25 dezembro 2005




A VIAGEM MAIS DIFÍCIL




® CARMENCITA

Para mim, a viagem mais importante é a que realizo todos os anos pelo interior de mim mesma, por ocasião do Natal.
Nessa viagem, a única bagagem que levo são minhas ações nos últimos doze meses. É aquela que mais pesa, a mais difícil de carregar, pois somente eu posso arcar com seu peso. Não há nenhum carregador profissional que me possa auxiliar nessa tarefa solitária. Nela, não tenho despesa alguma com passagem de avião, de ônibus ou de carro. Vou sozinha com minha própria consciência que pesa tanto!
Analisá-la com isenção é uma tarefa árdua mas inevitável. Para isso, volto no tempo, procurando lembrar-me do que fiz em janeiro, em fevereiro, em março, e assim por diante, até o dia de hoje, praticamente véspera de Natal. A desagradável sensação que tenho é a de ter cometido muitos erros, tantos desacertos!
Este período que antecede a data máxima da cristandade é propício para uma auto-análise do nosso comportamento durante os meses que precederam este mês natalino. Neste retrospecto necessário, uma espécie de remorso me assalta quando penso em nosso Divino-Mestre - Jesus - o maior psicólogo que a humanidade conheceu, que viveu desprovido de quaisquer bens materiais, mas que nos deixou exemplos edificantes que nos marcaram para sempre, como por exemplo: "Amai-vos uns aos outros tanto quanto eu vos amei". Ah, se pudéssemos conseguir essas maravilhosas palavras ao pé da letra!
Estendendo um pouco o tempo de minha viagem, percebí, entristecida, que não fui solidária o bastante com as pessoas que cruzaram meu caminho; que não fui capaz de desculpar as pessoas que me sobrecarregaram com problemas aparentemente insolúveis; que não conseguí perdoar aqueles que, sem perceber, me ofenderam; que não tolerei aqueles que não concordaram com algumas atitudes que tomei, esquecendo-me de que as pessoas não são iguais, que os gostos muitas vezes são diferentes dos nossos, enfim, que não fui suficientemente cristã, chegando ao último mês do ano cheia de complexos de culpa e de situações mal resolvidas que muito me afligem.
Lamentávelmente, não se pode voltar atrás e passar um corretor em tudo que se fez de errado. Entretanto, creio de podemos reinicar nossa luta cotidiana cheios de boas intenções e de própósito de não repetirmos os mesmos erros do passado. Quanto a mim, a firme intenção de refrear meu temperamento aguerrido, deixando de considerar-me a dona da verdade e partir para uma nova etapa de minha vida,voltando atrás em tantas atitudes radicais que tomei.
Após externar estes firmes propósitos, estou notando um olhar de aprovação do Menino-Jesus, repousando docemente em seu bercinho ao lado da árvore de Natal na sala de estar de minha casa.
A esperança de renovação existe e vale a pena tentar. Assim regressei da minha mais importante viagem, tranquila e em paz!

Marília, Natal de 2005.

Um comentário:

Zé Carlos disse...

Querida Carmencita, minha conterrânea e amiga. Realmente sempre que analisamos nosso percurso pela vida encontraremos pontos falhos pois somos humanos demais e portanto imperfeitos demais, mas só enxergando isto e assim, e tendo a capacidade de reiniciar tudo de uma forma melhor, já estaremos no caminho que Jesus traçou para nós, pois o que é o Natal se não um reinício a cada ano?
Um abraço minha amiga e que consiga percorrer o caminho traçado para vc com a altivez de uma vencedora e a humildade de uma aprendiz.... Um beijo do seu amigo, Zé Carlos