04 abril 2006




MANHA DO RENASCER




Senti o cheiro do café fresco nesta manhã
E foi como algo dentro de mim renascesse
Levantei meu corpo morno da cama
Espreguicei-me gostosamente
E meus passos estavam certos e seguros
Abri a janela, fitei o lago verde
Tantos patinhos diferentes nadavam nas águas
Daquele lago que há muito eu olhava mas não via
A grama estava de um verde vivo
E os raios do sol pousavam nas árvores
Dando aquele brilho de um “quase” fim de verão
Escutei lá fora os pássaros cantando
Meu olhar deteve-se em um esquilinho
Subindo na árvore em frente da minha janela
Ao longe a sirene de uma ambulância
Trouxe-me aquele arrepio de ansiedade
Um cheiro de vida no ar
Que há muito eu não sentia
Desci as escadas lentamente observando
Os meus vasos de flores
Tocando-as com minhas mãos
Percebendo seus brotos vivos
Um raio de sol cortava o vidro
Pousando no tapete da sala
Tornando as cores com tons dourados
Cores de realidade
Meu canário azul dentro da gaiola
Trinou olhando-se no espelho
E parei por uns instantes a observá-lo
Rindo sozinha da ilusão que ele tem
De brincar com sua própria figura no espelho
Essa simples alusão me fez lembrar
Das minhas próprias ilusões
Por um instante percebi minha felicidade
Uma esperança há muito tempo não sentida
Hoje despertei de um sonho
Sem traumas, sem sofrimento, e sem saudade
Ah! Se eu tivesse antes percebido
(por que fui tão cega?)
Não teria feito das minhas lágrimas
Este colar de pérolas que enfeitou minha alma
Por tanto tempo!
Hoje abandonei minhas falsas fantasias
E mergulhei feliz na doce mesmice
Dos meus dias

®Mary Fioratti

Um comentário:

Anônimo disse...

Ola Mary,
Não é necessario muita coisa para passarmos a ver, no mesmo mundo, um mundo diferente. Eu viajei muito ao ler seu texto, voltei nos anos e me vi num momento que marcou muito minha vida, momento que agora me deu ate vontade de escrever um conto sobre isso..risos.
Um grande abraço!!!