Gosto de pegar a caneta e deixar falar o Coração

MENINO DO NOVO MUNDO - Clodoaldo Daufenbach

Hoje ao chegar no meu Blog, tive a feliz surpresa de ver o meu querido amigo Clodoaldo Daufenbach (que eu carinhosamente chamo de Daufen) se localizar no meu mapinha.
Então lembrei que queria muito repartir com vocês, uma poesia do Daufen.
Ele tem um estilo próprio, muito seu de escrever. Observador da natureza, dos sentimentos, da vida em si, temos uma incrível afinidade poética.
Daufen esta perdidinho no Mato Grosso, numa cidade chamada Novo Mundo. Um dia, conversando com ele, quis saber se Novo Mundo ficava perto de São Paulo. Ele com seu delicioso modo de dizer as coisas, falou:“Olha, se você estiver em São Paulo, eh mais fácil voltar para os Estados Unidos, do que vir para o Novo Mundo, MT!"
Daufen tem um incrível senso de humor. Moleque travesso, menino, de aguçada inteligência. E tremenda responsabilidade com a vida.
Deixo aqui para vocês esta noite, uma de suas poesias. Tenho certeza que vocês vão adorar!
Obrigada meu amigo querido, por deixar aqui você marcado no meu mapinha. Eu também amo você, viu?
Mary

SAGRADOS E PROFANOS

hoje sem nenhum compromisso
passearei na tua rua,
convidar-te-ei para caminhar comigo
debaixo de estrelas e, não importa
se os postes estiverem iluminados.

amarrarás o cabelo,
colocarás um tênis qualquer,
uma camiseta surrada...
e de mãos dadas iremos seguir para
todos ao lugares ou, para lugar algum...
seguiremos apenas
trocando palavras bobas,
sorrindo
do lirismo choroso,
sorrindo das tragédias e
dos clowns shakesperianos

numa esquina qualquer,
num bar qualquer
a ouvir uma melodia scherza
conspurcada, repleta de desejo profanos
e de pecados indizíveis,
lembraremos o mar,
o reflexo azul do mar refletido
através do azul reflexo de
uma taça acostumada a borbulhar
champagne

na madrugada, quando a quietude
assumir o seu posto
e os boêmios, os bêbados e as
colombinas despedirem-se dos deuses
que regem a nostalgia,
placidamente, como se o profano
e o sagrado fizessem parte
da mesma irmandade, cúmplices
e definitivos, tomarei seu rosto em
minhas mãos e com as pontas
dos dedos seguirei teus traços,
não dir-te-ei nada, sorrindo a ver-me
refletido nos olhos teus,
beijarei teus lábios como num abraço,
como num afago que não conhece o adeus.

daufen