20 janeiro 2006




PINGOS DE CHUVA




Pingos de chuva
que respingam na janela
e que fazem meus olhos
perderem-se distantes...
Em cada gota
um pensamento que se esvai
deslizando no vidro embaçado
dissolvendo-se em um nada...
Uma doce melancolia
que chama em voz alta
pela minha poesia
Reflexão obrigatória
viagem absoluta e dolorida
Pingos de chuva
frios e gélidos
batem na minha janela
dedilham uma musica
que lembra-me a infância
Eu...dentro de casa
fazendo carimbos com batatas
e ainda sinto o cheiro
daquele livro na estante
"40 brinquedos para um dia de Chuva"
Como eu adorava aquelas paginas
cheias de desenhos coloridos!
Pingos de chuva
trazem simultaneamente
meu passado e meu presente
misturando-os em concepção
Um trem ao longe apita
e aquela velha sensação de perda
de alguém que se foi
e consigo visualizar
uma estacão qualquer, um aceno...
um partir...
e vem em mim uma saudade funda
que dói dentro da alma
e que não a sei definir...
Os pingos de chuva
nessa manhã tão quieta e fria
deitam-me suave no colo da realidade
arrancando-me por alguns momentos
da minha tão precisada
fantasia...


®Mary Fioratti

5 comentários:

Anônimo disse...

Querida Mary,
que muitos pingos de chuva de inspiração toquem teu coração todos os dias. Deus continue iluminando tua caminhada.

Beijos em poesia,

Zé Carlos disse...

Hoje está aqui um nostálgico dia de chuva depois do calor escaldante... seu poema veio certinho....
Não deixe de dar notícias Um beijo grande do Zé Carlos

mixtu disse...

recordações...saudades...
beijo do tamanho do oceano

Anônimo disse...

Muito lindo, mana.
Também compartilho dessas recordações tão doces.

Beijos
Maria Lúcia

Anônimo disse...

muito bem alguém que vive lá fora e que escreve na lusa língua.