary!
Muito obrigada pela visita e comentário, pois tive a oportunidade de ler esta maravilhosa reflexão sua, finalizando num lindo poema!
Amiga, li umas duas vezes, amei, posso publicar em meu blog, com sua foto?
Bjs e obrigadada!
Gena

Cöllybry disse...

Na silidão a Alma se revela, apesar de muito doer, mas vale a pena...assim fiz há muito e digo que o faria outra vez, o resultado foi muito muito bom...e bom o teu texto de emoções....

Doce beijo

Anônimo disse...

Não foi tu quem fez essas reflexões, Mary, fui eu!

Não foi tu quem escreveu esse poema, amiga, fui eu!

Não são tuas as lágrimas que estão aqui sendo derramadas, meu anjo, são minhas!

Tu te apropriaste de um momento tão intenso, tão sofrido, tão angustiante, vivido por mim, e com ele fizeste essa postagem, pois sabias que eu nunca conseguiria encontrar as palavras, coordenar o sentido, articular as situações, para colocar assim as emoções e os sentimentos vividos por mim num longo período... Obrigada, amiga querida, por tê-lo feito por mim!

Estou deixando uma pequenina lágrima bem escondidinha numa macia e perfumada pétala de rosa vermelha, para que coloques no teu coração como agradecimento por tão sofrido e ao mesmo tempo tão lindo momento aqui (re)vivido.

Te adoro, meu anjo!

Menina do Rio disse...

Hoje me vesti de Menina, vim te
trazer um beijo e te convidar
pra uma festa! Pelos bons tempos!

Um carinho e meu sorriso!

Wilma disse...

Oi Mary vou repetir que sou sua leitora e admiradora. Esse post veio a calhar, pois estou sentada nesta cadeira imaginária matutando como vou derrubar tijolo por tijolo e começar uma nova construção em outro lugar, com outras emoções, tomara mais aconchegante. Obrigada pelo post.