28 fevereiro 2006




O APITO DO TREM




Hoje pela manha ainda deitada
ouvi o apito do trem
ele ecoou tao fundo em minh´alma
como uma faca que corta
como uma saudade que chega
e arrebata a alma
Nao sei porque, mas desde menina
o apito do trem me da angustia
lembra-me despedidas
pessoas acenando paradas
estaticas
como se nao pudessem mudar o destino
escrevendo agora
entendo melhor meus sentimentos
eh como se de repente
nao pudessemos mudar o destino
e ele como um trem, partisse
da janela, passam-se as paisagens
da nossa vida
os dias corridos que se sucedem
se fotografam naqueles verdes
que passam tao rapido
como uma pintura a oleo borrada
as pedras, os rios, as paisagens
parece um quadro de pintor famoso
pela janela vemos casinhas
que se espalham pelos verdes
as vezes uma luzinha acesa
vem nos trazer aquele sinal de vida
nao eh assim a nossa propria existencia?
passamos por ela, e algumas luzes
pequenas e brilhantes
no meio de um grande escuro
nos trazem a esperanca
nos lembram a vida...
Hoje pela manha, virei na cama
abracei meu corpo
procurei um afeto materno
posicao umbilical
e o trem apitava...parecia um choro
um lamento...um grito...
Rezei em silencio pelo meu sentimento
pedi para Deus abencoar meu dia
e o dia de todas as pessoas do Universo
e nao sei por que percebi
algo intimo e sofrido
naquele apito do trem, insistente
lembrei-me de repente
do rosto de meu pai....



®Mary Fioratti




26 fevereiro 2006




METAMORFOSE




O céu de minhas ilusões
Pintado de cor-de-rosa
Coloria os meus dias
E o sol atrás da montanha
De minha alma transparente
Brincava com a minha fantasia
Noites que eram floridas de sonho
Quando as estrelas buscavam
Na paisagem do meu coração
Palavras para bordar folhas e folhas
Quando a poesia corria pelas minhas mãos
Tempo de sonho… quando eu sorria por nada
E era feliz apenas porque era Lei!
De repente…tão de repente…
Foi um instante….profundo e sofrido
Uma metamorfose nua e crua
Pintou as paredes de minha ilusao
De um branco palido e sem brilho
Gravou palavras naquela tarde fria
Quando um pedaço do seu coração
Ficou alinhavado para sempre
na minha fantasia

®Mary Fioratti

24 fevereiro 2006




A MUSICA DO AMOR




Segure minhas maos
juntas, bem juntas
das suas
Coloque-as em seu peito
Mergulhe em meus olhos
e derreta seu desejo
ao meu
Quero voce inteiro
nesse momento
pele com pele
alma com alma
Feche de mansinho seus olhos
Enquanto minhas maos
Fotografam seu rosto
pelo tato
Sinta os movimentos
E escute em silencio
Os gemidos da minha voz
que traduzem ao seu ouvido
A musica do meu amor
E esse arrepio que vejo
Que mexe com seus sentidos
Regendo sua emocao
Eh quem domina essa orquestra
Tocada pela minha alma
Nas cordas do meu coracao...

®Mary Fioratti

23 fevereiro 2006




SUA PAISAGEM




Percebi uma tristeza
em seu olhar
tingindo-se de negro
seu horizonte
Corri com desespero
buscando as tintas coloridas
da minha essencia
pintando um sol brilhante
deitado sobre margaridas
Assim é que quero enfeitar sempre
nos dias de tristeza
a paisagem de sua vida

®Mary Fioratti




PROCURA-SE UM CORACAO




Sinto-me hoje um pouco morta
Aquele tipo de sofrimento
Que sempre nos deixa a sensação
De termos perdido algo de nós
Algo que ficou num lugar qualquer
Com alguém
E que hoje não faz a menor diferença
Com quem

Sinto-me hoje um pouco descrente
Mas não de pessoas
Profundamente descrente de mim mesma
Procurando desesperadamente minha identidade
Que se perdeu
Galgando montanhas
Pisando em pedras
Percebendo esse horrível ser
Que sou eu

Nao olhei para trás…somente segui
Como se estivesse totalmente cega
E então cega, tonta, sem rumo
Perdi a noção dos limites por onde andei
E num poço fundo e negro
Eu me encontrei

Sinto-me hoje um pouco morta
Se toco a minha pele ela está insensível
Se olho meu rosto
Ele perdeu sua expressão
Fiz panfletos e os joguei hoje na rua
Com uma mensagem nua e crua:
“Procura-se um coração”

®Mary Fioratti

22 fevereiro 2006




SEM OPÇÃO (POETRIX)




A realidade chegou de mansinho
e num gesto de extrema agonia
transformou-se em dourada fantasia


®Mary Fioratti

19 fevereiro 2006




SEU GRITO




Aquela manha
quando sua alma chamou por mim
eu estava ali a espreita
naquela janela
voce estava olhando a paisagem
mergulhado em pensamentos
e a sua emocao
transformou-se em um grito
Meus olhos marejaram
naquele momento...
Entrei dentro de seu corpo
e pude ver
seu coracao batendo, confrangido
seu sangue pulsando mais forte
sua angustia
a vontade de sair por aquela estrada
e deixar tudo para tras
Aquela manha
senti seu medo, sua confusao
pediu-me socorro
gritou tao alto seu coracao!
lagrimas desceram pelo meu rosto
e eu o abracei em pensamento
(doce momento)
Seu grito acalmou-se
quando de volta a realidade
deparou-se com sua impotencia
de mudar o hoje...
Quisera eu ter o poder
de tocar com meus dedos
o relogio do tempo
e faze-lo seguir aquela estrada sozinho
naquele apelo urgente de encontrar
o seu caminho
Seu grito, silencioso, guardado
sofrido, encarcerado, proibido,
cheio de dor
Nos fez cumplices
e foi quase... um momento de amor



®Mary Fioratti




DESPERTAR DA TUA AUSÊNCIA




®daufen.bach

Não sabes como é o acordar para tua ausência,
melhor seria não ouvir o sino,
melhor seria no sol a pino,
devanear.

Nesse despertar incerto,
melhor seria por certo,
escrever um soneto
para expressar essa paixão perdida,
melhor seria, se eu soubesse,
sonhar jardins no deserto
e escrever poemas de paixão contida.

Mas desperto para tua ausência,
abro apenas mais uma estrada
que cruzo nas madrugadas
quando tudo é silêncio.

* * *

17 fevereiro 2006




QUADRO DA SAUDADE




Delineia-se a tarde vagarosa
rabiscando seus olhos lentamente
na paisagem dos meus sonhos
Nesse momento tudo que quero
eh sua mao em meu rosto
em um gesto terno de caricia
Ouvir sua voz em meus ouvidos
seu riso...sua calma
Eis-me aqui tao sua
entregue aos meus pensamentos
levando-os a voce num sopro
atraves do vento
Seja hoje o artista
e com as tintas de seu amor
pincela o meu corpo
apaga aos poucos a realidade
misture as tintas...quero olhar seu rosto
enquanto voce desenha em meu corpo
o quadro da sua saudade


®Mary Fioratti

16 fevereiro 2006




ESTÁTICO




Houve um momento
breve instante
que parou o girar do mundo
e tudo ficou estático
percebeu-se a essência
num piscar de olhos
profundidade absoluta
do sentimento
Houve um momento
em que não foi preciso
nenhuma palavra de amor
sussurrada a meia-luz
nem a caricia nos seios
ou o suspirar eterno
dos anseios
escancarou-se apenas a alma
abrindo suas asas
inexplicavelmente
Houve um momento
em que nossos corpos desceram
bem no fundo da realidade
e leves...flutuantes
subiram etéreos no mundo do sonho
e entenderam que era muito mais
do que apenas palavras
Houve um momento
em que percebemos
o amor inteiro, nao-sexual
mas feito de doçuras
em gestos suaves e ternos
onde os olhares
trans-cederam a alma
transbordando ternuras

®Mary Fioratti

13 fevereiro 2006




QUANDO O VIRTUAL TORNA-SE REAL




Em Novembro do ano passado, fui para o Brasil, e aproveitei para ir ate Marilia, visitar minha Segunda-mae, Carmencita (irma de minha mae).
Alias, quase toda a familia da minha mae mora em Marilia. Meus tios, primos, e nao sei se voces sabem, mas foi onde eu nasci.

Aproveitei para visitar meu amigo (ate entao virtual) Ze Carlos. Quem nao conhece o Ze Carlos Manzano no net? Ate a Silvana Duboc! (risos).
Fui ate sua casa com minha tia Carmencita. Que encontro mais gostoso!
Fomos recebidas com um tremendo carinho pelo Ze (que eh um cavalheiro)e a Tida sua esposa.

Que casal mais charmoso! O Ze eh muito alto (precisei quase de escadinha para abracar - risos). A Tida, linda, parece uma boneca de porcelana. Um sorriso tao doce e tao suave. Tao feminina!

E veio tambem da Fazenda, especialmente para me conhecer, a mae do Ze, D. Ivette. Que gracinha que ela e! Que classe, que belezinha... Ficou sentada com aquela carinha inteligente, e "tentou" falar, ne D.Ivette, mas todo mundo falava ao mesmo tempo!Foi um encontro delicioso, onde falamos sem parar.

De repente chega na sala a Carmen (essa da foto) com um bolo de morango delicioso, e seu sorriso contagiou todo mundo! Com que ternura e simpatia ela trouxe esse bolo!

Quis colocar a foto dela aqui, para registrar esse momento, que realmente foi especial!
A Carmen trabalha na casa do Ze, e ja faz parte da familia. Vejam como ela e bonita, e que vibracao especial emite em seu sorriso!

Ze, Tida, D.Ivette, que alegria conhecer voces! E voce tambem Carmen, querida! Um beijo especial!
Obrigada pelo bolinho, e pelo sorriso.

E um beijo para todos, com muito carinho
MARY


11 fevereiro 2006




AUSENCIA




Hoje o dia passa lento
E fico a olha-lo
Como a uma ampulheta
quando a areia desce fina
Percorrendo o gargalo
E se esparramando no fundo do vidro
Cada grao dessa areia que escorrega
Vai um pouco de mim em cada molecula
Como se eu mesma estivesse escorrendo
Totalmente liquida….
Transformando-me em-bebida de Saudade
Os momentos correm lentos
Quando ouco o barulho de seus passos
Mesmo sem ouvi-los
Pressentindo-os…
Onde quer que agora voce esteja
Quero que saiba
Que meu peito esta apertado de saudade
Que meus olhos perdem-se em sua fotografia
Fazendo crateras profundas em minha alma…
Procuro voce insistentemente
Entre os pedacos de sentimentos jogados
Em sua poesia
Juntando as palavras como quebra-cabecas
Fico a perceber a cor de seus olhos
A expressao de seu rosto
E nesse momento nesta ampulheta do tempo
na dor da minha fantasia
sinto cair com a areia
l
e
n
t
a
m
e
n
t
e
a minha poesia


®Mary Fioratti

10 fevereiro 2006




INSANIDADE




Aquele beijo louco
Esmagado
Cheio de desejo
Explodiu naquela noite
Por tras daquela porta
A festa corria solta
Brindes, risadas altas
E voce me apertava
Puxando meu corpo
Contra o seu
Os risos da sala
Encobriam meus suspiros
Entre seus beijos
Alucinados
Suas maos percorriam
Meu corpo inteiro
Em uma loucura absoluta
Meu corpo
Metade descoberto
Metade desnudo
Arrepiava-se com o tom rouco
Da sua voz nos meus ouvidos
O gosto de sua boca
Misturado com o sabor do vinho
Formava um cocktail perfeito
Enquanto nossas linguas
Se buscavam
Em um experimento
Totalmente inacabado
Afastamos nossos corpos
Respirando com dificuldade
Quando tonta, completamente tonta...
Voltei a realidade

®Mary Fioratti

08 fevereiro 2006







A DOR DO AMOR




A dor do amor eh como um relâmpago
num céu limpo e azulado
Intenso, possante, dominador
O coração se sente assim...despedaçado
Eh assim...a dor do amor
Por que o amor dói?
se deveria apenas amansar a alma
Por que exulta-se? Incendeia-se?
por que queima? arranca a pele?
A dor do amor
...parece ferida aberta
sangra... fica exposta
e não ha band-aid que a cubra
não ha remédio que a anestesie
arrepia a alma, parece que nunca passa
eh como numa janela de um trem
quando a paisagem passa...passa....
e nunca acaba...
como se o mundo não tivesse um fim
naquelas estradas interminaveis
assim eh a dor do amor
uma loucura em vida
um pano de fundo
um riso descontrolado
um choro descompassado
A dor do amor só passa
quando acorda a alma
que dorme tranquila
E a deixa em alvoroço
Ela quer a presença
o cheiro, o toque, o abraço
quer o beijo enroscando línguas
as pernas entrelaçadas
E depois do amor,
essa mesma dor, o amor abraça
fecha os olhos devagarinho
acalma todos os sentidos
e fica em estado de graça


Mary Fioratti

07 fevereiro 2006



DAUFEN-O POETA DAS MADRUGADAS
O que poderia dizer sobre o meu querido poeta Daufen? Amo suas poesias, porque todas elas representam o cotidiano, o que seus olhos veem. E eu amo esses seus olhos indagativos que sempre procuram a beleza da natureza, ou mesmo a realidade crua. Sua tremenda sensibilidade, sua intensidade de sentimentos, sua pureza de alma e de espirito.
Daufen carrega em sua poesia tudo aquilo que seus olhos veem e seu coracao sente. Entao voces perguntariam: "Nao eh isso que faz um poeta? e eu responderia, com um sorriso nos labios: "Sim, mas nunca do jeito que a alma desse menino faz"... Leiam essa poesia abaixo, simples, plena... "A flor a beira do regato...vê passar a eternidade"... nao nos sentimos um pouco essa flor?
Um beijo querido poeta! Amo Voce!




CORRENTEZAS




®daufen.bach


A flor a beira do regato
vê passar a eternidade,
gota a gota,
sem poder prender-se
a qualquer pingo cristalino.

Pode apenas
sorrir mansinho,
acenar devagarzinho
enquanto, engolido
o pingo some na cachoeira

* * * *

05 fevereiro 2006




MOMENTO DE AMOR 2




Fico a esperar pelo momento
Em que estamos sós
E que você me olha
Como se me desnudasse….
Aquele olhar
Me causa arrepios
Mexe com meu corpo
Abre a cortina
De todas minhas fantasias
Quando vejo seu rosto
Tão perto do meu
Sua boca entreaberta
Seus olhos fechados de paixão
Entro em transe
Meu corpo torna-se
Célula viva de amor
Mas sem pressa….
Fecho meus olhos
Para sentir o momento
Que precede o amor
Sua respiração
Seu hálito quente
Suas mãos que sabem
Definitivamente
Por onde vão
E deixo que você guie
A minha mão pelo seu corpo
Mapa exato do seu prazer
E quando você me beija
Brincando com meus lábios
Daquele jeito tão gostoso
A paixão vai crescendo
Tomando conta de meus sentidos
Invadindo todos os meus cantos
Perco a noção de onde estou
E o deixo invadir-me
por todos os meus espaços
Beijo sua boca repetidamente
E entro naquele espiral estonteante
Dos seus braços...

®Mary Fioratti