16 julho 2007



FOTO TIRADA NO TENIS CLUBE DE SAO JOSE DOS CAMPOS, CARNAVAL DE 1970



Na época dos meus 15 anos nasceu em mim o amor pelo Roberto Carlos. Logicamente não somente eu como milhões de adolescentes.
Lembro-me bem, morávamos na Rua Antônio Sais em São José, e às 5:00 da tarde (se ainda me lembro…) começava a "Jovem Guarda".
Aquela hora era sagrada para mim. E quando o Roberto entrava… o coração disparava.. que rostinho lindo, que expressão…e o jeitinho que ele cantava.
Começou aí meu amor por ele.



Lembro que eu era (que horror!) da época do "Compacto Simples" e "Compacto Duplo"(gente, como isso soa engraçado), ou o Long Play, que eu orgulhosamente tocava no meu aparelho de som que, pasmem!!!! Tinha uma "agulha"…. Gente, a-g-u-l-h-a!!!!
Podem imaginar? Pois é!

Naquele tempo eu e a Joana D'Arc, uma amiga que morava na mesma rua,(e ainda mora na mesma rua e na mesma casa até hoje) nos deliciávamos em trocar fotos do Roberto… era foto na capa do caderno, foto na capa do livro, foto no guarda roupa..que loucura!
Um dia, meu pai chegou em casa e quando abriu a porta do meu quarto eu estava com a minha "vitrola" ligada, tocando o long-play do Roberto, e havia pregado na parede todas as fotos dele, e eu sentada em minha cama, com as pernas trançadas como "índio", com os olhos fechados em transe.
Meu pai me olhou, depois foi para a cozinha e disse para minha mãe: "Sônia, essa menina não está batendo bem!" (risos). Lembro-me disso como se fosse hoje…

Essa época foi também a dos correspondentes (gente, nao tinha Internet!). Então eu coloquei um anúncio na Revista "Capricho", que era mais ou menos assim: "Loira, 17 anos, quer se corresponder com rapazes de todo Brasil para troca de postais e amizade".
Na outra semana recebia aquele pacote enorme de cartas e corria para a casa da Joana. Sentávamos na calçada da casa dela lendo e rindo muito. Havia até pedidos de casamento!
Então…ficávamos escolhendo (sim, eu repartia meus correspondentes com ela! ) e resolvíamos para quem escreveríamos. Tive um correspondente de anos.... Eram cartas lindamente escritas, um cara tão sensível, tão sincero, de Porto Alegre. Quando casei, escrevi para ele dizendo que não poderia escrever mais. Que falta de sensibilidade a minha, não? Ele era um grande amigo e poderíamos estar nos correspondendo até hoje.

Voltando ao Roberto Carlos. Minha vida toda o persegui em shows. E ia em todos com minha amiga Dirce. Comprávamos ingresso não nos importando "quanto" seria..queríamos sentar na primeira fileira e esperar pela rosinha que ele jogava (ganhei duas).
Enquanto o show não começava, ficávamos paquerando (nossa que termo antigo!) com o Maestro do Roberto. Era tão divertido! Depois do show íamos esperar o Roberto na saída… sabíamos que ele teria que sair ! Assim, ficávamos lá fora não nos importávamos com o tempo.

Um dia o Roberto saindo (lindo!) com a Myriam Rios, eu avancei para tirar foto, o segurança me segurou pelo braço. Eu disse: "Moço, eu só quero tirar foto". Ele me falou: "Pois é. Ontem uma também queria e arrancou um chumaço do cabelo dele"! Risos!

Chegamos a ir até no Rio de Janeiro, no Canecão.Este dia foi engraçado. Fomos os quatro: Roque, eu, Dirce e Pazini, nossos amigos. Compramos uma mesa para assistir o show (lembra aquele tempo que a gente "comprava mesa?". Quando o Roberto comecou a cantar, avançamos para vê-lo mais de perto e deixamos os dois na mesa. Aquele show lindo.. e no meio voltamos para ver como eles estavam. E de gozação os dois estavam lendo jornal (somente para nos provocar!).

Nos fins de semana, quando solteira, depois do cinema, tínhamos uma hora para andar na rua XV de Novembro, a rua principal de São José dos Campos. Os meninos do
lado direito e nós do lado esquerdo (meu Deus, escrevendo isso vejo como é antigo!).
Namorado? Tinha que voltar para casa às 22 hs. Um dia eu com meu namorado na porta e a lâmpada da área apagando e acendendo (gente, eu tinha 20 anos ! ) Meu namorado disse: "A luz da sua área está com algum problema". Eu disse para ele: "É meu pai que está com problema, é hora de eu entrar!"

Para terminar, um lance muito engraçado do meu pai. Um dia numa festa eu conheci um americano. Naquele tempo eu era o tipo perfeito do americano (hoje eu entendo porquê); eu era gordinha e com um cabelão até a cintura. Ele me convidou para ir ao cinema. Lá fui eu, levei a Beth comigo. Já começamos a rir na entrada, ele de calça, camisa, gravata, guarda-chuva pendurado na calça e tênis!
Entramos no cinema, sentamos, e a Beth me fala: "Pergunta para ele se tem irmão". E eu: "Do you have a brother?" (possivelmente era a única coisa que eu sabia falar naquele tempo). Aí ele começou: "Yes, blah blah blah" (eu sem entender nada).
Na saída, despedi dele na porta, eu ia embora com meu pai (ele era
Gerente do Cinema).E o americano me pergunta: "Do you want to go to São Paulo tomorrow?" E eu:"Yesssss!"A Beth me cutuca: "Ele está convidando você para ir à São Paulo!" E eu:"NO NO!!" Rimos muito disso! Então meu pai fechou o cinema, entramos no carro e ele perguntou: "Você está namorando esse Americano?"E eu: "Acho que sim pai, não sei". E ele perguntou: "O que ele faz?" Eu disse: "Ele trabalha no Instituto de Pesquisas Espaciais, é Observador de Satélites". Meu pai: "Emprego de Vagabundo!!!". (risos).

Depois sabem como me livrei do Americano? Eu falava e ele não entendia que eu não queria sair mais.Aí… o Chico, irmão da Beth, era bom no Inglês. Pedi para ele escrever que eu não queria mais sair com ele. Lembro que o Chico escreveu um longo texto e no fim colocou: "My heart belongs to another man" (Meu coração pertence a outro homem)..Ele ligou em casa e não tive dúvida: peguei o papel, li tudinho num só fôlego e com a sensibilidade de elefante de uma adolescente, desliguei o telefone!


Mary Fioratti

11 comentários:

Amaral disse...

Quanta recordação boa e inocente!
A ternura que nos enche ao lembrarmos momentos como estes, tão belos e puros!
Momentos que já não voltam, mas que constituem a "bagagem" eterna que nos acompanhará na nossa evolução...
Que beleza ter essas recordações ainda bem presentes na memória...

Anônimo disse...

Mary querida....
Acho que todo mundo, em algum momento desta vida, descobriu o Roberto.
P/ mim ele é simplesmente a síntese do falar de amor!!
Ouço as composições e fico "boba"...fico pensando como pode alguém, falar de amor de forma tão completa....suprindo todos os nossos anseios.
Ontem mesmo estava escutando uma música que ele compôs, chamada "Pelo Avesso"....vc conhece? NOSSA!!!!!!!!!! É simplesmente de emudecer, impossível não ficar até com a alma arrepiada quando se escuta..rs
Como é lindo e confortante relembrar não querida? Tem coisas que ficaram tão distantes, num lugar tão especial de sonhos, que parece nem foi com a gente que aconteceu....rs
Tantas coisas que lembro, me remetem à uma saudade tão gostosa, e um pouco melancólica....uma vontade tão grande de resgatar certos momentos....rs
Como é maravilhoso te ler minha amiga!!! Como me faz bem à alma!!
Te amo amiga do meu coração!
Beijo com amor
Bea

Anônimo disse...

rsrsrs Querida, mais uma coisa...vc não pensava duas vezes na hora de "despachar" os pretendentes heim..rsrsr Estes dois devem alimentar o trauma até hoje!!rsrsr
E olha....que show de pai o teu minha linda!!!rs As tiradas dele, lembram as do meu pai tbém!!rsrsrs
Outro beijo minha querida
Bea

Kalinka disse...

Amiga, trago-te uma m�sica linda da Ivete:
�Quando a chuva passar,
Quando o tempo abrir,
Abra a janela e veja eu sou o sol.
Eu sou c�u e mar,
Sou c�u e fim,
E o meu amor � imensid�o.

S� quero te lembrar...�

Beijitos e boa semana.

Sabe que Roberto Carlos faz anos no mesmo dia que eu - 19 de Abril.

Luiz Carlos Reis disse...

Minha querida Mary,

A jovem guarda marcou época e muitos corações. Hoje somos flagrados por músicas e composições da época na voz de intérpretes maravilhosos. A poesia falava por sí e Roberto Compunha sem igual.
"..Vou cavalgar por toda noite, na tua estrada mais bonita...Estrelas mudam de lugar, chegam mais perto só pra ver, que a beleza dessa hora o amor espera pra nascer..."
A nostalgia é uma magia que paira no ar sempre,eu particularmente sou um eterno enamorado (risos) e você minha linda, sempre nos presenteando com belas histórias.
E Roberto Carlos é sempre cantado e tocado em rodas de violão, jamais deixo de tocá-la quando me encontro nestes happy hour com amigos.(Arranho umas cordinhs de vez em quando pra relaxar)
Grande beijo pra tí, fica em Paz!

Anônimo disse...

Ah Mary!
Ri muito com essa história do americano...
Bom recordar, né querida?
Estava com saudades de te ler!
Beijos...

Alexandre Lucio Fernandes disse...

As recordações tocam aquidentro Mary. Sabe, é sempre bom você relembar momentos assim, felizes, que de certa forma marcaram a nossa vida.

Absorvi cada palavra sua e também ri aqui. Poxa Mary, sinto que tu fica muito feliz lembrando disso. que bom né. Viver é bom por isso.Acima de qualquer presente, o bem mais valioso que podemos guardar da vida é justamente essas recordações, e vivências de uma vida que vivemos.
Um prazer incalculávelminha amiga.

Bonito texto viu.

=]

Te adoro amiga.

Beijos

Anônimo disse...

Isso que é gostar mesmo do Roberto Carlos. Boas recordações só vale a pena quando as temos. Bom restinho de semana.

Anônimo disse...

Olá minha querida Mary
Que maravilha de canção. Me lembrei de um programa que ouço aqui em Marília todas os sábados... se chama "Ao Mestre com Carinho".
Tocam canções como estas do Roberto Carlos e tantas outras maravilhosas. Todas da mesma época.

Bom!! Me desculpe a demora em vir por aqui. Tenho trabalhado muito e não tenho tido tempo para a net, mas não a esqueço.

Obrigada pelo seu carinho e atenção constante.
Quanto a sua poesia. Eu postei no outro flog. O endereço é este:
http://fotolog.terra.com.br/silporto1:457
Foi no dia 25/06/2007 às 00:05.

Beijo enorme e fique com Deus.
Sil

PS: Quanto as suas visitas... não se preocupe. Eu a entendo.

Antonoly Maia disse...

Gostei do seu blog, também sou um saudosista e dou muito valor as coisas boas que ocorreram em minha vida!
Beijos e voltarei mais vezes aqui!

Menina do Rio disse...

Bons tempos!!! mas nunca gostei do Roberto não! E até hoje tenho um aparelho que além de cd, toca também longplays (LP) e eu tenho uma relíquia em casa ainda em LP e não abro mão. Volta e meia qd estou só, boto meus discos na "vitrola" que tem até controle remoto (chique, risos...)Naqueles tempos, anos 70, eu gostava de dançar umas lentinhas ao som de Dave Mclean, Fevers, The Pholhas e outros, mas estava ligada naqueles fesivais de MPB da extinta Tv Tupi.
Eu era chamada de anormal, pq todas as meninas gostavam de da jovem guarda, menos eu.
E olha, o meu pai "ODIAVA" o RC e o chamava de "cabeludo safado". Doideira... Mas que foram bons tempos, isso sim!

beijinhos